sexta-feira, 8 de junho de 2012

CARTA POEMA

quarta-feira, 6 de junho de 2012

CARLOS MORAIS DOS SANTOS ESCREVE CARTA-POEMA "AS MAIORES DORES DA VIDA - “As que não se sabiam que doiam tanto”, E OUTROS POEMAS DEDICADOS AO QUERIDO AMIGO-IRMÃO, POETA EDUARDO GOSSON, Presidente da U.B.E.-RN-Brasil E A SEU RECÉM FALECIDO FILHO FAUSTO GOSSON.
Carlos Morais dos Santos (*)
Desde que o nosso Querido Amigo Eduardo Gosson nos vinha enviando, carinhosamente, emails nos dando conta desde o primeiro momento, da situação de hospitalização em estado grave do seu querido filho Fausto Gosson, que nós, eu e Selma, daqui de Lisboa, embora muito chocados, pesarosos, emocionados e preocupados, fomos sempre enviano mensagems por email a Eduardo Gosson, tentando lhe dar o nosso pesar e a nossa solidariedade, mas acreditando que Fausto, com o grande empenho e apoio amoroso de seu pai, irmão, e de toda a família, e com a Cadeia de Solidariedade dos amigos como nós, transmitindo fé e energias positivas, haveria Fausto de vencer a luta. E esta correspondência fomos mantendo delicadametnte no anonimato respeitoso pela situação grave e pelos sentimentos fortes que íamos avolumando.
 Até ao dia mais duro da notícia que abalou até ao fundo da nossa alma e desmoronou as nossas esperanças. Selma, tentava, até então, transmitir-me força e confiança, protegendo-me, preocupada, também, que as fortes emoções que estavamos vivendo não fossem abalar perigosamente o meu estado de convalescência de recente situação delicada de minha saúde, que me compelia, por exigência médica, a dever estar quase ausente do computador e do meu diário labor de escrita e de edição dos blogues.
Ficámos por isso muito tristes, desgotosos e em choque emocional profundo, ao recebermos o email que nos enviou o nosso querido amigo Eduardo Gosson, com a notícia do In-Fausto falecimento de seu amado filho Fausto Gosson. Mas o exemplo de grande coragem e tenacidade que Eduardo Gosson, mais uma vez, exemplarmente nos inspira, com o manter firme e inabalavelmente a sua já sofrida série de escrita de crónicas sobre todas as suas grandes perdas recentes de familiares, mas desta vez tratava-se da grande força de sulimação de escrever sobre a perda de seu filho, em cima mesmo do acontecimento.
Agora, o título genérico aplicado às suas 9 crónicas anteriores - "EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO" - ganhava uma dimensão transcendental, homérica mesmo, porque trava-se já de como a força interior de um grande homem de coragem, com tanto de imensa firmesa como tem de capacidade de amar, sofrer, resistir, ir em frente até face ao devastador tsunami, que é a perda de uma amado filho jovem. Agora, ali estava Eduardo Gosson, de pé, erguido de uma morte emocional, daquelas que "não se sabe como é possível sobreviver sem queda e síncope", pesando já de antes, como pesavam tantas e grandes dores que doeram tanto ou mais do que "não sabia que doía tanto".!
Estes são os comportamentos e gestos da imensa força do caráter e do amor, são exemplos que no plano faniliar, como no plano das amizades fortes com os amigos, se agigantam para amarrar com fortes laços e nós bem apertados de afetos, toda essa rede de ..."nós e laços entrelaçados..." (Os Nós e os Laços, do Livro Sossego Intranquilo, Ed.Hugin, Lisboa, CMS que fazem uma Cadeia de União de Humanismo Fraternal ganhar uma resistência a todas as erosões e porcelas que a vida reserva para nos abalar e por à prova, às vezes com grande violência, mas que se vencem porque há nessa trama de afetos e amores fortes, pessoas como Eduardo Gosson que são daqueles raros mencionados por Camões nos Lusíadas, ...Aqueles que, por feitos valorosos, se vão da Lei da Morte Libertando"...
OS NÓS E OS LAÇOS
Se os Nós que nos ligam
São fortes Laços,
Que os sentimentos digam
Se são abraços !
Se são abraços com fervor
E Nós para durar,
Então são Laços de amor,
Não são Nós para desatar !
Se os Laços ficarem lassos /
E os Nós alassar, / São Nós e Laços, fracassos, / São ligações a findar ! /
Há complicados Laços /Que queremos desmanchar, / Não são Laços, são embaraços,
São Nós cegos, de atormentar ! /Só Nós e Laços bem ligados /Fazem na vida a ligação / Dos afectos entrelaçados / E dos Nós de amor em comunhão !
Mas só há vida bem vivida / Com Nós e Laços a emendar, / Porque a uma vida não sofrida / Faltam Nós e Laços para a enfeitar ! (Carlos Morais dos Santos)
E foi esse exemplo de esforço guerreiro de sublimação máxima, que eu vi publicamente assumida no mesmo dia, ao constatar a postagem que, com o mesmo teor e conteúdo, a poetisa e confreira Lúcia Helena Pereira, publicou no Blog da UBE-RN, certamente consentida por Eduardo Gosson, que me levou a sair do recato da correspondência privada, para ali, no Blog da UBE-RN, eu publicar, no mesmo dia do comunicado, como "comentário", um simples mas muito sentido poema que a exemplar coragem do nosso querido amigo Eduardo Gosson me inspirou de imediato e que escrevi logo que vi o Blog, de olhos molhados, pingando sobre o teclado, gotas de emoção, de amor afetuoso e compadecimento, gotas de solidariedade muito forte e sentida. Poema que eu conferi que havia ficado publicado e que, agora, estranhamente, talvez por qualquer razão técnica, constato que desapareceu do Blog da UBE-RN, que, entretanto, fechou para obras!.
É de pessoas assim que este nosso mundo psicopático (como diria Alexis Carrel, no "Homem esse desconhecido") precisaria em maior número, para ser mais habitável, e é de pessoas assim que eu tenho, desde muito cedo, procurado encontrar (como me aconselhou meu pai), para com essas pessoas partilharmos identificações e comungarmos valores comuns e, com isso, irmos acumulando o maior, mais valioso e sempre cada vez mais valorizável "Património de Afetos com Pessoas humanamente valiosas", esse património que é a maior de todas as fortunas, que resiste a todas as crises, à erosão do tempo, da distância e da ausência e, ainda assim, continua a valorizar
Eduardo Gosson, tinha inspirado com o seu exemplo de homem, pai e grande poeta, que é capaz de, mesmo na hora em que devolve à terra o filho querido e o recomenda para a "Grande Viagem", pelo seu belíssimo "Infinito Azul", a caminho da purificação e redenção, lá para o "Oriente Eterno" onde nasce um "Enorme Sol" mesmo por cima do topo daquela montanha, que só se atinte caminhando e subindo as ladeiras pedegrosas onde os pés nus hão-de pisar as pedras do caminho por esses caminhos que só se descobrem e alcançam caminhando, como dizia o grande poeta sevilhano, um de meus mestres - António Machado, que mais à frente refirirei, noutro texto: ..."caminante no hay camino, el camino se hace al andar..."
"Viagem pelo Infinito Azul" até onde nasce
o "SOL, do Oriente Eterno e Distante"
Eduardo Gosson, mais uma vez nos espanta de admiração pela sua força de viver e de aguentar com firmeza as maiores porcelas, as mais devastadoras que se possa imaginar, quando nos escancara o seu o seu enorme coraçao rasgado, aberto, sangrando, apesar de estar a suportar uma dor imensa, indiscritível, que paralisaria qualquer um, e tal como fez em outras recentes perdas de familiares próximos, ainda teve forças e corajem para juntar ao seu comunicado um sublime e dolorido poema de amor a seu filho junto com um texto dedicado a ele, em que nos oferece o retrato de um filho vítima das assassinas drogas, que tinham feito tombar um jovem de 28 anos, admirável no seu bondoso e belo carácter de grande solidariedade e amor ao pai, ao irmão gêmeo, a todoa a família, a toda a gente, privando-se, as vezes, da sua comida para a oferecer a pobres que encontrava.
É por demais evidente a forma altruísta em que Eduardo Gosson está na vida, dando de si o melhor aos outros, com amor, enfrentando tudo corajosamente e sem desfalecimentos, mesmo quando as intensas dores poderiam paralisar qualquer um.
AS MAIORES DORES DA VIDA
"As que não se sabiam que doiam tanto”
Carta ao querido Amigo-Irmão, Poeta Eduardo Gosson,
Presidente da U.B.E.-RN, Brasil
Por Carlos Morais dos Santos
As mais dolorosas dores, as que nos vão matando em vida,
Silenciosas, inimaginaveis na sua profundidade e dimensão,
as que não têm cura, nem medicina, nem tempo ou medida,
as que ficam, como facas, cravadas na nossa alma e coração,
são dores dos insubstituíveis amores irremediáveis, perdidos,
dores que gritam alto sem eco, inaudíveis no espaço e tempo,
dores que despedaçam a vã lógica da vida, todos seus sentidos,
que só se curam no “infinito azul”, Encontro Divino sem Templo!
Aí, descobrirás a renovação da vida à sombra de Acácias e Cedros:
Teu Deus, querido poeta meu irmão, lá te espera, braços estendidos,
fará contigo a Cadeia de União que cura todas as dores e medos,
num abraço reunirá pais, filhos, irmaõs, amados, todos os amigos.
Enfim, se revelarão os sentidos e segredos da vida e de todas as Verdades:
Que não há morte e só eterna paz no Ciclo da Vida, sempre em Renovação,
E que as maiores dores, as que doeram mais e se suavizaram em saudades,
foram pedras no caminho pedegroso e íngreme de quem viveu com-paixão!
E se perguntares: “então, os outros, que viveram sem buscar essas verdades”?
A Resposta Divina, talvez seja: “Não existem mais, foram poeira da escuridão,
perderam-se em buracos negros, não ganharam espaço no universo em expanção,
gastaram o tempo de vida quântica, sem luz própria. Vieram e foram escuridão!
“Toda a saudade é um cais de pedra”!, disse o génio de Pessoa, uma das Verdades,
sobre as pedras que o Bom Caminheiro, como tu, encontram na quântica imensidão,
caminho de amor-como falava Machado:..”que se hace al andar”- que deixa saudades
do Querido e Amado filho in-Fausto. Sei que Sublimarás no Bom Tiago seu Gêmeo-Irmão!
Lisboa, 05.06,2012
Carlos Morais dos Santos
(com amor de Carlos e Selma)
Eis, o que dizia Eça de Queiroz no subtítulo da "Relíquia"
..."sobre a nudez forte da verdade – o manto diáfano da fantasia”.
Mas Eduardo Gosson logo se afirma como esse forte cedro do Líbano, que mesmo muito dorido, não desfalece em resgatar a memória dos que muito amou e se foram lá para o Oriente Eterno, onde nasce o glorioso sol. Diz Eduado Gosson:
"...Passarei a falar sobre cada um deles porque é preciso sarar o luto, enterrar os mortos e evitar o esquecimento.”
Eduardo Gosson é destes caminheiros poeta de fibra de peregrino que enfrenta todos os obstáculos e mesmo de sandálias quebradas, pés esfacelados, peito aberto, rasgado, sangrando, mostrando todas as feridas, persiste em continuar a subir a montanha, por caminhos cheios daquelas pedras que o ferem, mas que encara essas pedras como suas amigas, companheiras ele sabe que tem de atingir o topo da montanha, para de lá, mais perto do Oriente Eterno de onde vem aquele sol esplendoroso, ele pode preparar-se para o Rencontro com os seus amados. Não poetas grandes que não tenham sofrido muito! A poesia autêntica, pura, limpa e límpida, é a que resulta do sofrimento. É aí também que Eduardo encontra o Verbo que se faz Logos. Enfim lá do alto da Montanha Sagrada, ela já não grita, ele laança ao vento que lhe sopra nas feridas e segue, palavras-Verbo-Logos, que já vão ao encontro do filho amado. Fausto vai receber essas palavras e vai ficar, sereno, sem sorimento, seu rosto bonito exprime a sua grande doçura e bondade, está iluminado por auele Sol tão perto, envolvido por aquele "Infinito Azul " de que ouvira seu pai cantar, estava no lugar bom que havia sido reservado para ele viver em paz eterna e sorria porque já sentia que seu pai estaria no alto da montanha e saberia o caminho para o reencontrar, porque ele, Fausto ouvira o canto (que tanto apreciava) que seu pai lhe enviara:
Sim, meu filho
Quero dormir eternamente
Junto de ti
Porque agora dormes
Com Deus.
CAMINHANDO CAMINHADA
Subi uma montanha íngreme e penosa,
Desci a pequenos vales pouco verdes e estreitos,
Colhi algumas flores, mas nem sequer uma rosa !
Encontrei, enfim, rios de correntes, contrafeitos
No longo caminho descobri uma vereda
Que me levou a uma clareira com alguma luz,
Dessedentei-me em água clara mas…algo azeda
Senti, depois, o frio interior que a solidão induz
Quero o sol amigo para caminhar com claridade
Por entre escolhos, talvez, mas sabendo o norte,
Mergulhar meu corpo e alma em águas de liberdade
descansar à sombra de Cedros que encontrei,por sorte
E como já declinando vou em meu caminhar a diluir
Eu espero por brancas flores, lançadas ao vento norte
no movimento perpétuo das vagas do mar sul a ir e vir
ou ficar no berço de "infinito azul", onde não há morte
Morte, quando há, é passagem em suave vaga de mar
que me levará à praia em Lua cheia e voltar a caminhar
Como dizia o poeta O’Neill: “Há Mar e Mar Há ir e Voltar”
a caminhada até ao topo da montanha do sol a brilhar
como disse o poeta de Sevilla: Machado, sobre o caminhar:
...Al andar se hace camino / y al volver la vista atrás
...se ve la senda que nunca / se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino / sino estelas en la mar...
Cuando el poeta es un peregrino /cuando..no... sirve rezar.
“Caminante no hay camino,/ se hace camino al andar…”
...golpe a golpe a golpe, verso a verso...
até ao "Grande Reencontro" que me há-de sosssegar !
Carlos Morais dos Santos
"...Passarei a falar sobre cada um deles porque é preciso sarar o luto,
enterrar os mortos e evitar o esquecimento.”
Eduardo Gosson

Eduardo Gosson, VC, Amigo, é uma Grande Lição de Vida que sempre nos emociona por aquilo que é o seu modo suave, firme, simples mas Grandioso, Edificante, que é o seu modo de SER, ESTAR e FAZER !
Receba um solidário e muito afetuoso Grande Abraço Global - nosso, de mim e de Selma - e estou certo de poder dizer em nome também de todos os ilustres nossos/seus colegas do "Conselho Editorial" deste nosso Blog-Revista "Culturas e Afetos Lusofonos", alguns seus amigos de anos, aí do RN, e de muitos dos nossos leitores-amigos que o conhecem pessoalmeente ou pela sua sublime poesia que aqui temos publicado.
Todos aqui e agora, neste momento representados por mim, como Editor/Administrador e pelo nosso confrade da UBE-RN e tambem seu grande amigo e admirador - o nosso Querido Dr. Rubens Barros de Azevedo, Diretor Editorial (Brasil). O eco da sua dor e da nossa grande e global "Cadeia de União Fraternal, está ligada aos cerca de 120.000 leitores fieis amigos em 76 paises dos 4 continentes que nos lêem, ouvem, e vêem.
E, dito isto, e o mais o que adiante vem a propósito, damos agora, aqui, um grande abraço muito afetivo, de amor e solidariedade, a Eduardo, Tiago e restante família, e de afirmarmos a nossa inteira disponibilidade, mesmo vencendo a distância do atlântico que neste momento só nos separa fisicamente, a mim e a Selma, minha esposa também amiga e admiradora de Eduardo, como, por extenção da amizade, que ganhámos de afetos com os dois gêmeos, Fausto agora falecido e Tiago, também vivo - filho também igualmente muito querido, amado por seu pai e amante admirador dele - afetos que temos vindo a cultivar, especialmente naqueles bons momentos daquelas visitas que Eduardo com seus filhos nos davam a alegria de nos fazer, a mim e a Selva, o privilégio de nos visitarem na nossa casa de Ponta Negra, em Natal, na qual residimos 6 meses por ano, e de eles ali irem comungar e partilhar o convívio animado de poesia e música, no noso ambiente bucólico de muito verde, de ávores, gramado, plantas, muitas flores coloridas, passarinhos de coloridos e cantares vários e demais bicharada, em belas e saudosas tardes de boas e culturais conversas e debates, em animadas Tertúlias lítero-poéticas e musicais com muitos dos nossos amigos comuns.
Vem tão a propósito, que eu não resisti em aqui ter citado alguns trechos de uma carta-depoimento público, que adiante incluo nesta postagem, na sua integralidde, para mostrar quanto parte do seu conteúdo até parece premonitório. Trata-se de uma carta-depoimento que escrevi e enderecei ao meu querido Presidente da UBE-RN - União Brasileira de Escrtores-RN, sediada em Natal-RN-Brasil, o Escritor e Sublime Poeta, Dr. Eduardo Gosson - menciono estes detalhes, a pensar nos nossos amigos leitores deste Blog-Revista, distantes do Brasil que, obviamente, não sabem identificar de quem estamos a falar, e são cerca de 120.00 em 76 países - a propósito da crónica que Eduardo Gosson dedicada a seu pai e que está publicada no site da UBE-RN, sob o título da série de crónicas sentimentais e evocaivas das memórias de seus famialres queridos que já se foram, alguns sucesivamente em pouco tempo e muito recentemente.No fim desta publicação da HOMENAGEM A EDUARDO GOSSON E A SEU FILHO FAUSTO, encontrarão o belíssimo poema dolorido e pungente, e o texto de referência às qualidades humanas de seu filho, que o Dr. Eduardo Gosson escreveu como a X CRÔNICA MEMORIALISTA E DE HOMENAGEM A SEU FILHO, SOB O TÍTULO
"EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO".
DEPOIMENTO SOBRE A CRÓNICA DO ESCRITOR E POETA EDUARDO GOSSON DEDICADA A SEU PAI

Por Carlos Morais dos Santos (*)

Natal, 5 de Janeiro de 2012

Meu Caro Amigo e Presidente Eduardo Gosson,

Desde que nos conhecemos Vc deixou em mim uma forte impressão de que eu tinha encontrado mais uma dessas pessoas raras de sensibilidade, cultura, inteligência, simplicidade e humanismo. Mas rara também pela serena e sábia firmeza com que defende, sem concessões, aqueles valores e princípios imutáveis, permanentes, como o amor, a ética, a moral, a justiça, a verdade e a razão que, embora sendo alguns destes valores e princípios relativizáveis de acordo com os contextos culturais, históricos, de tempo, lugar e origem, não deixam, por isso, de serem valiosos e permanentes, nesta sociedade individualista, egoísta, hedonista e consumista do descartável. TINHA ENCONTRADO O POETA NA SUA ESSÊNCIA !
Infelizmente, encontramos demasiadas pessoas que confundem Valores e Princípios Permanentes com "Princípios transitórios", e já dificilmente encontramos pessoas como Vc que logo num "retrato à la minute", evidenciam uma transparência, uma sinceridade e uma coerência rara. É de pessoas assim que este nosso mundo psicopático (como diria Alexis Carrel, no "Homem esse desconhecido") precisaria em maior número, para ser mais habitável, e é de pessoas assim que eu tenho, desde muito cedo, procurado encontrar (como me aconselhou meu pai), para com essas pessoas partilharmos identificações e comungarmos valores comuns e, com isso, irmos acumulando o maior, mais valioso e sempre cada vez mais valorizável "Património de Afetos com Pessoas humanamente valiosas", esse património que é a maior de todas as fortunas, que resiste a todas as crises, à erosão do tempo, da distância e da ausência e, ainda assim, continua a valorizar.
Vêm estas minhas considerações prévias a propósito da forma como, em palavras e atitudes, o meu caro Eduardo, enfrenta as suas grandes vicissitudes da vida - as pessoais e as que se ligam às pessoas que ama, sejam amigos ou parentes. É por demais evidente a forma altruísta em que Eduardo Gosson está na vida, dando de si o melhor aos outros, com amor, enfrentando tudo corajosamente e sem desfalecimentos, mesmo quando as intensas dores poderiam paralisar qualquer um.
Foram duríssimas e grandemente intensas as suas perdas, em espaço de tempo tão curto, mas o modo como as tem enfrentado é grandioso e sublime. A sua decisão de escrever uma crónica sobre cada um de seus tão amados familiares, como forma de “mantê-los vivos na memória”, porque, como Vc diz, “o esquecimento é o grande abandono” e, como diria Brecht, "a indiferença é o maior dos crimes", essa sua decisão, publicamente assumida, é um ato muito corajoso e simultaneamente generoso, mas é também de sublime grandeza e beleza do seu Amor.
Mas Eduardo Gosson, é herdeiro duma rica e ancestral cultura, ele é como o sólido cedro do Líbano, com que se construiu o mítico e lendário Templo de Salomão e Certamente que lhe corre nas veias, em genes, a seiva desses Cedros misturada com o sangue brasileiro e, como diz o dramaturgo espanhol Alejandro Casonana na famosa peça "As Árvores Morrem de Pé", ele, Eduardo Gosson, é como essas arvores, esses fortes cedros do Líbano que Morrem de Pé.
Bastará, para exemplificar a natureza do carácter nobre e forte de Eduardo Gosson e para ilustrar esse seu poder de sublimação, pensar na força de uma primeira referência que nos estremece, sacode, mas enternece, nesta sua primeira Crónica dedicada a seu pai.
Logo no título pungente de sinceridade exposta, do homem simples e grandioso, do verdadeiro Poeta que se desnuda nas suas emoções, sem mais palavras vãs, apenas com as palavras exactas que lhe vieram como título para as suas Crónica, palavras que vêm lá de dentro do seu fundo, onde mora seu Amor:
"EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO!"
Eis, o que dizia Eça de Queiroz no subtítulo da "Relíquia"..."sobre a nudez forte da verdade – o manto diáfano da fantasia”.
Mas Eduardo Gosson logo se afirma como esse forte cedro do Líbano, que mesmo muito dorido, não desfalece em resgatar a memória dos que muito amou e se foram lá para o Oriente Eterno, onde nasce o glorioso sol. Diz Eduado Gosson:
"...Passarei a falar sobre cada um deles porque é preciso sarar o luto,
enterrar os mortos e evitar o esquecimento.”
Ao ler, emocionado, esta expressão, ocorreu-me logo o que disse uma das mais fortes personalidades e um dos mais brilhantes estadistas e governante da história de Portugal, que por ver o estado de atraso de Portugal no Século das Luzes, o Marquês de Pombal, então poderoso Primeiro Ministro, do débil D. José I, manipulado pelos excessivos poderes acumulados dos privilegiados, se viu obrigado a delegar o goverrno e o poder no Marquês de Pombal, homem de inabaláel carácter e forte persoonalidade, inteligente e culto, profunfo conhecedor da grande modernidade da Europa mais avançada, que conhecia bem como diplomata, e tinha sido embaixador em Inglaterra.
Como primeiro ministro e face à situação de degradação de Portugal e do debilidade do poder do monarca, o Marquês de Pombal D. Sebastião de Carvalho e Melo, voluntariosamente assume o poder da Coroa, como “Ditador Esclarecido” face à incapacidade e incompetência do Rei D. José I, aos abusivos privilégios e poderes concentrados de uma nobreza parasitária, a um poder indiscriminado dos jesuítas da Companhia de Jesus, a uma cruel Inquisição que se impunha ao estado, e ao contra poder dos judeus que dominavam toda a economia e finanças, monopolizando-a e que exigiam obter imorais benefícios da reconstrução da cidade e resto do país, em escombros depois do terrível Terramoto.
Perante este contexto e as graves consequências de um dos mais terríveis Terramotos da história da Europa, que atingiu mais Lisboa, mas também outras cidades, e ocorreu às 9,45m do dia 1 de Novembro (Dia e todos os Santos) de 1755, face à dor e ao profundo abatimento paralizante da Corte e do Rei e da pequena parte dos sobreviventes da cidade de Lisboa - totalmente destruída em dois terços, pejada de uma população de mais de 60.000 mortos, numa população de 250.000 habitantes - fez calar o seu próprio choro e o choro colectivo acabrunhado dos sobreviventes, respondendo à patética pergunta do Rei – “E agora ?” - com a sua célebre frase, que demonstrou a sua dimensão e firmeza e virou imediatamente em, Ação, Lei e Ordem:
"Agora é preciso fazer o luto, começando já a enterrar os mortos, a cuidar dos vivos, e reconstruir a cidade, resgatando as suas memórias!"
Eduardo Gosson é assim, um desses homens raros, inspiradores, exemplares, com tanto de doçura afetuosa e de apego ao amor pelos outros, quanto é aquele forte cedro que enfrenta todas as erosões, todas as tempestades e, com firmeza e objetividade, embora “doendo muito”, segue em frente, preenche os vazios com o resgate das memórias, faz o luto, continuando a eterna construção, sempre inacabada, do SER e do FAZER e, como os cedros gigantes, "Morrerá de Pé", só como metáfora, porque HOMENS ASSIM, NUNCA MORRERÃO!
E eu não precisei de muitos e longos anos de convivência e amizade para disto ter a certeza. Basta-me constatar a transparência e a postura assumida em duas ou três atitudes e posturas fortemente definidores de alguém, para poder aqui e agora concluir este meu comentário, confessando:
Eduardo Gosson, VC, amigo, é uma lição de vida e sempre me emociona por aquilo que é o seu modo de SER, ESTAR e FAZER !
Receba um solidário e muito afetuoso abraço, junto com a minha admiração, e também em nome de Selma, minha esposa e sua amiga e igualmente sua admiradora. Disponha inteiramente destes seus amigos.

(*)

Carlos Morais dos Santos

Membro do Conselho Consultivo da UBE-RN

EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO - X

Por Eduardo Gosson (*)
Meu filho fausto
Porque em vida
Foste puro, justo e bom
Deus, na hora extrema,
Resgatou-te das trevas
Sim, meu filho
Quero dormir eternamente
Junto de ti
Porque agora dormes
Com Deus.
Os filhos vem ao mundo para enterrar os pais e não os pais enterrarem os filhos. É a ordem natural das coisas. Entretanto, fui surpreendido: dia 27 de maio de 2012 quando enterrei o meu filho FAUSTO chamado na intimidade de “fafau”.
Adverte o Poeta Agostinho Neto, primeiro presidente de Angola, após o fim do colonialismo, que “não basta que seja justa a nossa causa/é preciso que a beleza e a justiça existam dentro de nós”. E Fausto era puro, justo e bom. Demonstrou nos seus breves 28 anos de vida. Era gêmeo com Thiago. Filho com a minha primeira esposa a médica pediatra Maria Gorette Fernandes de Melo . Alguns atos a seguir relatados provam à afirmativa:
1º ATO - muito apegado ao irmão Thiago. Qualquer hora do dia ou da noite acordava-o para oferecer comida.
2º ATO - quando o irmão demorava a chegar da Faculdade, ligava para todas as pessoas que conhecia tentando localizá-lo.
3º ATO – filho amoroso, ligava pelo menos três vezes ao dia para mim. Muita vezes, ligava às 22h para dizer: “- papai, estou te ligando só para ouvir a tua voz”. Guardava 02 exemplares dos livros que escrevi no seu quarto e mostrava a todos que iam visitar-lhe. Tinha orgulho de mim.
4º ATO – ligava diariamente para as filhas Hulimase Maria e Maria Eduarda que moram no interior. Sofria por não tê-las perto. Tinha consciência da impossibilidade por causa da sua DEPENDÊNCIA QUÍMICA.
5º ATO - Muitas vezes ficava sem comer porque dava todo o seu almoço aos mendigos. Seu cristianismo era dos primeiros tempos.
Escrevo essas linhas para compartilhar com os meus poucos leitores a saudade que sinto do meu filho Fausto.Afirma Chico Buarque: “a saudade é o pior tormento/ É pior do que o esquecimento/a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”.
Maior choque que sofri na vida, eu não sabia que doía tanto!
(*) Presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/RN
Foram duríssimas e grandemente intensas as suas perdas, em espaço de tempo tão curto, mas o modo como as tem enfrentado é grandioso e sublime. A sua decisão de escrever uma crónica sobre cada um de seus tão amados familiares, como forma de “mantê-los vivos na memória”, porque, como Vc diz, “o esquecimento é o grande abandono” e, como diria Brecht, "a indiferença é o maior dos crimes", essa sua decisão, publicamente assumida, é um ato muito corajoso e simultaneamente generoso, mas é também de sublime grandeza e beleza do seu Amor.
Mas Eduardo Gosson, é herdeiro duma rica e ancestral cultura, ele é como o sólido cedro do Líbano, com que se construiu o mítico e lendário Templo de Salomão e Certamente que lhe corre nas veias, em genes, a seiva desses Cedros misturada com o sangue brasileiro e, como diz o dramaturgo espanhol Alejandro Casonana na famosa peça "As Árvores Morrem de Pé", ele, Eduardo Gosson, é como essas arvores, esses fortes cedros do Líbano que Morrem de Pé.
SAUDADES? Certamente muitas! Mas como disse Álvaro de Campos (Fernando Pessoa), na Ode Marítima; "...Sozinho, no cais deserto, nesta manhã de Verão,
"... Ah, todo o cais é uma saudade de pedra! ..."
Logo no título pungente de sinceridade exposta, do homem simples e grandioso, do verdadeiro Poeta que se desnuda nas suas emoções, sem mais palavras vãs, apenas com as palavras exactas que lhe vieram como título para as suas Crónica, palavras que vêm lá de dentro do seu fundo, onde mora seu Amor:
"EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO!"



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