quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

25 ANOS SEM ZILA MAMEDE

Por Maria Betânia Monteiro

É impossível não relembrar esta cena ao falar de Zila Mamede: de licença das atividades profissionais, a paraibana radicada em Natal acordou feliz, cantarolando uma música de Roberto Carlos, artista que geralmente ou nunca estava entre um de seus preferidos do toca discos. Tomou café, vestiu o maiô e partiu, para nunca mais voltar.



Faz 25 anos da morte da poeta Zila Mamede. A família mandou celebrar dia 13 de Dezembro, missa e uma celebração eucarística na Igreja do Bom Jesus das Dores, na Ribeira.

A bibliotecária e amiga de Zila, Gildete Moura, incansável na luta pela memória da poeta, enviou-me por e-mail o seguinte pedido:

“Tácito,

Solicito que no dia 13 dez. 2010 publique no nosso SUBSTANTIVO PURAL: UM SONETO APÓCRIFO e os Índices dos Poemas e Primeiros versos, com paginação remetendo para Navegos/ A Herança – Edufrn, 2003”.

Além disso, pediu ao poeta Jarbas Martins um texto sobre “Um Soneto Apócrifo”, que segue abaixo. No final do post, publicamos, em PDF (conforme enviado) índice dos títulos dos poemas e dos primeiros versos com paginação remetendo para Navegos / A Herança, de Zila, importantíssimo levantamento realizado pela devotada Gildete.

Com isso, prestamos nossa homenagem àquela que é considerada uma das mais importantes poetas do Rio Grande do Norte.


POEMAS DE ZILA MAMEDE

SONETO TRISTE PARA MINHA INFÂNCIA


De silêncios me fiz, e de agonia
vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.

Culpa não tinha a voz que em mim nascia
pedindo esses desejos – sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.

Buscava uma beleza antecipada
- a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,

querendo-me em beber de inacabada
procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada.


ARADO

Arado cultivadeira
rompe veios, morde chão
ai uns olhos afiados
rasgando meu coração.

Arado dentes enxadas
lavancando capoeiras
Mil prometimentos, juras
faladas, reverdadeiras?

Arado ara picoteira
sega relha amanhamento,
me desata desse amor
ternura torturamento.

A PONTE

Salto esculpido
sobre o vão
do espaço
de pedra e de aço
onde não
permaneço
- p a s s o.

fonte:www.substantivoplural.com.br

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