subjetivismo,
onde a autora mergulha buscando encontrar a si e ao
outro em versos que traduzam a realidade reveladora da condição humana e o
próprio desejo de inventar-se e multiplicar-se em sua própria poesia, sem com
isso apelar para disfarces metafóricos,como em "Entrelinhas":
Encontro-me,
entre a prosa e a poesia
a escrever versos nus
sem disfarces metafóricos
que escondam as dores cruas[...]
Mas o olhar da escritora vai além das paisagens abstratas,extrapola o
previsível e conduz o leitor para o inesperado, num salto para a realidade
contemporânea,focando preocupações inerentes às mudanças de seu tempo,como temas
ambientais explicitados no poema "Aquecimento", na página 44 desse livro.Com
esse heterogêneo alcance poético,a autora ousa mais,amplia o seu campo de visão
para fotografar fatos sociais que instigam a sua senbilidade e a sua lucidez
política nos colocando diante do poema "Fato factual", de denso conteúdo
político-social,cuja indignação vai além do próprio fazer poético. Vejamos:
Frequentemente me perco,
entre a insatisfação contida
de um povo
e a volúpia irreprimida
da indignação[...]
Em Lucidez de Navalha,a realidade é pinçada com recursos poéticos,porém
exposta de forma contundente,sendo as palavras desnudas numa tentativa de
evidenciar as preocupações,vivências e insatisfações autorais.Cada verso é
sublinhado pela precisão do que descobre o olhar atento do poeta,transformando a
crueza do cotidiano em poesia.
Dados Biográficos:
Diulinda Garcia é formada em Letras (UFRN), professora, poeta e escritora,
membro da Academia Feminina de Letras e da União Brasileira de Escritores do Rio Grande do Norte. 'Lucidez de Navalha' é o seu terceiro lançameno.
A autora também publicou 'Caminho do Invisível' (2006) e 'Abstração' (2008).
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