sexta-feira, 22 de abril de 2011

VARÍNIA


Diante do corpo de Spartacus pregado numa cruz

Varínia estremeceu ao experimentar

o amargor vendo os restos do trácio cobertos de sangue.

Seu olhar era o de alguém que bebera as lágrimas do mundo.

Chegou perto e tocou os pés presos ao madeiro pelos cravos,

Como se quisesse interromper o momento

Entre o fim e o princípio da eternidade.

Olhos semicerrados, cabeça caída para frente.

O gladiador crucificado por Marcus Licinius Crassus

Respondeu estertorante ao sinal suave da mulher:

Varínia, Varínia, porque me abandonaste

Ela fez descer o capuz e abriu a túnica de lã

E gritou alto para que muitos escutassem:

Eis o fruto da semente que plantaste no meu ventre.

Brotou belo como a luz da estrela gigante sobre Brindisi.

Crescerá sabendo tudo de Spartacus

E quando tiver as mãos fortes e calosas como as tuas

Nelas depositarei o gládio que te pertenceu,

Símbolo da liberdade conquistada,

Herança transmitida aos filhos dos seus filhos.

Ao longo das gerações teu suplício, rebelde servil,

Será convertido em vitória e princípio de uma vida nova.

Assim, Varínia e Spartacus serão lembrados até o fim dos dias.

nascido em Brindisi

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