A INTELIGÊNCIA BRASILEIRA NA LIÇA PELA LÍNGUA PORTUGUESA
Homens de Letras do Brasil estão a dar-nos uma lição na defesa dum valor comum que é o principal alicerce de ambas as culturas e identidades: a Língua Portuguesa abandonada e maltratada no seu país de origem.
Pela mão do distinto Médico e ilustre Escritor leiriense, Dr. Luis Lourenço, acabo de receber um manifesto da Academia Pernambucana de Letras, documento notável em que se invocam as muitas razões para nos empenharmos, em força e com urgência, numa cruzada em prol do Idioma, presentemente sujeito às investidas colonizadoras do inglês e, pior do que essas investidas, às da nossa subserviência e do nosso conformismo que atinge as raias da estupidez.
Eis alguns dos passos do documento, datado de 25 de setembro último na cidade do Recife:
"A Academia Pernambucana de Letras vem externar a sua posição oficial assumida contra a propalada reforma ortográfica pretendida, já expressa em artigo publicado no Diário de Pernambuco, e que tem o endosso da Rede de Integração das Academias de Letras do Nordeste, constituída pelas Academias de Letras do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco, além da Academia Alagoana de Cultura e a Academia de Letras e Artes do Nordeste – Núcleo de Alagoas, que se uniram e adotam uma política cultural comum. Passa a apresentar o inteiro teor de suas razões, esperando que sejam levadas na devida consideração. A comunicação foi enviada à Academia Brasileira de Letras, à Academia de Ciências de Lisboa, à União de Médicos Escritores e Artistas Lusófonos (UMEAL), à Sociedade Portuguesa de Escritores e Artistas Médicos (SOPEAM) e à União Mundial de Escritores Médicos (UMEM).
"Surpreende-nos uma iniciativa que está em curso no sentido de modificar a maneira de escrever a língua portuguesa, alterando-lhe a gramática e abolindo o uso dos acentos. Durante mais de meio milênio o nosso idioma se expandiu e atingiu todos os continentes, conservando, basicamente, a sua estrutura. Houve adequações locais, refletindo as peculiaridades dos vários povos, num enriquecimento salutar. A diversidade dentro da unidade lingüística é que tem feito a fortuna do nosso idioma. Durante meio milênio não degenerou em dialetos e se mantém fiel às raízes latinas e aos clássicos que lhe deram a fisionomia atual. O português se transformou numa língua moderna e rica, com personalidade própria. Ganhou o fórum de terceira língua mais falada do mundo ocidental, logo abaixo do inglês e do espanhol. O português é riquíssimo. Tem mais de quatrocentos mil vocábulos. Possui uma literatura impressionante, apreciada, escrita e corrente nos cinco continentes.
Acontece que na língua inglesa não existe acentuação ortográfica. O português, no entender dos senhores da mídia e da globalização, deve adotar os mesmos parâmetros e abolir os acentos nas palavras. Por trás de tudo está o interesse em atingir o nosso idioma. Achamos que isto é uma conseqüência da linguagem dos computadores, que só falam inglês, e desejam reduzir tudo ao "minimo denominador comum" da sua conveniência. Como ficaria, no caso de ser aceita a esdrúxula e extemporânea inovação, como ficaria a prosódia? Como ficaria a correta pronunciação dos vocábulos, sem a ajuda dos acentos, seus sinalizadores naturais, essenciais à fonação precisa dos vocábulos? Iríamos aprofundar ainda mais o abismo pedagógico do ensino. O idioma francês não sente esta necessidade nem providencia abolir os acentos. Nem o espanhol.
Além do mais há o interesse inconfessado das editoras que terão um lucro astronômico com a publicação de milhões de livros didáticos com a nova ortografia. Precisamos, isto sim, é de banir os estrangeirismos, principalmente nos letreiros das lojas, restaurantes e estabelecimentos de toda a ordem, que nos dão, muita vez a impressão de estarmos numa cidade norte-americana.
Está em moda falar errado e mal. Ignoram-se as mais comezinhas regras gramaticais. Como a concordância, a conjugação dos verbos, as variações pronominais. Não se diz mais, amá-la, esperá-la, recebê-lo, vê-lo. Foram substituídos por, amar ela, esperar ela, receber ele, ver ele. Está em uso o achincalhe, o deboche, a gíria, os termos rebarbativos, os estrangeirismos, que só desvirtuam, deformam e empobrecem a língua. Além do mais se padece de uma clamorosa pobreza vocabular. Não se procura ampliar o conhecimento das palavras. Não se abre mais o dicionário. É ignorância mesmo do vernáculo. Como remédio utiliza-se a gíria. Que tem a peculiaridade de oferecer palavras novas de significado múltiplo e que se adequam a qualquer situação. A língua é, depois do território, o maior patrimônio de um povo. Como é dever inalienável defender a integridade territorial, não é menor obrigação preservar o idioma do país. Que não pode ser atingido e modificado por decreto, como se quer fazer. Porque tem História, acompanhou o desenvolvimento do povo, é a expressão de uma cultura, tem normas e regras que disciplinam sua existência e não podem ser subvertidas ou despersonificadas. É como a matemática, que avança em sua complexidade e chega a cálculos extraordinários para o bem da humanidade. Mas, não rejeita ou abomina as quatro operações fundamentais. A Academia Pernambucana de Letras e mais as Academias de Letras de seis Estados do Nordeste do Brasil se posicionam contra esta reforma ortográfica, ditada mais pela mídia e por interesses comerciais, que subverte a prosódia e dificulta o aprendizado da língua". (Assina o Presidente da Academia, Waldenio Porto)"."Cada vez tenho mais esperança de que seja o Brasil, arrumada a sua casa política e economicamente, a encabeçar o grande movimento em prol da preservação da Língua Portuguesa e a sua plena utilização, em todo o seu fulgor, por diversos povos espalhados pelos cinco continentes, e de elevação da cultura, pensada, falada e escrita em português, ao lugar que lhe compete entre as principais do Mundo" - conclui a nota.
O Dr. Luis Lourenço ainda adianta que está enviando o nosso manifesto à "Agência Lusa" distribuidora para a "Imprensa Nacional" e para alguns programas televisivos.
FONTE:http://www.ube-pe.org.br/portugal.htm
Minha língua...
Tem aroma como as flores de Kolonia
no arbol do outono despedindo verão.
São palavras que aos imos acederão,
a canção trigueira, o diapasão na sintonia...
Rouba a alma no corpo da emoção
na tez arrepiando poros, ao ouvi-la...
Sotaques brasileiros falando alemão
Conjugando verbos, o universo cintila.
Recitando saudades sussurradas na mente
quem a ouve vê e sente o articular da língua
corações palpitam, olhar do ver contente
Alemanha se render, a essência é ambígua!
Perpetuada nos sons nas cores vestidas
em volta do mundo, faz sorri a vida!
Recordar o feijão, acenadas partidas
desbravando outras terras, dialeto viva!
Há! Quão prazeroso propalar, sou brasileira,
de Blumenau! O meu chão hospedou iguais
o idioma coabita! Versejo enquanto faceira,
A flor do lácio o tilintar de seus cristais.
Desnudada sem pudores ao ventar agradece
saxônia flor prosa. Falada minha língua
mesclada outra, sensual ficaste! Odes em prece
traduz o poema, a altivez do poeta sem trégua...
Despindo preconceito passado do continente
refazem as letras, semeando aresta que sente
do latim francês, o alemão abrolha fremente.
A língua lusófona, atenta reação na gente!
“ A Poetisa dos Ventos”
Deth Haak
Cônsul Poeta Del Mundo - RN
Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN
AVSPE
UNEGRO
Poesia Premiada na Alemanha, novembro de 2006
A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso de um famoso poema de Olavo Bilac, poeta brasileiro que viveu no período de 1865 a 1918. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo inculta fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela.
Fotos: Gentilmente cedidas pela autora.
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