Diante do corpo de Spartacus pregado numa cruz
Varínia estremeceu ao experimentar
o amargor vendo os restos do trácio cobertos de sangue.
Seu olhar era o de alguém que bebera as lágrimas do mundo.
Chegou perto e tocou os pés presos ao madeiro pelos cravos,
Como se quisesse interromper o momento
Entre o fim e o princípio da eternidade.
Olhos semicerrados, cabeça caída para frente.
O gladiador crucificado por Marcus Licinius Crassus
Respondeu estertorante ao sinal suave da mulher:
Varínia, Varínia, porque me abandonaste
Ela fez descer o capuz e abriu a túnica de lã
E gritou alto para que muitos escutassem:
Eis o fruto da semente que plantaste no meu ventre.
Brotou belo como a luz da estrela gigante sobre Brindisi.
Crescerá sabendo tudo de Spartacus
E quando tiver as mãos fortes e calosas como as tuas
Nelas depositarei o gládio que te pertenceu,
Símbolo da liberdade conquistada,
Herança transmitida aos filhos dos seus filhos.
Ao longo das gerações teu suplício, rebelde servil,
Será convertido em vitória e princípio de uma vida nova.
Assim, Varínia e Spartacus serão lembrados até o fim dos dias.
nascido em Brindisi
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