quarta-feira, 13 de março de 2013


Samba da economia doida
(*) Rinaldo Barros

A conversa de hoje poderia ser incluída na lista das complexidades que caracterizam a sociedade brasileira, sempre mais complicada do que as demais nações do planeta.
            Após algumas leituras sobre a atual situação da economia do patropi, constato que os diagnósticos correntes sobre a “doença” brasileira de inflação crescente e baixo crescimento (pibinho) denunciam corretamente o baixo investimento (do governo e das empresas) e a alta carga tributária, combinados com forte movimento de desindustrialização e reduzida participação nas exportações.
            Desde 2011, vivenciamos um arrefecimento do impulso positivo vindo do exterior: os preços das commodities pararam de crescer e até se reduziram; os investidores estrangeiros retraíram-se em função do risco do cenário internacional (vide crise na zona do Euro) e também das barreiras protecionistas criadas pelo próprio governo do patropi.
            Nesse sentido, o Brasil se vê atualmente destoando de todas as demais nações, com reduzidíssima participação no comércio exterior.
É óbvio ululante que uma maior integração do país no comércio internacional, certamente, induziria uma redução da carga tributária e uma maior taxa de investimento de todas as forças vivas da economia. Uma política de Estado caminharia nessa direção.
Pois bem, segundo o World Fact-Book (citado no jornal Valor), lamentavelmente, o valor de nossas exportações ocupa apenas a 24ª. posição, num ranking de 176 países.
            A União Europeia ocupa o 1º. lugar, a China o segundo lugar e os EUA ocupam o 3º. lugar no comércio de exportações. A Coreia do Sul é o 8º. maior exportador de bens e serviços.
            Pelo cenário atual, é possível afirmar que todos os países bem-sucedidos no processo de transição para o chamado primeiro mundo são grandes exportadores.
Não há caminho para o pleno desenvolvimento econômico que não passe por uma forte integração com o restante da comunidade internacional. Mas, esse não é o caso do patropi, porquanto somos, talvez, a economia mais fechada do mundo, tirante a Coreia do Norte.
            Se o governo federal tivesse um projeto estratégico de Nação (e não um projeto eleitoreiro de poder pelo poder) enxergaria que é imperativo formular uma estratégia clara para que a indústria brasileira participe intensivamente das cadeias produtivas globalizadas.
            Em segundo lugar, o governo deveria estudar seriamente as alternativas para reduzir a carga tributária sobre as empresas brasileiras, de forma a dar-lhes melhores condições de competir com os produtores estrangeiros.
            Por fim, é preciso ter claro que - ao contrário do protecionismo - a perspectiva de poder importar bens de capital e insumos mais baratos e de integrar a indústria verde-amarela às cadeias produtivas internacionais levará a expansão do investimento privado para adaptar (modernizar, inovar) nossas empresas a essa nova e desafiadora realidade econômica mundial.
            Ao invés de uma política estratégica de Estado, o governo federal respondeu com medidas tópicas, eleitoreiras e pífias de: 1) redução (?) da tarifa de energia elétrica e; 2) desoneração fiscal de 09 (nove) produtos da cesta básica.
            Por outro lado, e para concluir, é quase inacreditável como a Petrobras segue acumulando maus resultados sob o comando do PT. Apenas nos dois primeiros meses de 2013, a empresa perdeu R$ 53,9 bilhões em valor de mercado, queda superior à desvalorização ocorrida em todo o ano de 2012. De janeiro a dezembro do ano passado, a companhia sofreu uma baixa de R$ 36,7 bilhões (Este levantamento foi feito pela consultoria Economática).
            Resumo da ópera: o patropi sempre foi conhecido como a terra dos contrastes. Todavia, hoje em dia, o contraste está ainda maior entre uma banda da economia com desemprego muito baixo e rápida ampliação das camadas médias (o que explica a alta popularidade do governo federal) e; outra banda que padece de baixo crescimento e inflação em curva ascendente; o que aponta para um cenário assustador, não desejado, de descontinuidade e crise, no médio prazo.
            Pelo andar da carruagem, com o olhar fixo apenas nas eleições de 2014, estamos perto de compor o Samba da economia doida.
           
                (*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com


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