terça-feira, 22 de março de 2016

CRÔNICAS DO SERTÃO – III
Por Eduardo Gosson(*)
“É dura a desgraça, porém , dói menos que um bem que vem e logo passa”
                                                  Sânzio Azevedo

O MDB que cabia num fusquinha no Rio Grande do Norte  decidiu lançar candidato à prefeito na cidade de Caraúbas, sendo escolhido   Zimar Fernandes. Só que na reta final a cúpula partidária percebeu que iria perder. Em Caraúbas o PDS tinha o controle absoluto do eleitorado e tinha duas facções: uma parte ligada aos Rosados em Mossoró e a outra era ligada aos Maias. Foi aí que alguém ligado ao MDB local deu a solução: só havia uma possibilidade para ganhar a eleição. Seria um assalto ao carro pagador que vinha de Mossoró com o dinheiro dos trabalhadores rurais alistados nas frentes de emergência. Aí a família Carneiro entrou em cena mostrando a sua coragem. Interceptaram o carro num determinado ponto da estrada que liga Caraúbas  à Mossoró. Houve intenso tiroteio entre os Carneiros e os guardas que terminaram se rendendo. De posse dos 94  milhões de cruzeiros, o MDB no dia da eleição derramou todo esse dinheiro  no município ganhando a eleição: fez o prefeito e a maioria na Câmara dos Vereadores.
A partir daí fui me afastando da atividade política naquele munícipio porque como militante de esquerda não podia concordar com tais práticas políticas. Todos os que participaram do processo eleitoral e não cumpriram com os acordos com a família Carneiro morreram. Eles eram de uma frieza espantosa:  faziam amizade com a pessoa que ia virar defunto e, quando menos se esperava, eles matavam o sujeito. Os carneiros tinham códigos medievais de conduta. Muito parecido com a máfia italiana.
Eles matam e  depois mandam flores? Ou mandam flores e depois matam?
(*) Presidente da UBE-RN

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