quinta-feira, 30 de setembro de 2010

POEMAS DE JORGE SALOMÃO

JORGE




SECO



seco
pareço um leito enxuto de rio
sem chuva nem vegetação
seco
igual a carne seca
fruta seca
um som seco
sem babados
direto
despojado
informação seca
como um canto sem acompanhamento
com a goela seca
seco
batendo na terra
buscando algo
que não seja seco
( do livro MOSAICAL )





MINHA SENSIBILIDADE



minha sensibilidade
não é lata de lixo não
nem espremedor de laranjas
a triturar frutas sem parar
nem alvo para testes de pontaria
nem rede para se espreguiçar
nem milho de pipoca prestes a estourar
nem ar condicionado
nem nada do que se possa esperar
nem ventilador a atirar o caos para o ar
nem mensagens que não puderam
numa garrafa entrar
nem barco sem condições
atirado a altas ondas do mar
minha sensibilidade é simples
não gosta de barulho
mas gosta de dançar
é simples
e volta e meia
se perde no fio invisivel
que passa por entre as rochas
e fica a indagar o seu caminhar
minha sensibilidade
é uma interrogação
neste deserto de absurdas afirmações
não é nada do que se possa esperar
é simples
e quer aumentar...
( do livro SONORO )


TODAS AS MANHÃS



todas as manhãs
canto pra subir
no passo a passo
nos sonhos
na firmeza
no porvir
todas as manhãs
alimento esperanças
quem sabe alguma
alguma coisa seja
todas as manhãs
grito por viver
clamo ao sol por mais justiça
abro o leque da solidariedade
todas as manhãs
sou mais eu
sendo mais justo
em todas as medidas
todas as manhãs
danço minhas manhas
abrindo as manhãs
( inédito )

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