A distância entre o Céu e a Terra
Percorridas num olhar
O brilho íngreme das estrelas
A quem iluminará?
Das sobras, o cheiro fétido
Dos desprovidos de alegria
Aos ouvidos despreparados
Dos corações de pedra
Que se engelhem
Os pensamentos nocivos
Pelas lentes inumanas
De um olhar apreensivo
Pois, visto que a fome e a miséria
Estarão sempre em pauta
Numa próxima ata
De uma, mais miserável, reunião
Sempre haverá alguém
Com sede de justiça
E, injustiçados
Indiferentes à própria dor
Tendo à vista
Os amores esquecidos
Os amigos do presente e do passado
Um alguém, hoje, ao lado
A estrada, um palco, o lar
Um corpo, dois ou três
Teoria da igualdade
Posta de lado
Pelo simples atalho
Graças as estrofes
Que se misturam no falar
Convivendo com dias e noites
A vista do interpretar
Tendo em vista
Os lamentos noturnos
Os argumentos diurnos
De quem “livre” se vê
Amando e vivendo
Vivendo o amor
Amando viver
E, ao baixar o grande espelho
Se tem em vista,
O grande espectro temido
Espectador passivo do existir
O escravo, você
A experiência rejeitada
Do parecer de um nada
Na ironia mascada
Do desejo de mudar o mundo
A alma ferida do artista
Marcada pelo incesto das palavras
Magoada pela inconstância do saber
A quem, ou o que dizer
Sobre o despreparo do alvorecer
De impor o claro sobre o escuro
Do que se tem à vista
Gente, bichos a perecer
Trabalho sem objetivo
Justificativa de vida
Obra prima sem capítulo final
Sumário sem glossário
Vista sem visão
Tendo em vista
A incompreensão das letras
Quando se forma a expressão
O autor pede desculpas
O compositor pede perdão
O leigo pede ajuda
Ao que tem maior saber
O que não tem vista é o cego
Ou é aquele que não quer ver?
(Eugênio Ponciano)
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