Para Elza
Ciro José Tavares
“Cá fiquei eu; e tu, neste circuito,
Foste na frente – e não perdeste muito”.
Goethe A Werther
Até morrer ficaram os restos das lembranças
Como pêndulos terminais expectantes
prontos para suspender a oscilação pelo desgaste.
Na obscuridade do salão ficamos enlaçados
Indiferentes ao ritmo da música que fingíamos ouvir,
na primeira vez que nos perdemos, no último
momento quando analisamos nossas vidas,
definimos o futuro insensíveis aos destinos.
Havia uma chuva martelando no telhado,
noite que arrastava no silêncio a tristeza
da dor e de minha vergonha de chorar.
Morreu dentro de nós a despedida.
Estamos tão distantes! Desaparecidos
aqueles que assistiram o principio e o fim,
mas faço um pedido que apenas em sonho posso ver:
Abre teus braços, dança ao som das canções dos ventos alpinos
que sopram ao entardecer sobre tua varanda fictícia,
rodopia, deixa que no giro a saia erga expondo a beleza do teu corpo.
Dança, grita na alegria enlouquecida:
Amei e a quem amei jamais conheceu o amor.
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