sexta-feira, 5 de novembro de 2010

POESIA DE CIRO JOSÉ TAVARES


ATOS FINAIS


In Além da Rosa- dos –Ventos

1990

Navega-me Phlebas,

amargurada gênese fenícia de Eliot.

Submersos assistimos livros resgatados

às empoeiradas prateleiras da terra desolada

Um dia, quem sabe?

Teu galeão conduzirá

derradeiros utensílios e ossos.

Reserva-me parte da carcaça

para sepultar nas sombras velhos sonhos.

E cabides.

Cabides, sobretudo!

para exposição das roupas abandonadas e poídas.

Lava meu corpo com o sal das preamares oceânicas,

retirando o mofo transpirado através das brechas seculares.

Acorrenta-me aos milimétricos desenhos,

gravados nos mosaicos.

Quero-me, limitado, escalar pálidas paredes

e tocar roofs beijados de chuvas.

Viajo-te, Phlebas,

para que possas escorar tuas ruínas,

viajando minhas dores infinitas.

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