Lima Neto em reverência a saudade
Historiador por formação, e apaixonado por literatura desde a infância, Lima Neto não teve dúvidas na hora de decidir a carreira a ser seguida. O jovem autor potiguar assume que abdicou da vida de historiador e pesquisador para seguir na literatura. Amanhã (2), lança sua terceira obra, “Elegia à Saudade & outras histórias do Lugar das Palavras”, na Livraria Siciliano do Midway Mall, a partir das 19h. Segundo o escritor, seus textos falam por si só. “Eles são parte de mim e eu sou parte deles. Cada palavra possui vida, cada personagem sou eu, foi uma vivência. Eles são o sonho que vivi e a vida que sonhei”, revela.
Elegia à Saudade, por Lima Neto
Saudade, és das mais belas, tristes, alegres e complexas palavras da língua portuguesa. Difícil de traduzir, fácil sentir. Falar-te é sentir-te. Enche-se o peito e depois deixa-se soltar-te na boca, e como um suspiro, és aos poucos liberada. Enches não só nosso peito, mas todo nosso ser de Lembranças, esta outra palavra tão doce na boca quanto a mais doce lembrança que suscita.
No entanto, Saudade, tu és também cruel, como só as mais cruéis palavras sabem ser. Lembra-nos Solidão, a falta que uma pessoa, que algo nos faz. Trazes junto a ti esta companhia que nos faz tão mal, a Solidão, tão pesada, fardo que, muitas vezes, não estamos acostumados, que nunca queremos carregar. Solidão chega sem pedir, com seus sons fortes que impõe medo.
Mas, Saudade, tu, também trazes consigo outras palavras e sentimentos, como Sonho. Este tão terno, que nos faz-nos sonhar acordados, pensando nas esperanças de um retorno.
E tu, Retorno, que tanto nos tira o sono, por ti tanto esperamos, pois a nossa vida depende de ti! Saudade nos faz sonhar com o retorno que inebria nossos sonhos, pois é tão suave, chega tão natural como uma brisa no fim de tarde.
Saudade, para o bem ou para o mal, nunca nos desvinculamos de ti, pois és inerente a nós, humanos, tão frágeis, facilmente domados por simples, delicadas, fortes e marcantes palavras.
Sentimos-te, vivemos-te, sofremos-te, Saudade, tu que nunca se aplaca em nosso peito, que muda de forma, mas nunca deixas de ser saudade, a doce, a cruel e irredutível Saudade.
Saudade remete-nos a lugares e pessoas, na maioria das vezes, mas ela consegue abraçar tanto, tudo, que é impossível fugir de suas garras, que muitas vezes nos ferem o peito, de tanto pensar nela.
Saudade, faz-nos acordar à noite, ver o que ninguém mais pode ver na escuridão, brincando com nossos sentidos. Faz-nos sentir cheiros, toques, calores, sabores e até mesmo escutar a tua voz sussurrante, ao pé do nosso ouvido.
SAU-DA-DE, és bela em tua essência, mas cruel, em teus atos, e nós, homens, que nos julgamos tão fortes, mostramo-nos tão fracos a ponto de sermos tão facilmente domados por ti.
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