Sinfonia Hubble
Finale
Na viagem, procurando portas
Do outro lado do céu,
Seguimos
Inexorável trajetória
Sem saber
Se estamos adiante
Ou se voltamos.
Vamos bêbedos
Na beleza do mistério.
Submersos
No oceano circular
Refletido
Em fragmentos ofuscantes
De espelhos inclinados.
Precisamos sempre,
E sempre mais,
De energia,
Para impedir
Que o cosmos desmorone,
Regressando ao buraco
Negro do princípio.
Antes da atualidade
No futuro,
Nada resta físico.
A lembrança permanece
E o sol
Terá sido
Lendária máscara
Dourada da infância ,
Explodida na galáxia,
Reduzindo a espera
Da fuga acelerada.
Na viagem
Ao céu do outro lado
Das estrelas,
Será doce ouvir
Bandurras programadas
Despertando antigos
Sons das gestas,
Enquanto, tristes,
Mapeamos nos computadores
A ressurreição
Do espaço descoberto
Através das vigias
Ovaladas da nacela.
Navegamos insensíveis,
Noite adentro,
Que nos ronda
No ritmo dos acordes
Compassados
Da invisível mão
Que move
A mecânica celeste.
Ciro José Tavares, in As Elipses de Phoenix
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