terça-feira, 1 de novembro de 2011

CANCIÓN DE ANDALUZIA


Ciro José Tavares

Ouve como a noite se escava e se esvazia.

Não se origina em vós, estrelas, o prazer

Que o amante respira no rosto da amada?”

Rainer Maria Rilke, in 3ª Elegia de Duíno

Aquecido do sol de estio, na pele o cheiro da brisa marinha

viajante espírito saudoso tem prisioneira no olhar

a visão dos cabelos negros sobre seios estendidos.

Um dia, vadio vagamundo, a maciez noturna desses fios

deslizará entre teus frágeis dedos ávidos,

para, através das mãos, aos lábios encostadas beijos receber.

Vai vida afora tristonha alma de alguém

aspirando o aroma cravo e canela exalado

dos cabelos negros da amada inteira fantasia.

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