quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

POESIA DE DEOLINDO TAVARES


VIA - LÁCTEA

Abre tua janela que por ela entrará a Via - Láctea.

E se não tiveres uma janela para te debruçares,

Adormece que verás como ela se transformará

Em flores e em pássaros no teu sonho.

Para mim ela é um número incontável de olhos

Que me despem.

Para mim ela é como punhal envenenado

Ou espada de fogo que me trespassa.

Eu não vê-la-ei jamais,

Pois meus olhos já estão cegos para a visão,

Porque meus olhos são duas tristes paisagens

Na moldura ridícula de meu rosto.

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