domingo, 28 de agosto de 2011

ANTÔNIO FRANCISCO - somente Deus explica


Odúlio Botelho Medeiros
Autor do artigo publicado na imprensa local

Antônio Francisco


As pessoas que gostam de ler recebem sempre um livro de presente de um amigo dileto. Foi assim que o engenheiro Francisco Camargo (pai de Camarguinho) colocou em minhas mãos, com oferecimento e tudo, uma preciosidade denominada de DEZ CORDÉIS NUM CORDEL SÓ - 5ª edição - GL Gráfica e Editora - de autoria de um poeta mossoroense tido e havido como Antônio Francisco, com o sobrenome de Teixeira de Melo. Pelo dizer do amigo Camargo, o homem representa o que há de melhor na poesia popular da região, além de declamar como ninguém, a sua produção literária: “não sei se ele é melhor poeta ou ator”, prefaciou Camargo, informando-me, ainda, que o referido poeta popular tornou-se bacharel em História pela UERN e tem por profissão a feitura de placas na Cidade de Mossoró, já tendo se apresentado em Natal, onde foi ovacionado carinhosamente. Recebi o presente ao lado das entusiasmadas referências e ato contínuo, guardei o livro para manuseio e leitura posteriores, tendo, antes, navegado nas primeiras e segundas orelhas: na primeira, Gutemberg Costa, com a responsabilidade que tem de haver editado e difundido vários poetas da terra, diz que: “ No presente trabalho não faço elogios desmerecidos, nem críticas maldosas aos poetas que aqui estão verbetados, mas afirmo que Antônio Francisco é indiscutivelmente um grandioso poeta da nova geração da nossa Literatura Cordel”. Por sua vez, na segunda orelha do livro, o autor de Dez Cordéis Num Cordel Só, dá logo o recado a que se propõe, ao filosofar:
“Pra nós sermos amigos de verdade,

Precisamos amar e querer bem,

Repartir nosso pão pela metade,

Dividir nossos sonhos com alguém,

Plantar uma semente de amizade

No jardim onde nasce a solidão

E dizer no ouvido dum ermitão:

Plante um pé de amizade em sua horta,

Amizade é a chave que abre a porta

Do castelo onde mora o coração”

Confesso que após ler essa jóia de versos, iniciei, de imediato, a leitura do livro, que está enriquecido por trabalhos de Gustavo Luz - diretor da Editora Queima-Buxa, que explica as linhas destacadas do livro e de Luís Campos, que glosa:

“Se você quer conhecer,

Quem escreve em Mossoró,

É bastante você ler

Dez cordéis num cordel só”.

Depois, o meu amigo Caio César Muniz – Presidente da Academia de Poetas e Prosadores de Mossoró – explica Meu Sonho (Cordel n°1) no bem elaborado O Sonho de Toda a Humanidade, no qual vaticina: “ Sempre que tenho o prazer de ouvi-lo recitar Meu Sonho, me emociono ao final, pois sei que esse planeta encantado que ele sonhou só existe em sua mente maravilhosa”...

De sua vez, o poeta Erocildes Bezerra de Araújo destaca a seguinte mensagem:

“Oh, Antônio seu papel

Eu estou achando lindo,

Vai despertar o cordel

Que há tempo estava dormindo”.

Iremar Leite Pereira com o trabalho O Anjo do Sertão, às fls.23/4, fala de Antônio Francisco e apresenta o Cordel n° 2, Aquela Dose de Amor.

Severino Inácio, poeta dos bons, orienta:

“O livro tem dez cordéis,

Leia um de cada vez...

E depois decore os dez

Cordéis que Antônio fez”.

Continuando o exame e a apresentação originalíssima do livro, Gemaia (Professor Geraldo Maia) escreve A Título de Apresentação que: “A poesia de Antônio Francisco tem o incrível poder de encantar e fascinar a todos que dela tomam conhecimento” e comenta a poesia O Guarda-Chuva de Prata, que é o Cordel n°3. As Seis Moedas de Ouro (o 4° Cordel) recebeu a apresentação de Rubéns Coelho- Jornalista e Escritor – que conclui a sua dissertação da seguinte forma: “ Não sou crítico literário, nem tenho essa pretensão, mas vejo a poesia de meu amigo Antônio Francisco como uma das mais significativas que se faz no País, no gênero popular. E creio que essa será a opinião de quantos dela tomarem conhecimento”...

Antes, Francisco Nolasco (fl.46), poetiza:

“Antônio Francisco é poeta,

Pois já cantou céu e mar,

O belo da natureza,

O canto do sabiá.

E agora nos presenteia

Com sua verve tão cheia

Com dez cordéis num só lugar”.

Do Outro Lado do Véu – 5° Cordel – recebeu do poeta José Ribamar, os seguintes versos:

As poesias de Antônio

São a história da lida

Dum povo sem liberdade,

Da própria honra ferida

Que anseia por justiça

Emprego, teto e comida,

São, além de fotocópia

De uma prole vencida,

Ficções, realidades

E crítica bem construída.

Ele, um grande idealista,

E as obras, lições de vida”.

O pesquisador Antônio Kydelmir Dantas de Oliveira, sócio da SBEC e do IHGRN, apresentou Do Outro Lado do Véu, escrevendo: “Dentro do DEZ CORDÉIS NUM CORDEL SÓ, ele nos apresenta uma viagem fantástica, que o poeta nos seus devaneios filosóficos se fez transportar para O OUTRO LADO DO VÉU”(...).

A Oitava Maravilha, que é o 6° Cordel, recebeu de Crispiniano Neto, poeta e advogado, a apresentação sob o título – Cafuné – Um Murro na Cara dos Antipoetas, às fls.73/74, podendo ser destacado no referido texto: “Antônio Francisco – a partir deste livro publicado quase à pulso por Vingt-un, que vem empurrando com a barriga a modéstia injusta do poeta - se inscreve no rol dos grandes da indústria mundial do verso”(...).

Os Sete Constituintes ou os animais têm razão (7° Cordel), recebeu do escritor e poeta Marcos Ferreira, a seguinte interpretação: “Quanto a este “Os Sete Constituintes”, sobre o qual me cabe deitar algumas impressões (pois o autor convidou uma pessoa diferente para comentar cada um dos dez poemas que formam este livro), digo que se trata de uma belíssima fábula que a cabeça prodigiosa de Antônio Francisco deu à luz”(...).

Seu Nãna – Cordelista –ao discorrer sobre o livro, especialmente sobre o 8° Cordel, O Feiticeiro do Sal, com o título Uma Obra de Arte, acrescenta o seguinte pensamento: “O que eu quero dizer é que, O FEITICEIRO DO SAL, que ele traz a lume agora, é simplesmente uma obra de arte”(...).

O 9° Cordel História de Pescador – recebeu, de Luís Antônio, Presidente da Casa do Cantador, no escrito O Poeta Antônio Francisco (fl.111), o presente conselho: “Antônio faz uso de temas atuais, sociais, que mexem com o íntimo do ser humano, cultua o verso com o rigor métrico que a arte exige: Em História de Pescador o poeta não foge à regra, mas o ideal é que o leitor confira o que digo”(...).

Finalmente, Cid Augusto enfatiza no seu comentário A Arca de Noé (10° Cordel) que: “(...) A Arca de Noé, protesto inteligente e bem-humorado contra a devastação da natureza no Brasil, demonstra a verve desse autor que, por incrível que pareça, descobriu-se poeta faz poucos anos” (...).

Que dizer mais sobre essa pérola da literatura popular? Somente que estou encantado com o que li. Sabem todos os meus amigos mais aproximados que nem sou poeta, nem crítico literário. Apenas, um leitor que ousa escrever alguma coisa quando tem a oportunidade de ler trabalhos magníficos como Dez Cordéis Num Cordel Só, de autoria do fantástico Antônio Francisco, que exercita lições de história, sociologia, ciência-política, economia, ética, moral e cívica, de amor a terra e ao ser humano, especialmente, de poesia e genialidade.Estou pasmado!

Entendo que as entidades públicas e privadas poderiam “adotar” o poeta Antônio Francisco, pois, no futuro, certamente ele será a expressão maior da poesia popular brasileira. Finalmente, reproduzo o que disse ao escritor Jurandir Navarro, ao dedicar-lhe o livro de Antônio Francisco: “Somente Deus explica esse fenômeno!”.

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