A poetisa Diva Cunha, toma posse na ANL - Academia Norte Rio Grandense de Letras,
onde vai ocupar a Cadeira nº. 30.
FONTE:www.culturaseafectoslusofonos.blogspot.com
Diva Cunha, ou mais completamente Diva Maria Cunha Ferreira de Macedo, é há muito considerada uma das mais brilhantes e notáveis representantes da nova poesia brasileira do Rio Grande do Norte, refletindo em cada uma das suas obras publicadas uma poesia que se vai elevando cada vez mais em fina pureza estética e musical, embalando e arrastando o leitor para fora do livro e de seus poemas e o conduzindo a soltar-se em voos pelas nuvens livres do sonho, do imaginário ideal, em que se cantam madrigais de amor, ora contido, ora se exprimindo em alegrias ou dores de gozo, ora chorando baixinho esperanças perdidas e desenganos, mas sempre com uma poética em que a palavra, a metáfora, a depuração da essência do verso, a sblimação poética, atinge um nível de branca, nua e franca beleza, como um campo de lírios que se expande para além do olhar.
Diva Cunha é, sem dúvida, uma das mais brilhantes poetisas contemporâneas da moderna poesia brasileira e, a par com Marize de Castro, transcende o conceito de poesia local, regional (Potiguar), para se situar num plano de poesia que encontra sentido e respiração nos espaços mais abertos da moderna poesia lusófona.
Nascida em 10 de dezembro de 1947, em Natal, (RN), Diva Cunha está se revelando uma das principais poetas da contemporaneidade. Formou-se em Letras, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e fez a pós-graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, defendendo a dissertação Dom Sebastião: a metáfora de uma espera. Foi professora de Literatura Portuguesa no curso de Letras da UFRN, até aposentar-se, e, atualmente, faz o curso de doutorado na Universidade de Barcelona, e integra os quadros da Universidade Potiguar, onde ensina História da Literatura do Rio Grande do Norte e Cultura Brasileira, temas que se tornaram objeto de inúmeras pesquisas.
Seu primeiro livro — Canto de página — revelou já uma poetisa madura, com extrema capacidade de manejo do verso e com uma dicção própria. Os seguintes — Palavra estampada e Coração de lata — Resina - reforçam a noção de uma poética que trabalha a emoção e a razão, tentando atingir o equilíbrio possível entre elas.
Diógenes da Cunha Lima,
Advogado, jornalista, escritor, poeta
Advogado, jornalista, escritor, poeta
Presidente da ANL
Academia Norte Rio Grandense de Letras
POEMAS DE DIVA CUNHA
Jean-Léon Gérôme ( 1824-1904)
Certas mulheres catam coisas pequeninas
conchas, feijões, letras
outras distraem-se nos espelhos
contam rugas
algumas contam nuvens
criam cachorros e gatos como crianças
certas mulheres guardam mágoas
ressentimentos, botões, elásticos
algumas são como certos homens
não contam nada
ocupadas com coisas incontáveis
Jean-Léon Gérôme ( 1824-1904)
EM CASA SOZINHA...
Em casa sozinha
para matar meu desejo
leio poesias
não beijo
Me masturbo
e me contorço
leio poesias
não ouço
a voz
onda da pele clara
que aflora
sobre meus ossos
Em casa
entre coqueiros e arcos
ouço o desejo e passo
pelo fim do meu desejo
portas adentro atravesso
prendo sonhos entre paredes
minhas mãos prendem nos versos
os meus desejos inda verdes.
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