Nasceu numa casa cujo nome era The Homestead, construída pelos avós Samuel Fowler Dickinson e Lucretia Gunn Dickinson, no ano de 1813. Samuel Fowler era advogado e foi um dos principais fundadores do Amherst College. Era a segunda filha de Edward e Emily Norcross Dickinson.
Proveniente de uma família abastada, Emily teve formação escolar irrepreensível, chegando a cursar durante um ano o South Hadley Female Seminary. Abandonou o seminário após se recusar, publicamente, a declarar sua fé.
Quando findou os estudos, Emily retornou à casa dos pais para deles cuidar, juntamente com a irmã Lavínia que, como ela, nunca se casou.
Em torno de Emily, construiu-se o mito acerca de sua personalidade solitária. Tanto que a denominavam de a “Grande Reclusa”. É importante que se diga, que este comportamento de Emily coadunava-se com o modelo de conduta feminina que era apregoado no Massachusetts de Oitocentos. Emily, em raros momentos, deixou sua vida reclusa, tanto que em toda sua vida, apenas fez viagens para a Filadélfia para tratar de problemas de visão, uma para Washington e Boston. Foi numa destas viagens que Emily conheceu dois homens que teriam marcada influência em sua vida e inspiração poética: Charles Wadsworth e Thomas Wentworth Higginson.
Emily conheceu Charles Wadsworth, um clérigo de 41 anos, em sua viagem à Filadélfia. Alguns críticos creditam a Wadsworth, como sendo o alvo de grande parte dos poemas de amor escritos por Emily.
Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily Dickinson tem como fonte as correspondências que ela manteve com algumas pessoas. Entre elas: Susan Dickinson, que era sua cunhada e vizinha, colegas de escola, familiares e alguns intelectuais como Samuel Bowles, o Dr. e a Mrs. J. G. Holland, T. W. Higginson e Helen Hunt Jackson. Nestas cartas, além de tecer comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas.
Foi somente em torno do ano de 1858 que Emily deu início a confecção dos «fascicles» (livros manuscritos com suas composições) , produzidos e encadernados à mão.
É intensa a sua produção de 1860 até 1870, quando compôs centenas de poemas por ano. Em 1862, envia quatro poemas ao crítico Thomas Higginson que, não compreendendo inteiramente sua poesia, a desaconselha de publicá-los.
A partir de 1864, surpreendida por problemas de visão, arrefece um pouco o ritmo de sua escrita. Uma curiosidade na obra de Emily Dickinson é que apesar de ter escrito em torno de 1800 poemas e quase 1000 cartas, ela não chegou a publicar nenhum livro de versos, enquanto viveu. Os registros que se tem, é que apenas anonimamente, publicou alguns poemas.
Toda a sua obra foi editada postumamente, sendo reconhecida e aclamada pelos críticos.
Emily faleceu em 15 de maio de 1886 em Amherst, Massachusetts.
A edição crítica completa, organizada por Thomas H. Johnson, contando com 1775 poemas, ocorreu apenas em 1955, após seu acervo ter sido transferido para a Universidade de Harvard. Posteriormente acrescida de outros poemas, em 1999, surge outra edição, organizada por R. W. Franklin, com 1789 poemas.
Atualmente a casa, onde ela nasceu e viveu, "The Homestead" é aberta para visitação no período de Março a Dezembro.
[editar] Obras
- Poems by Emily Dickinson - Organização de Mabel Loomis Todd & T. W. Higginson. Boston: Robert Brothers, 1890.
- The poems of Emily Dickinson, 3 volumes. Organização de Thomas H. Johnson. Cambridge: The Belknap Press, Harvard University Press, 1955.
- The letters of Emily Dickinson, 3 volumes. Organização de Thomas H. Johnson & Theodora Ward. Cambridge: The Belknap Press, Harvard University, 1958.
- The complete poems of Emily Dickinson. Organização de Thomas H. Johnson. Boston e Toronto: Little, Brown and Company, 1960.
- The manuscript books of Emily Dickinson, 2 volumes. Organização de R. W. Franklin. Cambridge e Londres: The Belknap Press, Harvard University Press, 1981.
- The masters letters of Emily Dickinson. Organização de R. W. Franklin. Amherst: Amherst College Press, 1986.
- The poems of Emily Dickinson. Organização de R. W. Franklin. Cambridge e Londres: The Belknap Press, Harvard University Press, 1999.
[editar] Características literárias
Emily Dickinson, em toda sua vida, não publicou mais do que dez poemas, algumas vezes anonimamente, e teve sua numerosa obra reconhecida só após a morte. Sua vida discreta e misteriosa desafia até hoje os estudiosos de sua obra. Sua poesia possui uma liberdade sintática única, muito próxima do uso oral da língua, é densa e paradoxal como sua vida. Em sua enigmática literatura, criou um idioma poético próprio, desprezando as fórmulas ou a regularidade convencional.
Augusto de Campos, na tradução publicada em edição de 2008, pela Unicamp, observa: “Cruzam-se em sua poesia os traços de um panteísmo espiritualizado, de uma solidão-solitude, ora serena ora desesperada, e de uma visão abismal do universo e do ser humano. Micro e macrocosmo compactados em aforismos poéticos[2]”.
A partir de elementos triviais, cotidianos, domésticos, do vestuário, por exemplo, bem como de pequenos seres da natureza, Dickinson dá vida às coisas, formando quadros considerados, por vezes, verdadeiramente surreais, embora expresse idéias bastante claras através de uma linguagem muito plástica. Em razão desta ressalva, é que muitos podem considerá-la como pertencente à chamada poesia metafísica, somando-se isto a um certo misticismo.
Carlos Daglian, ao escrever sobre Emily Dickinson, informa que sua obra poética está condensada no expressivo número de 1.800 poemas. Nascida nos Estados Unidos em 1830, a escritora sempre viveu na pequena Amherst, próxima de Boston que, no século XIX, era uma das regiões mais conservadoras daquele pais.O impressionante é que nos seus 56 anos de vida, quase a metade foi de completa reclusão. Devemos à sua irmã, Lavínia, a descoberta dos escritos de Emily. Até então e graças aos amigos, apenas 10 haviam sido publicados anonimamente. Depois que ela morreu, Lavínia encontrou numa gaveta repleta de papeis desordenados uma grande quantidade de poemas, em fascículos costurados e folhas soltas.
A própria Lavínia, que desconhecia a magnitude do trabalho da irmã, resolveu enfrentar a difícil tarefa de resgatá-lo.E começou sua luta procurando fazer contato com Thomas Higginson, influente crítico literário da época e que, por 30 anos, rejeitara os versos a ele submetidos por Emily. Restou à Lavínia a idéia de uma parceria com Mabel Todd, uma obscura escritora. Se bem que pouco promissora, a associação obteve sucesso absoluto.Depois de uma primeira edição póstuma e inesperada acolhida vieram as outras e o crítico não assistiu o triunfo da beleza que tanto renegara.
Emily Dickinson:
(fragmentos retirados do livro Alguns poemas, traduzido por José Lira)
“ nunca sabemos se nos vamos ao sairmos –
Rindo a Porta fechamos –
Passa o destino atrás e põe a trava –
E nunca mais voltamos”.
“Essa memória, como os pés do cedro,
Na pedra é que se calça –
Nem se pode matar uma lembrança
Que já se arraigou
Os seus brotos de ferro dispersados
Florescerão de novo”.
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