"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo
começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".
(Chico Xavier)
(Chico Xavier)
Nesta conversa, vou tentar uma parceria com você, leitor,
com muita esperança de que o nosso patropi possa ser um lugar melhor para
nossos filhos e netos. Falaremos sobre Democracia e alternância do Poder.
O homem contemporâneo conquistou grande número de direitos,
impensáveis para sociedades anteriores. Era comum aos governantes realizarem
suas vontades e disporem de seus súditos como bem entendessem.
É exatamente o desvirtuamento das políticas por algum
“déspota” que pode pôr em perigo as conquistas populares, ainda bem recentes.
Na Democracia, a alternância de Poder é imprescindível para que novos métodos
políticos e administrativos sejam introduzidos.
É vazia a sugestão de que a permanência por mandatos
seguidos seria reconhecimento por obra feita e uma necessidade de continuidade
das políticas implantadas. Governos bem avaliados podem fazer sucessores na
mesma linha de ação sem o risco do personalismo da continuidade no Poder.
A Democracia não é perfeita, nem é o processo mais rápido de
todos. São necessárias décadas para que mudanças concretas sejam operadas, e
geralmente, as vantagens destas mudanças não são percebidas por todos.
Outra maneira de frustrar a verdadeira alternância é o
próprio governo desistir de seu programa de mudanças no meio do caminho. Tal
como vivenciamos com o PT governo.
Infelizmente, a preocupação com temas como a alternância de
Poder no Brasil parece ainda distante tanto da população como da classe
política. Tanto é verdade que, desde o fim dos anos 90, temos a possibilidade
de reeleição para todos os cargos políticos.
Além da reeleição, é ainda facultado ao político voltar ao mesmo cargo
após o afastamento durante um período eleitoral de quatro anos.
Nossa tradição de mudanças sempre foi feita de cima pra
baixo, ou seja, os mais importantes projetos políticos, bons ou ruins, sempre
foram postos “goela abaixo” da população, que não se organizava de forma
coerente para lutar pelos seus interesses.
A Independência foi um destes casos. O regime monárquico instalado
no Brasil nada mais era do que uma ramificação do português, tanto que, ao
abdicar da coroa imperial, D. Pedro partiu para a Europa para assumir o Poder
como sucessor do trono português.
A Proclamação da República segue o mesmo padrão, onde a participação
popular foi nula. Na verdade, o brasileiro comum apenas assistiu de camarote a
evolução dos acontecimentos. Na prática, ficaríamos nas mãos dos militares, que
voltariam frequentemente a interferir na vida política brasileira.
Talvez o principal problema nesses anos de formação da
República é que não tínhamos população preparada para o embate político. No
meio deste vácuo de Poder, quem poderia ditar as regras seriam as classes
dominantes, chamadas de “zelites” por alguns.
A situação não mudaria com a chamada revolução de 1930. Tal
movimento serviu apenas para deixar as coisas no mesmo estado, já que os
“revolucionários” tinham uma agenda bastante parecida com a da classe removida
do poder. O Estado Novo, implantado por Vargas, foi mais do mesmo, sem qualquer
movimentação popular à vista. Mais algum tempo, e os militares voltam a
interferir na vida política do país em 1964.
Finalmente, após anos de políticas elitizadas, podemos
identificar as primeiras e verdadeiras manifestações populares com o objetivo
de conquistar direitos sociais. Essa movimentação teve um ponto culminante no
movimento Diretas Já, que reuniria cerca de um milhão de simpatizantes no eixo
Rio-São Paulo.
Infelizmente, os movimentos populares eram ainda muito
recentes e sua desorganização impedia que fizessem a pressão necessária ao
regime ditatorial para que este cedesse incondicional e imediatamente.
A concreta restauração da Democracia só ocorreu no fim da
década de 80, com a primeira eleição direta para Presidente, após quase 30
anos. Desde as eleições de 1989 até hoje, temos um quadro de alternância de
Poder que, mesmo imperfeito, continua a se manter nesses últimos vinte anos.
A alternância de Poder, que era um assunto que estava
anos-luz da realidade política brasileira, agora, está na Ordem do Dia.
Essa alternância tem sido importante para o fortalecimento
da Democracia brasileira.
Será que, nestas eleições de 2014, a nossa ainda frágil
Democracia está novamente em perigo?
Como queria Chico, a resposta está na mente e no coração do
povo; está na sua mão, caro (e)leitor.
(*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com
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