terça-feira, 3 de maio de 2011

A CAMINHADA DOS TRABALHADORES DA SAÚDE






De volta à senzala

O combate ao trabalho escravo surgiu na Inglaterra, nos idos do século XVII, no seio de um grupo de protestantes conhecidos como Quakers, logo depois a doutrina abolicionista fora reproduzido por outros grupos de evangélicos, já na América católica, século XIX os iluministas e os liberais acompanharam o pensamento desses abolicionistas. Na Inglaterra, decretou-se a abolição da escravatura em 1833. O Brasil, em 1988, através da publicação da conhecida Lei Áurea fora o último país do nosso continente a abolir a escravatura. A escravidão sempre foi um negócio rentável.

O nosso país só viveu a abolição dos escravos após a lei do ventre livre, a criança após os 8 anos de idade era considerada livre, porém, sem ter onde morar nem o que comer ou vestir,... permanecia trabalhando no engenho até sua maioridade, ou seja, permaneceria escrava, e a sexagenária, o escravo era livre ao completar seus 60 anos de vida, ou seja, velho, doente e sem poder trabalhar o indivíduo era abandonado a sua má sorte. A falta de Políticas Sociais culminou num grande problema social, sem amparo algum estavam predestinados a uma vida de miséria e a morte como indigente.

Com o fim da escravidão tentou-se substituir os escravos pelos índios brasileiros na lavoura, porém, a raça indígena não se adaptava ao trabalho agrícola e sistemático, tão pouco ao estilo de trabalho dos negros, os índios se rebelavam, fugiam, outros até suicidava, por inaptidão a esses tipos de serviços, e não por preguiça como alguns registram. Então restou ao senhorio contratar uma nova mão de obra, os senhores agora optaram pelos imigrantes europeus; conhecedores de direitos trabalhistas chegaram ao país e começaram a lutar por conquistas de direitos trabalhistas.

Desde outrora, os historiadores registram também a participação da classe burguesa nos movimentos populares, os burgueses (e governantes) se infiltram até hoje nas revoluções populares transvestidos de operários, socialistas,... Eles estão inseridos em seguimentos que representam a sociedade e os trabalhadores, na sua prática defendem interesses patronais, partidários, particulares e dos governos, usam os espaços em que se encontra para autopromoção, e/ou promover seus grupos partidários, “Os fins justificam os meios”.

Manipulam a mídia, desarticulam, freiam ou dominam as lutas das classes operárias, e dos menos favorecidos, eles(as) tumultuam ou abortam os avanços para que, nunca tenhamos um governo verdadeiramente democrático, e/ou os trabalhadores com salário justo pelo seu dia de trabalho, condições dignas de sobrevivência, boa qualidade dos serviços público gratuito, transporte urbano, moradia, lazer, saneamento. É o “espírito de Judas”, estão no nosso meio, põe a mão no prato conosco, e a qualquer momento irá nos trair e nos vender por apenas 30 moedas de prata.

Estamos de fato retrocedendo e de volta a senzala, a concentração de fortunas é tão semelhante quanto a dos Senhores de engenho, os trabalhadores quando muito têm é o que comer e onde dormir, nossas jornadas de trabalho são tão árduas, que geram o desgastes na estrutura física e psíquica do indivíduo, postos de trabalho em condições horrendas, há desvalorização pelo trabalho humano e o assédio moral sempre em evidência; somos o Cristo de todo desequilíbrio econômico, todavia os trabalhadores são crucificados por qualquer surto de recessão, imigrantes são aliciados pelos “olheiros” que os incentivam a trabalhar no exterior, os forasteiros deixam seu país em busca de um trabalho rentável no exterior, e quando lá chegam têm os seus documentos confiscados, são submetidos a trabalho em condições subumanas, prisões, escravidão, e abandono nas ruas. E o tráfico de mulheres, os loverboys (homens que fingem estarem apaixonados) fazem promessas de trabalho no mundo da moda ou do turismo, estatísticas apontam aproximadamente 4 milhões de mulheres vítimas de exploração sexual.

E o que nos resta? Esperar que imigrantes cruzem as fronteiras novamente e venham nos libertar dessa opressão? Ou ressuscitarmos ao 3º dia?

Alexandre Pedro da Costa

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