Rinaldo Barros
(*) Rinaldo Barros
A conversa de hoje foi gestada ao longo desses meses já decorridos neste corrente 2013, tempo em que, por dever de ofício, mergulhei no complexo contexto dos conceitos, dificuldades e relações a construir para o nosso tão sonhado desenvolvimento econômico sustentável.
Confesso que, em minha visão humanista, não conseguia (estou ainda aprendendo) enxergar direito a maioria das inúmeras nuances desse mundo dos macroinvestimentos capazes de alavancar e destruir obras maravilhosas, transformadoras da vida de milhões de pessoas.
Vai ficando cada vez mais claro que o patropi não dará o salto essencial em sua economia sem que consigamos, de fato, aplicar um choque de produtividade, que significa incorporação permanente de inovação tecnológica. Em outras palavras, é fundamental a vinculação direta do processo de produção do conhecimento em favor do aumento da competitividade do setor produtivo nacional.
Nossos problemas são complexos e não irão embora sem muito esforço e trabalho conjunto – governo, mercado e sociedade civil organizada, com planejamento participativo; tudo para aumentar a produtividade, com controle da qualidade, em todos os setores da economia.
A boa notícia é que o país está mais eficiente no mercado de serviços e, em que pese o risco do endividamento das famílias, constata-se a inclusão de milhões de pessoas no acesso a empréstimos bancários, o que dinamizou o mercado de imóveis e o comércio de bens duráveis.
Todavia, na outra face da moeda, muitos empreendimentos importantes dependem ainda da melhoria da logística e da infraestrutura, com ênfase na precariedade e ineficiência em todos os modais de transportes (estradas, ferrovias, portos e aeroportos), sem falar na lentidão preocupante dos investimentos em linhas de transmissão de energia elétrica; o que, com os atuais (baixos) níveis dos reservatórios das hidrelétricas - coloca toda a economia verde-amarela em sinal de alerta vermelho.
Em outras palavras, temos dois brasis: um país que ganhou produtividade e vai muito bem obrigado; e outro país que não se modernizou e que deixou um dos trens do desenvolvimento econômico passar, perdeu tempo e oportunidades.
É preciso organizar as forças vivas da economia para um novo esforço, no sentido de repensar e modernizar toda a infraestrutura, bem como, a matriz energética brasileira, utilizando – sem medo – os eficientes instrumentos da parceria público privada ou das concessões onerosas, mobilizando, seduzindo civicamente todos os grandes investidores, urbi et orbi.
É oportuno registrar que já se vislumbra um novo cenário para o mercado de consumo na economia dos países emergentes, patropi incluso.
Segundo a mais recente edição da revista Exame, em algumas décadas, o consumo das economias emergentes, somadas, significará cerca de 2,5 bilhões de pessoas, ou quarenta por cento da população do planeta, com provável intensificação das relações comerciais entre os próprios emergentes; fenômeno que os tornarão menos vulneráveis a oscilações no comércio globalizado. É vento forte na vela do nosso barco.
Lembremos que, atualmente, entre os emergentes, o Brasil já é o país de maior consumo interno, assemelhando-se a Índia e a China; guardadas as devidas proporções e as diferenças culturais.
Todavia, não é novidade para o leitor que a desigualdade também continua, ou seja, o perfil das oportunidades muda de acordo com as diferenças internas, geográficas, econômicas e sociais.
Mais uma vez, podemos separar dois brasis: um do Sul, Sudeste e parte do Nordeste (Bahia, Pernambuco e Ceará), cuja população tende crescer menos, com aumento da renda per capita e melhores perspectivas para o aumento da produtividade; e o outro Brasil do Centro-Oeste, Norte e a maior parte do Nordeste, com alto crescimento populacional e problemas graves de capacitação da força de trabalho e baixo investimento em infraestrutura e inovação tecnológica.
Resumo da ópera: É urgente que o nosso país – cada região, cada Estado da Federação - supere gargalos importantes de infraestrutura e logística, aliado a uma forte política de atração de investimentos e capacitação de recursos humanos, para possibilitar que as empresas instaladas no patropi trabalhem com custos e preços competitivos globalmente.
Para tanto, governo e investidores privados precisam ser sócios no plano estratégico de negócios, cujo produto final será o “Brasil desenvolvido”. A fila tem que andar.
(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
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