sábado, 29 de janeiro de 2011

O ENTOURAGE DE MARTE

Públio José – jornalista

(publiojose@gmail.com)

Está prestes a acontecer a realização de um sonho longamente acalentado pelo ser humano endinheirado: viajar pelo espaço sideral e conhecer outros planetas do nosso sistema solar. É nos Estados Unidos que grandes corporações, com o mesmo espírito de pioneirismo que caracteriza o povo americano, fazem as primeiras tentativas de tornar as viagens espaciais algo tão corriqueiro, tão banal quanto o deslocamento feito, nos finais de semana, para a praia da moda, para o resort preferido dos famosos, ou para a fazenda de parentes abastados. De início, o objetivo do homem era chegar à Lua. Pisar o solo lunar, tocar a singularidade do seu chão, colher emoções e sensações antes nunca vividas. A Lua, cantada em prosa e verso por românticos e assemelhados, era um dos grandes sonhos de consumo humano. Hoje é assunto velho, ultrapassado, sonho já devidamente vencido e arquivado.

O que entrou agora na pauta dos anseios espaciais de muitos é conhecer Marte, o tal “planeta vermelho”. É para lá, para aquelas imensidões de espaços inexplorados, que convergem os desejos e palpitações dos mais intrépidos, dos mais ousados. E a idéia não é apenas de conhecer a realidade marciana, mas de habitá-la, de promover em sua geografia a fixação de uma primeira comunidade humana interplanetária. Nesse sentido, empresas privadas americanas estão apressando o planejamento da empreitada, com inscrições já abertas para os futuros e afoitos colonizadores. O custo da passagem é uma loucura: 250 mil dólares, algo próximo dos 450 mil reais. Mas, em um país onde gente milionária – e cheia de esquisitices – é encontrada às pencas em todo lugar, o preço até que não soa absurdo; já para outros povos a quantia soa muito alta, num patamar praticamente inalcançável.

Com o passar do tempo, os patrocinadores da alucinante iniciativa esperam torná-la coisa natural, de rotina, além de mais barata. E no Brasil? Por aqui, logicamente, a mania espacial também vai prosperar. A pergunta é: quem se habilitará à tamanha aventura? Ou melhor: quem será destacado a figurar no projeto? Com o preço da passagem inatingível para quase cem por cento da população, logo um jeitinho vai surgir para privilegiar os de sempre – com o erário bancando tudo. Aí é a vez dos políticos. José Sarney, por exemplo, vai querer indicar seus apaniguados. Ou será que ele mesmo, apesar da idade, se incluirá nessa emocionante aventura? (Seria bom para o Brasil se Sarney embarcasse para Marte, mesmo o Tesouro pagando a conta). Outro que também poderá “enriquecer” a densidade populacional marciana é Paulo Maluf. Certamente, levando pra lá sua experiência de “tocador de obras”.

Ah! Sarney e Maluf distantes de nós! Aproveitando o aventureirismo americano e picando a mula para Marte! Já pensou? Além dos dois, o Brasil, entrando no projeto, se livraria de outros traquineiros da pesada. A contribuição da direita e da esquerda (não esqueçamos o centro!), garantiria o sucesso do negócio. Imagine estelionatários, nepotistas, propineiros, subornadores, fraudadores, sonegadores – a escola nacional da corrução – indo para Marte. Maravilha! Gente do quilate de Delúbio, Mabel, Dirceu, Argello, Genoino, Valdomiro, Duda, Renan, Jader, João Paulo, Marcos Valério, Valdemar, Roberto Jeferson, Roriz, Arruda, Jucá, todos dando forma e conteúdo à educação, à cultura, à atividade empresarial, política e social de Marte! Se o planeta vermelho não tinha o que comemorar, passará a ficar exultante. Assestemos os olhos para Marte! Com tal entourage, o espetáculo está garantido!


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