Finais de ano
Finais de ano são melancólicos
Neles retomamos lembranças,
Poesias, saudades.
Vamos catando os caquinhos que ficaram pelos meses
Juntamos um pouquinho a cada e de cada dia
E sempre sobra ou falta alguma coisa
Não deveria existir final de ano
Mães também não deveriam morrer
E a chuva nunca deve cair quando estamos na rua
Aos poucos percebemos que a vida é a finitude
Um caminhar constante para ela. Sem interrupções
Umas puxam aqui e ali e outras colocam coisa lá e acolá
Mas os finais de ano devem ser assim mesmo
Tal como a vida o tempo e o espaço têm o fim
E louvo aqueles que encontram alegrias nas festas
Acho tudo tão hipócrita, fingido, ostentatório e inútil
Uma obrigação de feliz repousa sobre ombros cansados
E não consigo ser solidário
Prefiro ser o "solitário", encerrado em minha companhia
É porque estou ficando velho como o velho do asilo
E, tal como o ano, vejo que o meu fim também se aproxima
Lúcio Alves de Barros
A bela arte de Jean Bailly compondo com a poética sensível de Lúcio Alves de Barros.
Fantástico!!!
Beijosss
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