terça-feira, 28 de junho de 2011


BALADA VINDA DE LONGE
Ciro José Tavares

“Sombras! Foi este o momento em que vos despedistes
e, sobre a orla dos vossos vestidos, não desceu o meu pranto.”
John Keats, Ode à Indolência

Recolhe, guarda no mistério do teu colo
o que restou da vida plátano frondoso
de raízes há cinco mil anos no espírito,
adormecido sob suaves sombras projetadas.
Escuta, dádiva eurasiana, os oratórios
recitados pelo coro das sarcedotisas,
e assiste as sensuais evoluções de dançarinas ao redor.
Reis submetidos à beleza dos teus galhos
acostam os corpos na doçura do teu tronco,
sonham como deitados estivessem num seio de mulher.
Ninguém sabe plátano, de tua idade secular,
do tempo da semeadura e resistência à messe,
qual a sagrada estrela que te viu brotar,
qual cometa em fogo que te conduziu ao planeta azul
através de infinitas veredas do espaço.

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