CEARÁ MIRIM - SAUDADES DOS ANTUNES

SOBRE CEARÁ - MIRIM, SOBRE O SOLAR ANTUNES, SOBRE JUVENAL ANTUNES E SOBRE SAUDADES DE SAUDADES!

Lúcia Helena Pereira (*)

”Estarei sonhando? Este vale existe? E o verde é uma cor ou um sentimento"? Imagem poética de Ruy Antunes Pereira - escritor nato, falecido em 1995. No mesmo ano, em novembro, sua filha (Denise Pereira Gaspar) juntou seus escritos, reuniu suas cartas (como um buquê de rosas) para um lindo livro: "Mucuripe: O mundo encantado de Ruy Antunes Pereira", filho da primeira escritora regionalista do Rn - Maria Madalena Antunes Pereira - que deixou um romance cheio de poesia e sentimento humano: Oiteiro: Memórias de uma Sinhá Moça (1958 e 2002), ela, filha daquele imponente solar, construído por seu pai (meu bisavô) Coronel José Antunes de Oliveira, no séc.XIX. ”O vale encantado, sob nuvens azuis e o cheiro dos manacás borrifados pelos ventos matinais, parecia a própria manhã da Criação" , "Nasci no Verde Nasce, por isso, verde nasci. Aquilo ali era a minha Pátria Majestosa, Salve, Salve" - Nilo de Oliveira Pereira - sobrinho de Madalena Antunes. Ele deixou - nos mais de 60 títulos, entre eles: Imagens do Ceará - Mirim (1965), Evocações do Ceará - Mirim (1973), A Rosa Verde (1979), entre artigos escritos em sua coluna diária do Jornal do Comércio de Recife / Pe e outros livros, cartas, conferências, etc. Nilo mereceu, por conjunto de obras, o Prêmio Machado de Assis", da Academia Brasileira de Letras (década de 80) e o prêmio da FJA / RN - "Edgar Barbosa". Veríssimo de Melo, Edgar Barbosa, Esmeraldo Siqueira, Sanderson Negreiros, Ticiano Duarte, Enélio Lima Petrovich, Diógenes da Cunha Lima, Lalinha Barros e meu tio Vicente Ignácio Pereira, outros e outros, onde me incluo, amam a cidadezinha cearamirinense, o vale verde, os canaviais, os engenhos Oiteiro, Mucuripe, Verde Nasce, Cumbe, Diamante e tantos outros, onde viveram e passaram aqueles filhos do Ceará - Mirim. Os filhos do coronel José Antunes de Oliveira e sua esposa Joana Soares de Oliveira, com seus filhos: Maria Madalena Antunes Pereira (escritora e poetisa), Etelvina Antunes de Lemos (poetisa), Ezequiel Antunes de Oliveira (médico do exército ) e, finalmente, no dizer do escritor Esmeraldo Siqueira: "o boêmio inolvidável" - Juvenal Antunes de Oliveira, preguiçoso, namorador e o maior poeta parnasiano do RN. Juvenal que, humoristicamente cognominou - se de preguiçoso (era Promotor de Justiça no Acre), tanto, que ao escrever o Elogio da Preguiça, reverenciou sua indolência, sem negar - se o dom epistolar, poético, cultural e jurísta. Juvenal Antunes foi inspiração para Glória Perez em dois momentos: na novela "O CLONE" onde Lobato (Osmar Prado) declama o terceiro verso do seu soneto Adeus e no seriado Amazônia, quando Juvenal Antunes voltou, em toda a sua essência boêmia e poética, na personagem de Diogo Vilela. Que maravilha. Que honra para nós, seus descendentes! Em 1998 publiquei a Breve Coletânia de Juvenal Antunes: que era poeta, boêmio, irreverente, norte – rio - grandense e amava Laura. Agora, no prelo, outro livro meu; "Juvenal Antunes; sua vida, suas obras, seu grande amor e sua morte". No Acre, o prefeito de Rio Branco - Dr. Jorge Kalume (1992) inaugurou colégio, praça e rua com o nome do poeta (estive presente); o jornalista acreano Chalub Leite enalteceu o poeta; atualmente, o grande escritor e jornalista Elson Martins escreve coisas maravilhosas sobre tio Juvenal. Em janeiro de 2007, início do Seriado Amazônia, Glória Perez e eu, emocionadíssimas, assistimos a inauguração do monumento de tio Juvenal, na Fundação Elias Mansour (Rio Branco / Acre). Bom, se fosse falar de tio Juvenal, teria que enumerar seus incontáveis admiradores, só para não esquecer, como os conluintes da UFRN, UNP com monografias e teses sobre o poeta da Preguiça. Você descreve, em sua carta ao Jornal de Hoje, Primeira Edição, uma página um tanto exaltada, magoada, cheia de rancor. Você é de Ceará - Mirim? Nasceu lá? Conhece a história da construção do Solar Antunes pelo pai de Juvenal Antunes? Pergunte ao vice - prefeito: Rui Pereira Junior – meu primo - (quem melhor conhece essa bela história) e, educado como é, e um homem bom, com certeza não fará questão de lhe contar essa e outras histórias do meu vale.Quanto à cidade, creia, vai continuar provinciana, pacata, pouco progressista, uma cidadezinha lobateana, quase encantada, o vale edênico! Do Solar Antunes, sou bisneta. Deseja me conhecer? Teria muito o que contar sobre a Briosa Vila.
Como diria Nilo Pereira: "Aqui, do Guaporé, vou subindo até a cidade. Avisto o Solar Antunes. Parece uma garça branca parada no ar". Não é uma linda imagem poética? O solar Antunes, construído pelo meu bisavô José Antunes de Oliveira, após sua morte, foi comprado por Juvenal Antunes, que, ao resolver seguir para o Acre, no sentido de exercer sua profissão, vendeu o prédio ao sobrinho - Ruy Antunes Pereira, que, por sua vez doou - o ao filho Rui Pereira Júnior que, num gesto de amor e desprendimento, doou - o à edilidade cearamirinense, hoje Prefeitura de Ceará - Mirim. Bom, poderia dizer mais, por outro lado, aconselho - o a ler os livros mencionados e outros. Anexo, um pouco de Juvenal Antunes e Madalena Antunes. A poesia vence a trajetória do mal! Eles fizeram essa travessia, numa caravana amorosa, feliz, pelas esmeraldas do vale (os canaviais), pelo Oiteiro, pelo Mucuripe, pelo Verde Nasce, pela Usina São Francisco (que foi de tio Luis Lopes Varela e depois do filho Roberto Pereira Varela). Em tudo um canto de saudade, de amor, de belas e gratas recordações. Como no dizer de tio Juvenal” ...sinto saudades até de saudades”.
Meus telefones: 3211 14 88 e 8821 5195.Meus e mails: xiscada@hotmail .com e poemar704@hotmail.com Meu nome: Lúcia Helena Pereira, filha de Abel Antunes Pereira, neta de Madalena Antunes, sobrinha neta do autor de uma das mais belas peças poéticas: O elogio da preguiça – sobrinha dos escritores: Juvenal Antunes, Ruy Antunes Pereira, Vicente Ignácio Pereira, Nilo de Oliveira Pereira, filhos de um vale encantado, daquele lindo solar, com muito orgulho - a Prefeitura de Ceará - Mirim (solar dos meus antepassados). (*) Lúcia Helena Pereira – escritora. Membros da academia Feminina de Letras do RN, do Instituto Histórico e Geográfico do RN, da AJEB (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil) , da qual foi presidenta regional (1990 a 1997) e Nacional – em 14 Estados (1998 a 2000).