domingo, 21 de abril de 2013

Se povo entender, a coisa vai
(*) Rinaldo Barros
Dizem que é errando que se aprende. Mas, em educação, o patropi errou tanto e por tanto tempo e parece que não aprendeu. Isso porque manteve o erro em vez de corrigi-lo.
A passividade do continuísmo, do insatisfatório, levou o Brasil ao que estamos reduzidos hoje: somos um dos últimos classificados no ranking mundial da educação escolar, apesar de o nosso PIB estar entre os dez maiores do mundo.
Numa simples leitura, o Brasil está mais rico do que educado.
Relembro aqui que existe a grande massa da população que é pobre e sem a educação formal que a capacite a qualquer trabalho mais elaborado que o braçal.  
Pra complicar ainda mais, ultimamente, os professores têm sido responsabilizados pelos pais para educarem os seus filhos, numa sobrecarga que não lhes compete. Por outro lado, cobra-se uma educação de melhor qualidade, sem o mínimo de material necessário de formação atualizada, de valorização pessoal, de salário compatível com a sua importância na construção de uma sociedade saudável.  
Nenhum jovem brasileiro quer ser professor, mas muitos querem ser políticos. Até mesmo os "cassados" não abandonam a política, enquanto professores competentes abandonam suas carreiras para poderem sobreviver financeiramente ou, pior, escapar da violência nas escolas.
O meu maior desejo é que cada professor tivesse, a cada semestre, as férias dos seus sonhos, junto às pessoas queridas, com tudo pago, desde os preparativos até o álbum de recordações. Que descansassem as mentes com atividades lúdicas, culturais, baladas, festas, passeios, restaurantes, shows, e tudo mais que tivessem vontade na hora... Não custa sonhar, nem desejar o bem às pessoas que merecem. 
Todos precisam nutrir seus corpos e mentes com exercícios fisiológicos e psicológicos, como andar, dormir, alimentação saudável, passear por parques, visitar museus, ir a cinemas e a teatros - tudo isso envolvendo principalmente os filhos no que for possível.
Todavia, o meu maior sonho mesmo é ver reinventado o respeito pelo papel social do professor em nossa sociedade. Ver um dia os estudantes de todos os níveis levantarem-se ao perceber a chegada do professor em sala de aula. E somente se sentar com a permissão do mestre. Para os mais novos, informo que isso já existiu um dia aqui mesmo no patropi.
Como diz Cristovam Buarque, ex-ministro da Educação (demitido – por telefone – pelo apedeuta e ex-presidente Lula), “educacionista é a pessoa que acredita na educação como um dos pilares da recuperação do Brasil”.
Todos os professores brasileiros poderiam tentar despertar o educacionismo profundamente adormecido dentro de si, ou até mesmo recuperá-lo do coma que entrou por tanto descaso que sofreu.
A boa notícia é que a ciência já pode ajudar na construção de um modelo de gestão que permita conciliar a preservação dos recursos naturais com as pressões advindas do aumento populacional, da concentração urbana e do desenvolvimento econômico.
Um dos caminhos possíveis é o desenvolvimento de novas tecnologias de manejo (a serem adotados nos planejamentos urbanísticos), que contribuam para a redução do impacto da urbanização.
Nesse sentido, ciência e técnica apresentam-se como instrumentos para buscar soluções para os problemas socioeconômicos, inclusos os do processo ensino-aprendizagem para a transmissão do conhecimento às novas gerações.
Ou seja, temos a faca e o queijo para transformar o patropi num país cada vez mais rico, mas – principalmente – numa sociedade mais educada para construir o porvir com mais dignidade.
Falta cumprir a “filosofia” de cumpade João: “se o povo entender, a coisa vai”.


(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com







     

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