quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Pela vontade comum da Nação Cubana
No caso de Cuba, o tema migratório tem sido historicamente alvo de fortes campanhas midiáticas, projetadas e dirigidas pelo governo dos Estados Unidos e de outras forças que nesse país se opuseram à Revolução, desde seu próprio começo. Sua manipulação teve como propósito alastrar a confusão na opinião pública internacional e em nosso povo. Foram muitas as vítimas, inclusive mortais, das dramáticas situações geradas a partir da politização por parte dos inimigos de Cuba desta sensível questão.
É por isso que qualquer análise que se fizer da problemática migratória cubana deve ter em conta, inexoravelmente, a política de hostilidade que o governo dos EUA implementou contra nosso país, por mais de 50 anos. A aplicação de um bloqueio econômico, ilegal e genocida, e a tentativa de construir uma oposição interna, mediante ações subversivas e o emprego de agentes a soldo, têm sido seus componentes essenciais. A referida política incluiu desde campanhas na mídia e o "roubo de cérebros", até atentados terroristas, sabotagens e agressões de todo o tipo.
A política migratória de Cuba, ao longo de todos estes anos de Revolução, alicerçou no reconhecimento do direito dos cidadãos a viajar, a emigrar ou residir no estrangeiro e na decisão de favorecer as relações entre a Nação e a sua emigração. Ao mesmo tempo esteve fundamentada no direito legítimo de defender-nos da agressividade de Washington. As disposições para regular os fluxos migratórios do país foram adotadas em meio de circunstâncias impostas pelas agressões que, nesta esfera, foram lançadas pelas diferentes administrações norte-americanas, com o estímulo de seus aliados em Miami.
Como expressou o presidente Raúl Castro, no encerramento do 8º período ordinário de Sessões da Assembleia Nacional do Poder Popular, em 23 de dezembro de 2011 "... não podemos esquecer que somos o único país do planeta a cujos cidadãos lhes é permitido se assentarem e trabalharem no território dos Estados Unidos sem visto algum... em virtude da criminal Lei de Ajuste Cubano... e a política ‘pés secos, pés molhados’, que favorece o tráfico de pessoas e provocou inúmeras mortes de inocentes".
Desde o próprio começo da Revolução, nosso país foi vítima do despojo indiscriminado de seus profissionais. Mais de metade dos 6 mil médicos com que contávamos naquele momento emigraram, fundamentalmente para os Estados Unidos. Um grande número dos melhores engenheiros e técnicos também foi alentado a emigrar, com o propósito de impedir o desenvolvimento econômico e social da nação. A estas ações, se acrescentaria, posteriormente, entre outros, o programa de vistos para profissionais da saúde cubanos, implementado por Washington em 2006, com similares objetivos.
Portanto, enquanto persistirem as políticas que favorecem o "roubo de cérebros", dirigidas a despojar-nos dos recursos humanos imprescindíveis para o desenvolvimento econômico, social e científico do país, Cuba será obrigada a implementar medidas para defender-se nesse front.
A dupla moral e o caráter desumano desta política, que estimula por um lado as saídas ilegais do país, e pelo outro obstaculiza a possibilidade de emigrar de maneira legal, ordenada e segura, teve a clara intenção de converter os cubanos que desejam estabelecer-se noutros países em supostos opositores políticos e num fator de desestabilização interna.
Como consequência desta política irracional e irresponsável, ao longo de todos estes anos, se produziram várias crises migratórias: Camarioca em 1965, Mariel em 1980 e a "crise dos balseiros" de 1994.
Apesar disso, Cuba mostrou sua permanente disposição de cooperar na busca de soluções razoáveis a este complexo problema e trabalhou de forma constante para normalizar as relações com seus emigrados, favorecer as vias para uma emigração ordenada e segura, assim como facilitar as viagens dos cidadãos ao exterior por assuntos particulares.
As novas medidas migratórias anunciadas por decisão soberana do Estado cubano, não são um fato isolado, mas se inscrevem no processo irreversível de normalização das relações da emigração com sua Pátria.
A imensa maioria dos cubanos assente em mais de 150 países mantém vínculos estáveis com sua Pátria e com seus familiares, se opõe ao bloqueio e não deseja a aplicação de uma política agressiva contra seu país de origem.
Na despedida a sua Santidade Bento XVI, em 28 de março passado, o presidente cubano expressou: "Reconhecemos a contribuição patriótica da emigração cubana, desde a contribuição decisiva à nossa independência dos tabaqueiros de Tampa e Cayo Hueso e todos os que foram sustento dos anseios de José Martí, até os que se opõem hoje aos que atacam Cuba e manipulam o tema migratório com fins políticos. Temos realizado prolongados esforços para atingir a normalização plena das relações de Cuba com sua emigração que sente amor pela Pátria e por suas famílias e teimaremos nisso, pela vontade comum da nossa Nação".
Editorial do Jornal Granma em 17/10/2012
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