segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A SALVAÇÃO NA ÓTICA DE DEUS



Públio José – jornalista

(publiojose@gmail.com)

Por mais simples e singelo que o significado do termo “salvação” represente para nós, dificilmente o ser humano comum, e o convertido a Jesus Cristo em particular, alcançarão a real dimensão do que Deus quer para nós ao nos brindar com a sua salvação. Comecemos pelo que a palavra representou para povos antigos. O termo vem do latim “salvare” e “salus”, que significam, respectivamente, “salvação” e “saúde”. Ou seja, um estágio, digamos assim, que contempla o homem com o bem-estar espiritual e o conforto físico. Já no hebraico a raiz da palavra salvação tem uma conotação mais profunda indicando também “segurança”, proposta segura e concreta de salvação. Todos estes significados, entretanto, estão longe de alcançar a dimensão plena que o termo, do ponto de vista de Deus, traduz.

Já no grego o significado de salvação, no original “soteria”, nos abre um pouco mais o leque sobre o que a palavra representa: cura, recuperação, redenção, remédio e resgate. Apesar de todos estes significados, o que significa realmente a salvação de que tanto nos fala a Bíblia? O que representa a salvação no nosso dia-a-dia? Quem será salvo? E a justificação existe de fato ou Jesus foi crucificado em vão? Para os povos do Antigo Testamento – apesar das citações até profundas consignadas em Is. 45.17; Dn. 7.13 e Is. 53 – a salvação estava bastante ligada à discussão sobre “livramento de alguma coisa” e “livramento para alguma coisa”. O homem, nesse sentido, estava salvo para se livrar de algum mal, de si mesmo e do pecado. Para que? Com que objetivo? Os rabinos acreditavam na alma, no pós vida e nos lugares celestiais.

Para onde certamente seriam encaminhados os que tinham permanecido fiéis aos conceitos da elevação espiritual, do livramento do pecado, fugindo da degradação moral e dos castigos que devem afligir aos que teriam de se submeter ao julgamento divino. Mas a percepção nunca passava disso, nem nunca tomou os aspectos revelados por Deus ao homem através dos escritos do Novo Testamento. Baseados nos textos do Novo Testamento, principalmente no Evangelho Segundo João e nas Epístolas Paulinas, fica estabelecido que aquilo que o Filho é nisso seremos transformados, pois a nossa condição de salvos nos garante a qualidade de autênticos filhos de Deus. Em João, fica bem claro também a respeito da participação do homem na vida necessária e independente de Deus. Vida necessária tendo por base que a vida de Deus é o âmago, a essência, a fonte e o sustentáculo de toda expressão de vida.

Ao passo que as outras vidas são não-necessárias, ou seja, podem existir ou deixar de existir, por ser vida potencialmente perecível. Por outro lado, Deus tem vida independente através da qual depende somente dele mesmo para continuar a viver. Portanto, foi esse tipo de vida que Jesus Cristo recebeu por ocasião da sua encarnação e é essa vida que, através Dele, os remidos, agora passam a exalar, passam a refletir. Nas epístolas do apóstolo Paulo o conceito de salvação se aprofunda mais ainda – e por revelação divina, ou seja, autenticada pelo próprio conhecimento vindo de Deus. Agora, a salvação envolve nossa transformação segundo a imagem moral de Cristo, da qual compartilharemos a sua natureza essencial. Toda essa operação se processa pela presença do Espírito de Deus em nós, que nos amolda segundo a natureza moral de Cristo.

É essa participação na divindade, aberta a todos os homens que Nele crêem, que tanta diferença faz do conceito cultivado pelo povo do Velho Testamento. Mas e o meio pelo qual alcançaremos tamanha graça? Todo o conceito está expresso através do arrependimento, da fé, da conversão, do perdão, que nos declara detentores da glorificação e cidadãos do novo mundo. Pela plenitude de Deus, da qual passamos a fazer parte, concluímos que o processo de salvação é eterno e infinito. Assim, a salvação, em última análise, consiste em trazer o infinito ao que é finito, em trazer o que é divino ao que é humano. Diante de dimensão de tal grandiosidade, passamos a entender que nesse processo não pode haver fim e que toda eternidade, através do que Jesus nos assegura, está à nossa disposição, juntamente com uma vida aqui na terra plena das qualidades de Deus em nós. Já pensou? Aleluia!


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