sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DESDÊMONA

        Apontamentos revelados (suíte)
                         Ciro José Tavares
“Não permitam os céus que vosso amor e nossa
felicidade cessem de crescer antes que terminem nossos dias !”
William Shakespeare, in Otelo Ato II
   
    Num disciplinado canto o rouxinol,
    arauto da manhã pousado nas réstias dos primeiros raios,
    parecia pedir que diáfanas cortinas fossem afastadas,
    janelas abertas para despertar a luz
    na nudez marfim e perfumada do teu corpo.
    Presos um ao outro escutávamos
    o farfalhar do vento nos salgueiros,
    inebriados pelo aroma suave soprado dos jacintos.
    Para renascer fugi da dor e do eclipse,
    submerso numa fonte de lágrimas emergi,
    envolto num ambiente de sombras vim ao sol.
    A esperança que tanto tempo nos alimentou,
     a mesma que nos fez astros opacos na distância,
    até que  Cloto na roca de prata entrelaçou,
    os fios dos  destinos além do esquecimento. 

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