quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PRESIDENTE DA UBE/RN EDUARDO GOSSON E A POETISA LÚCIA HELENA PEREIRA FAZEM SAUDAÇÃO AO POETA CUBANO FELIX CONTRERAS





                                                                    Eduardo Gosson
                                                             Presidente da UBE/RN

SAUDAÇÃO AO POETA CUBANO FÉLIX CONTRERAS
NA ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS

Ilustríssimo Poeta Diógenes da Cunha Lima
Digníssimo Presidente da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras
Meus confrades e confreiras da União Brasileira de Escritores
Meus Senhores e Minhas Senhoras




                    (fala de Eduardo)         
                    Em breves palavras podemos dizer que Félix Contreras nasceu em Pinar Del Rio, Cuba, no ano de 1940.  Formado  na Escola para Professores de Arte. Poeta, ensaísta, jornalista e pesquisador da música popular e tradicional cubana, sua história  vasta e rica é cheia de sabedoria. Abandonado pela mãe aos cinco anos de idade, foi resgatado por um padre que lhe ensinou a ler e escrever.
                        Fundador do El Caimán Barbudo importante revista mensal que agrupou a melhor poesia cubana dos últimos anos, publicou ainda Cuba Internacional, Bohemia, Juventude Rebelde, Prensa Latina, Granma Internacional. Publicou os seguintes livros: o tempo cara (1968), alguém tinha que vir (1972), Notebook para o nasciturno (1978), como o seu coração (1987), Vida Album (2003) e para você, por você (no Uruguai e Brasil). Pesquisador da música cubana, publicou  Porque eles tem Filin (1991), Gardel e assim é a rosa (1992), música cubana: uma questão pessoal (2001) e Eu conheci o Benny Moré (2002). Conferencista, tem andado na Bélgica, Espanha, México,  Argentina e Brasil.Único cubano a pertencer a Academia Nacional de Tango da Argentina, grande figura humana e poeta de Cuba para o mundo.
                  Após estas breves considerações, pedimos a seleta  platéia licença para fugirmos às formas  tradicionais de saudação e escrevermos um belo poema com várias mãos:   
(fala de Lúcia Helena)

Poeta,
Se há oceanos
Que nos separam,
Não importa!

(fala de Eduardo)

Em Brasil pegam avião para mim

“Com um bilhete de avião dos amigos brasileiros
eu viajei todo o Brasil e conheci muitos poetas
Rio de Janeiro e sua gente tão próxima à de Havana
São Paulo e suas máquinas
Paraíba com a justiça que sonha mudar verde
Natal onde árvores paredes livros poemas
levantam a casa de Horácio Paiva
e assim que se chega e fica o pão sobre a mesa
e se escreve um poema
posso falar de Mário Quintana
morador dos hotéis
de Porto Alegre onde jantei com ele
traficante de ironias, piadas e formosas secretárias
sabendo que a poesia é mal remunerada
mas ninguém como o poeta
conhece os maus e bons pensamentos
Meu roteiro me levou a Recife
e na maior livraria da cidade
coalhada de todos os humores
que mistério que mistério: poucos compram
e a maré de volumes
sobe
sobe
sobe
Era verão
mas Vinícius de Morais não estava em Ipanema
olhando as garotas e seu violão
sumido em um bloco de cimento não cantava mais
Em Campina Grande uma formosa garota
escreve versos lava pratos
paga as contas de sua  morada com o suor de seu trabalho e
ao pé de seus poemas assina:
Fidelia Cassandra
Em Angatuba
situada como um ninho de pássaros
longe da fumaça dos motores de São Paulo
asfaltada de gabinetes e telefones
me faziam perguntas:
—Como é Cuba, senhor?
— Persiste o socialismo em Cuba, senhor?
Ali os relógios ainda pegam a hora nas paredes
e os padres escrevem poemas sonetos
e palavras cruzadas
os limoeiros perfumam a tarde dos domingos
e aflora tudo o mistério que tem o final das coisas
Ao fim cheguei ao Rio envolto nos morros
da gente que esquece a vida ruim
com a música e a dança
morei na casa de Manoel Carlos
em Santa Tereza
em suas mãos olhei
a justiça social que procuram
tantas mulheres meninos homens
No Rio eu sentia o cheiro de minha Havana.

(fala de Lucia)

“Poeta,
Se há um regime
Que nos separa,
Não importa!


(fala de Lucia)

“O concreto é o homem
o que sofremos
choramos
sobretudo a parte doente da  vida
essa mulher esse homem
que vão pela rua perguntando
à justiça que  é o concreto
mas a mão fica muito distante do que pede o sonho
e as estrelas e a lua choram
mas seja o que a vida determine
porque o concreto é o homem”
(FERREIRA GULAR, de Félix Contreras)

(fala de Eduardo)
Um homem dorme
Para Antonio Martins
Em Rio
São Paulo
em Recife
um homem dorme na rua,
a gente passa
mas, ele dorme,
em sua cama dura
mas, ele dorme
no solo frio
mas, dorme.
graças ao duro ofício que aprendeu
quando dexou de ser homem
e ficou mendigo
para dormir na rua.

(fala de Lúcia)

Poeta,
Se há  cidades
Que nos separam,
Não importa!

(fala de Eduardo)
“Com curiosidade  sentimental procurei  em Recife
a Manuel Bandeira
e as provincianas rosas que exalam seus poemas
me acompanhavam Verlaine, Guimarães Rosa,
Vinícius de Morais, Mário de Andrade e o variado
Fernando Pessoa
Mas
Manuel Bandeira andava arrumando o mundo
Pedindo governos honestos soldados e coronéis
Com honradez dos monumentos das praças
Ruas sem misérias
Mares sem marismas letais águas limpas
Mães para as crianças meninas
E manhãs
Para a gente que procura vida.”
(MANUEL BANDEIRA, de Félix Contreras)




(fala de Lucia)
“Poeta,
Se há ilhas
Que nos separam
Não importa!

(fala de Eduardo)

“Asas abanam o azul do céu
num passeio matutino pelo vale verde de minha infância
e assobia sinfonia de amores,
canções do vento,
melodias de outrora.

(fala  de Lucia)

“É Félix Contreras, poeta que Havana festeja
E todos os cubanos  aplaudem
Pela festa que ele faz,com suas asas emblemáticas
Voando pelo infinito da poesia!

(fala de Eduardo)

“Ele é o pássaro azul do verde cubano,
É a poesia de asas abertas voando
Pelos céus de Cuba e do Brasil,
Onde a beleza se fez e a poesia se manifesta
Como forma de amor, alegria, saudade!

(fala de  Lucia)

“Este é um poema  de improviso,
que um pássaro azul veio trazer-me,
como presente, das  mil e quinhentas ilhas,
que formam o arquipélago cubano,
de uma imensa poesia de rio
chamada Félix Contreras!”
(O PÀSSARO AZUL DO VERDE CUBANO, de Lúcia Helena Pereira)

(Eduardo e Lúcia)
Poeta,
Se há oceanos,
Se há um regime,
Se há  cidades,
Se há ilhas
Que nos separam
Não importa!

A Poesia nos Conforta!

 Natal/RN, 28 de agosto de 2012

(*) Eduardo Antonio Gosson é poeta. Presidente da UBE/RN
(**) Lúcia Helena Pereira é poetisa. Diretora de Divulgação da UBE/RN

(após esta última parte, sairemos em direção ao auditório que será estimulado a recitar os poemas de FÉLIX que estarão dentro de uma cesta; terminamos a saudação indo em direção ao poeta e repetindo:
“-A poesia nos conforta!”)

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