segunda-feira, 29 de julho de 2013

 Governo do PT colide com o recado de Francisco
(*) Rinaldo Barros
Boa parte dos brasileiros está fazendo manifestações nas vias públicas, em sinal de protesto ao mau desempenho do governo petista; tendo como pano de fundo que “é possível construir um mundo melhor”.
Reclamam de um visível caos na administração pública federal, atingindo o Judiciário e o Legislativo que, desnorteados com tanto desgoverno criado pelo Executivo, vai respingando em todos os estados e municípios, e até nas empresas estatais.
A saúde, educação, segurança, transporte público e todos os demais serviços públicos, dever do governo e direito do cidadão, deteriorou tanto que boa parte do povo perdeu a paciência e engrossou as fileiras dos protestos; os quais estão apenas no começo.
Falta de dinheiro não pode ser: há em abundância para financiar Cuba, Angola, Sudão, Venezuela entre outros. E por que não há recursos para atender a sua verdadeira finalidade, os serviços públicos pelos quais os brasileiros são onerados com a maior carga tributária mundial?
Falta realismo para encarar os problemas. Os dirigentes do PT vivem num mundo de fantasia, de costas para o povo, e por isso os seus atos não resolvem os problemas e acabam piorando em vez de melhorar.
A propósito da falta de “semancol”, Dilma conseguiu o que parecia impossível: apequenar-se ainda mais do que já está na visão dos brasileiros e do mundo. Em queda livre, segundo pesquisa da CNI/IBOPE.
A diferença entre o discurso presidencial e as palavras do Papa foi chocante... Como o Papa não aceitou seu convite para uma visita como Chefe de Estado, quando Dilma poderia colar em sua figura querida e carismática, dividindo palcos e palanques e usando as imagens em sua propaganda eleitoral; a presidente usou do pouco espaço que lhe restou recepcionando-o, para fazer propaganda antecipada de seu governo, pelo que deveria ser penalizada pelo TSE. Realmente não poderia ter sido mais constrangedor.
Lamentavelmente, Dilma perdeu a chance histórica de - se tivesse percebido que existe apoio político nessa energia vinda das ruas e das redes sociais - dar novos rumos à nação, exigindo dos aliados (que ocupam os 39 ministérios e milhares de cargos) compromisso programático com as grandes prioridades da sociedade brasileira, na economia e na esfera sociocultural; inventando um novo futuro para o Brasil.
Todavia, optou pelo pragmatismo, de olho em 2014.
No outro lado da moeda, lembro quando a missa era rezada em latim - com o padre olhando para o alto e de costas para os fiéis. A impressão que tínhamos era a de que o padre falava com Deus, com aquelas palavras que ninguém entendia.
O Vaticano, que ao longo da história foi um Estado poderoso se sobrepondo a muitos reinados e ditando as leis pelo mundo, punia cruelmente as transgressões a códigos de costumes.
Começou a perder terreno e carisma, tentando conter a drenagem da fé, mas sem recuperar o espaço perdido que cada vez mais parecia irreversível. É isso o que Francisco quer recuperar.
O Papa Francisco tem um impressionante “jogo de cena”, extraordinária presença cênica.
Sua habilidade de comunicador se equipara à do carismático João Paulo II. Mas suas palavras são duras: condena como ídolos a uma série de ideais que são típicos de nossa sociedade, que orientam a vida da maioria das pessoas, que até mesmo os pais apresentam aos filhos, como riqueza, poder e sucesso. 
Esta dureza de suas palavras é acolhida entusiasticamente pelos jovens, não apenas pela capacidade comunicativa, mas sim pela percepção de uma autoridade moral que só nasce em quem é sincero, em quem proclama com a boca aquilo que está no coração. E o povão percebe e sente a sinceridade e a simplicidade do Papa Francisco; o qual tem condições subjetivas de transformar a Igreja católica e suas relações com o mundo.
Francisco registrou a importância da aproximação solidária com os pobres: “Mesmo em nossa vida cristã, caros irmãos e irmãs, oração e ação estão sempre profundamente unidos. Uma oração que não leve a ações concretas para o irmão pobre, o doente, o carente de ajuda, o necessitado, é uma oração estéril e incompleta”.
É como se o cardeal jesuíta Jorge Bergoglio reproduzisse a Teologia da Libertação, com ênfase na esfera cultural, com uma linguagem fácil que todos entendem. Pode funcionar!
Resumo da ópera: Sem dúvida nenhuma, Francisco deu o seu recado e cumpre sua missão tentando resgatar os valores do cristianismo - como Estadista, de frente para o povo; conquistando corações e mentes. Ao contrário do PT que - em colisão com a orientação do Papa - rasgou os seus princípios (desde 2002) para ganhar eleições e fazer acordos espúrios para governar, de costas para o povo, buscando perpetuar-se no poder, apenas pelo poder; e está perdendo corações e mentes. Tantum defectum Latinam...

(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com

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