segunda-feira, 18 de julho de 2011

PAVANA


Para Elza

Ciro José Tavares

Cá fiquei eu; e tu, neste circuito,

Foste na frente – e não perdeste muito”.

Goethe A Werther


Até morrer ficaram os restos das lembranças

Como pêndulos terminais expectantes

prontos para suspender a oscilação pelo desgaste.

Na obscuridade do salão ficamos enlaçados

Indiferentes ao ritmo da música que fingíamos ouvir,

na primeira vez que nos perdemos, no último

momento quando analisamos nossas vidas,

definimos o futuro insensíveis aos destinos.

Havia uma chuva martelando no telhado,

noite que arrastava no silêncio a tristeza

da dor e de minha vergonha de chorar.

Morreu dentro de nós a despedida.

Estamos tão distantes! Desaparecidos

aqueles que assistiram o principio e o fim,

mas faço um pedido que apenas em sonho posso ver:

Abre teus braços, dança ao som das canções dos ventos alpinos

que sopram ao entardecer sobre tua varanda fictícia,

rodopia, deixa que no giro a saia erga expondo a beleza do teu corpo.

Dança, grita na alegria enlouquecida:

Amei e a quem amei jamais conheceu o amor.

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