domingo, 27 de fevereiro de 2011

NAUSICA



Há uma saudade incontida

queimando meus sentidos desde que

meu barco arrebentou nos arrecifes

de tuas praias feácias.

Fiz-me cativo de tua pele clara

e de tuas ninfas dedilhando

harpas de cordas de ouro.

Submeti-me aos teus sonhos

para sonhar,

às tuas lembranças,

para lembrar.

As mais simples,

as mais complicadas,

as mais puras,

as mais doloridas.

Perdoa-me porque custei

a rever doído

teus cabelos alongados,

brilhando sob antiga luz artificial.

Assisti ao fogo devorar

o sangue de Heitor

e a poeira das planícies vestir

o corpo de Aquiles.

Dá-me teu corpo e deixa

que eu me amanheça,

amanhecendo

adormecido em ti.


Ciro José Tavares

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Teremos o maior prazer em receber seu comentário.