quinta-feira, 8 de setembro de 2011

DOIS PESOS, UMA SÓ MEDIDA


Na minha infância, desfilar em 7 de setembro tinha certos sabores: representar a pátria por civismo, para ganhar nota ou mesmo para ficar com presença na escola como se o feriado fosse letivo. Aliás, se assim o é, não vejo porque pagar o que não se deve. Mas era dessa maneira que as coisas aconteciam e ainda acontecem. O fardamento impecável, pés e unhas limpos, cabelo bem arrumado e discreto e algum acento de gratidão. Subjetividade.

Por que gratidão se é dever do estado oferecer Educação de boa qualidade, além de outros benefícios protegidos pela lei? No entanto, era aquele o substantivo abstrato de nosso tempo de desfile cívico. Às vezes à força de imposições por parte do governo vigente ou pela ideologia dos que pensam ao contrário. Uma mão dupla.

Hoje, desfilar não tem mais aquela carga de amor à pátria, porque “não se ama o que não se conhece”. Desconhecemos esta nação por dela pouco fazermos parte, o nosso valor se dá “escamoteado”. Um valor revestido de pseudo-discursos, de promessas discutíveis que alienam e entorpecem a dignidade do povo.

O que devemos comemorar?

Como enaltecer um país que tem uma saúde pública precária com hospitais lotados, uma educação fadada ao desprezo pela classe política com professores mal remunerados e sem plano de saúde? Como amar uma nação que sequer conhece seus filhos? Ou de que forma sentir-se orgulhoso vivendo em um país que desrespeita as leis? E que leis são essas que só pendem para o lado dos mais “fortes” e que os mais fracos são, muitas vezes injustiçados por uma política que não cumpre os deveres? Como exigir dos cidadãos uma postura dentro dos parâmetros da lei, quando a sociedade que aí está só exclui, renega e assola os mais pobres?

Sinto dizer que a minha bandeira não será erguida, porque não tenho “berço esplêndido”. Se muito, uma rede para dormir.

Por Eme Gomes

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