sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

RUY ANTUNES PEREIRA - UM EXEMPLO A SER SEGUIDO.

Ruy Antunes Pereira

O solar Antunes foi construído em 1888, pelo tenente coronel - José Antunes de Oliveira - proprietário do engenho Oiteiro, que era casado com Joana Soares Antunes. Esses eram os pais da escritora Maria Madalena Antunes Pereira, esposa do industrial da cana - de - açúcar, Olympio Varela Pereira, pais de Ruy Antunes Pereira, Abel Antunes Pereira, Vicente Ignácio Pereira, Maria Antonieta Pereira Varela e Joana D´Arc Pereira do Couto. Após a morte do coronel José Antunes, sua viúva vendeu o solar ao sobrinho Juvenal Antunes de Oliveira (o poeta), que, posteriormente vendeu - o ao sobrinho RUY ANTUNES PEREIRA, em 1937. E o novo proprietário fez doação do solar ao seu filho Ruy Pereira Júnior. E este, num gesto amoroso e desprendido, ao assumir o cargo de Prefeito de Ceará - Mirim, cedeu o solar à Prefeitura, onde, até hoje, mantém sua sede.

Denise e Ruisinho no engenho Mucuripe.


Denise e Ruisinho sob a palmeira.
“Estarei sonhando? Este vale existe? O verde, será uma cor ou um sentimento”?
Ruy Antunes Pereira

“A Baronesa (1) Odete Ribeiro Pereira é a mulher que mais fundo penetra no poluído poço do meu coração”. Ruy Antunes Pereira
“Jamais encontrei terra mais rica, mais bela e mais fecunda, do que esta, em que Deus permitiu que se erguesse este vale de sonhos”. Ruy Antunes Pereira.

“Aqui, no meu mundo encantado - MUCURIPE - plantei as minhas raízes emocionais. O vale espreguiçando - se neste alvorecer de abril, parece um tapete verde, bordado de emoções (todas minhas, confesso). O Mucuripe é a minha vida, onde as páginas do passado vão se abrindo, como os leques das palmeiras, ressuscitando os que já estão adormecidos nas dimensões do tempo. Cada amanhecer aqui no vale é de uma beleza majestosa. É como se a mão de Deus houvesse parado sobre este estendal verde, iluminando e alimentando - me de novas esperanças”. RUY ANTUNES PEREIRA.







RUY ANTUNES PEREIRA


Nasceu em 22 de junho de 1902, no solar Antunes.
Freqüentou o Grupo Escolar - “Barão do Ceará - Mirim”, a partir de 1915, época em que sua família mudou - se para o engenho Oiteiro (herança deixada pelo coronel José Antunes, para sua filha Madalena Antunes Pereira).
RUY, com apenas 13 anos, passou a ajudar os pais intensivamente nos trabalhos do engenho. Era ele, nas madrugadas, o responsável pela chamadas dos empregados ao trabalho da moagem. Também foi maquinista - a pessoa que abria e fechava o breque a vapor, para movimentar e parar as moendas. Além disso, ele era exímio limpador de garapa (caldo de cana), nos tachos ferventes, para melhorar a qualidade do açúcar.
Ruy, como seus irmãos, Vicente, Darquinha e Antonieta, também tinha grandes talentos para a música. Enquanto eles tocavam piano, ele executava lindas melodias no saxofone soprano, de fabricação francesa.
Recebeu aulas dos grandes mestres: Abner de Brito e Adele de Oliveira, todavia, por herança familiar adquiriu a vocação epistolar. A prova disso está no livro “MUCURIPE - O MUNDO ENCANTADO DE RUY ANTUNES PEREIRA” - 1995, onde sua filha Denise Pereira Gaspar e a dileta sobrinha - Lúcia Helena Pereira, após a morte do patriarca RUY ANTUNES PEREIRA (22 - 04 - 1995), reuniram suas cartas e organizaram – nas num verdadeiro roseiral de belas palavras, o livro acima referido, talvez um dos livros mais belos da literatura potiguar, da década de 90.

Vejamos algumas das belas reflexões inseridas no livro “Mucuripe - O mundo encantado de Ruy Antunes Pereira”, extraídas das cartas do nosso biografado:

“Aqui, do meu mundo encantado - Mucuripe - predicado maior das minhas emoções, contemplo a imensidão do vale. Tudo verde, vivo e brilhando sob as águas verdes de julho, quando a paisagem se reanima e festeja a liturgia sentimental de um tempo feliz e abundante”. Ruy A. Pereira.
“Hoje cedo passei pela velha casa do Oiteiro. Parei por alguns minutos e enviei um casto beijo àquele modesto abrigo, outrora residência dos meus pais. Tive de abrir bem os olhos para ver melhor, entre as lágrimas que desciam pela face deste pobre velho”. Ruy A. Pereira.
“Encontro - me numa fase da vida em que tudo me comove. É a lei da vida! A existência da sombra é uma conseqüência da luz. Tudo muito natural. Ruy A. Pereira.
Aqui, o vácuo! O esforço que medeia a vibração de duas notas musicais, de sonoridades diferentes, embora melodiosas”. Ruy A. Pereira.
“E que gostosuras aquelas minhas madrugadas afora, cigarro no bico, cabeça cheia de sonhos, coração brando de ternura”. Ruy A. Pereira.
“Tudo ao velho comove, principalmente, se brotado, como rosas, dos canteiros do jardim do seu coração”. Ruy A..Pereira.
“A vida, para todo pai, não tem sentido se não alimentada pelos reflexos de felicidade dos seus filhos”. Ruy A. Pereira.
“Para quem anda beirando os 60 anos, uma pausa para meditação. Quando muito, um ameno caminhar sobre pétalas de rosas. Ruy A. Pereira.
“Sentimentos de difíceis interpretações, como uma nuvem parada, sem vento, a cobrir a réstia que, em momentos melhores, veio brincar de alegria conosco”. Ruy A..Pereira (externando sua alegria, numa carta à Denise e Arnaldo (seu genro - filho: Arnaldo Neto Gaspar), pelo nascimento do primeiro neto - Arnaldo Gaspar Júnior.
“A esperança é uma planta tenra que não morre facilmente. Se lhe tiram um broto, logo outros botões aparecem”. Ruy A.. Pereira.
“...a sombra da tristeza torna – se, por pouco tempo, maior que a luz brilhante das estrelas”. Ruy A. Pereira.
“A luz de uma estrela não volta, mas é na escuridão da noite que é belo acreditar na luz”. Ruy A. Pereira.
“Estou lhe escrevendo do Mucuripe, de onde parti para uma caminhada que já estou perto de vencer”. Ruy A. Pereira.

RUY ANTUNES PEREIRA era um leitor assíduo dos grandes gênios da literatura brasileira e de autores estrangeiros.
Ainda, em vida, registrou, em cartório, sua escolha para cremação do seu corpo após sua morte, fazendo questão de que, as suas cinzas fossem depositadas ao pé da palmeira imperial, plantada por ele, no Mucuripe. Sua filha Denise Pereira Gaspar cumpriu o seu pedido, como vê - se na foto, ela e o irmão Ruisinho reverenciando a memória paterna.





























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