sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

EDUARDO GOSSON E SUAS CRÔNICAS


 ESCRITOR E POETA
EDUARDO GOSSON
PRESIDENTE DA UBE/RN
             


                EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO – I
                Por Eduardo Gosson (*)

Viver é despedir-se – digo eu. “ Viver muito é doloroso porque  a gente vai enterrando os outros” – diz o Mestre Oscar Niemayer. Essas duas  citações vieram à mente depois que um ciclo de mortes  se abateu sobre a nossa família, aniquilando toda uma geração: foi inaugurado por meu pai  Elias Antonio Gosson,  em 27 de fevereiro de 1990, vítima de infarto agudo do miocárdio, e encerrado agora no dia 27 de dezembro último com Jorge Antonio Gosson. Seis irmãos partiram na Nau da Eternidade: Elias(1990) Francisco(1996), Hulimase(2002), Jamyles, José e Jorge(2011). Passarei a falar sobre cada um deles porque é preciso sarar o luto,  enterrar os mortos e evitar o esquecimento.”Morrer não dói, o que dói é o esquecimento”, proclama um guerrilheiro da Nuestra América: o Subcomandante Marcos.
Elias Antonio Gosson.  Exatamente numa terça-feira de Carnaval morria meu pai;daí, em poema, eu ter escrito: “Meu pai morreu numa terça-feira de Carnaval/para não ver a quarta-feira de Cinzas.”. Duas metáforas: morreu moço, aos cinqüenta e dois anos de idade e evitou estender a melancolia que nos acompanha no ocaso da vida.Era natural de Maranguape/Ceará, filho de Antonio José Gosson e Sofia Hamaney Gosson, ambos do Líbano, que ultrapassaram  fronteiras em busca de novos horizontes. Os árabes  ocuparam o Nordeste brasileiro nos primeiros trinta anos do século passado. Os  Gosson (significa Árvore Frondosa em Árabe)  que para cá vieram eram três irmãos: Antonio, Moisés e Abdon. Fixaram-se  em no Ceará, em Maranguape, terra de Chico Anísio. Após alguns anos o mais moço – Abdon- veio para o Rio Grande do Norte; depois, o meu avô Antonio e o outro   Moisés preferiu ficar em Maranguape/CE constituindo família. Na velhice sempre vinha nos visitar e guardo na lembrança a seguinte imagem: aquele senhor costumava botar os pés numa bacia de água morna e começava a barbear-se e a filosofar: “ – meu sobrinho,  essa vida sem uma ilusão é uma merda!”, num português arrastado.
Meu pai, dos seis irmãos, era o que tinha mais vocação para o comércio. Foi um misto de funcionário público, comerciante e jornalista. Escrevia semanalmente crônicas para os jornais, tinha um programa semanal na Rádio Trairi e foi presidente por longo 12 anos da Federação de Umbanda do RN: gostava de estudar as manifestações afro na Cultura  Brasileira. Na hierarquia do Candomblé chegou a ser babalorixá, o equivalente à cardeal no Catolicismo. Foi candidato  a vereador na legenda do MDB nos idos de 1970 em dobradinha com Antônio Câmara, obtendo em torno de 152  votos. Foi quando compreendeu que a nossa Democracia é de araque: só ganha quem tem e quem sabe gastar dinheiro na compra de votos. Tinha três qualidades que agradam a Deus: 1. Humildade; 2.simplicidade;3.honestidade. Hoje, mora na Nova Jerusalém, ao lado da resplandecente estrela da manhã!
   (*) Escritor e Poeta. Preside  a União Brasileira de Escritores – UBE/RN



EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO – II
Por Eduardo Gosson(*)

Dando continuidade ao percurso, a Nau da Eternidade pára para pegar mais um passageiro: Francisco  Antonio Gosson (Dezembro, 29, 1996). No último trimestre deste ano, o Prof. Francisco começou a sentir problemas com a voz e a garganta. Ficou preocupado porque seu ofício   era o de Professor da Faculdade de Farmácia, onde lecionava a disciplina de Parasitologia e Análise Clínica. Após exames de rotina, descobriu que era portador de um câncer na garganta. Entre a descoberta e a sua morte passaram-se três meses. No final do ano embarcou  em direção à Eternidade, deixando viúva a senhora Mercedez Fernandez (de nacionalidade Paraguaia) e um filho único: Ricardo Wagner Fernandez Gosson, que também formou-se em Farmácia. Ao contrário do meu pai – Elias Antonio  Gosson – não tinha a menor aptidão para o Comércio. Certa vez declarou: “—eu não teria a menor estrutura para passar o dia em pé, esperando o freguês”. A sua praia era a Ciência. Quando os microscópios da faculdade quebravam, não era preciso levá-los para São Paulo. Ele sabia consertá-los.
Gostava  muito de Música Erudita e das guarânias. Conheceu sua esposa quando foi cursar Medicina no Paraguai. Metódico  nos seus afazeres, dava aulas teóricas no turno da tarde, passava a noite estudando e corrigindo provas e a manhã dando aulas práticas no laboratório de Análises Clínicas.  O Professor Gosson (como era conhecido na Faculdade de Farmácia) gostava de escrever alguns poemas e pensamentos, um dos últimos se intitulara Uma Página Incompleta da Vida, que na 1ª estrofre diz o seguinte: “E de repente uma surpresa: a cortina do palco fechou-se em pleno espetáculo da Vida, sem haver terminado o ato final, o ator sem saber o porquê de tal acontecimento drástico e cruel, na ânsia de querer viver igual a outros seres na felicidade plena, para depois ser atirado na escuridão do pântano sem poder defender-se como ser humano...” .
 Embarcou aos 62 anos de idade, deixando uma imensa saudade.

(*) Escritor e poeta.   Preside a União Brasileira de Escritores - UBE/RN.
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 Embarcou aos  62 anos de idade, deixando uma imensa saudade.
(*) Escritor e poeta.   Preside a União Brasileira de Escritores - UBE/RN.









 EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO – III
Por Eduardo Gosson(*)


Hulimase Gosson. Hulimase em árabe significa brilhante. Nasceu em Maranguape/CE no dia 29 de agosto de 1926. Era a filha mais velha dos irmãos pertencentes a Antonio/Sofia. Aos 12 de idade já estava montada numa máquina de costura para ajudar aos familiares. Vindo seus pais para o Rio Grande do Norte em plena Segunda Guerra Mundial, aqui montou um ateliê de moda e foi pioneira no ofício de fazer saias plissadas: costurou de Maria Boa ao Dr. Januário Cicco. Quando a maternidade foi inaugurada, ela fez todas as cortinas para aquela instituição. Dr. Januário Cicco se apaixonou e propôs-lhe casamento. Certa vez declarou:  “—Ele era muito feio. E não o amava para casar”.
Quando meus  avós morreram, foi figura central em nossas vidas. Passou a ser arrimo de família. De estatura pequena, era dinâmica e autoritária: uma verdadeira matriarca. Quando falava todos os irmãos se calavam. Seu irmão José Gosson, desembargador recentemente falecido, formou-se em Alagoas, tendo sido financiado por ela. Muitas vezes ele viajava apenas com o dinheiro da ida. O da volta ainda ia apurar. Certa vez, José Gosson e seu colega de turma Ticiano Duarte, fizeram uma farra  e gastaram todo o dinheiro da volta. Para ela e para a minha segunda neta, escrevi:
  Canção para Hulimase:
Hulimase
“Brilhante”  em Árabe.
Dos cedros do Líbano
para o Nordeste brasileiro.
Aqui, instalaste o Reino do Matriarcado,
amamentando a todos nós.
No eterno nascer/morrer
partiste  para o infinito.
E, como diz o filósofo Heráclito:
“-ninguém se banha duas vezes
na  mesma  água do rio”.
Entretanto,
renasces agora em  Hulimase Maria
que vem ao mundo para perpetuar
 o milagre da vida
e trazer alegria aos nossos corações tão
sem esperança:
-- Ave, Hulimase!

Como tudo está datado e comprimido  pelas margens, partiu deste mundo em 08 de julho de 2002 às 1h30 da madrugada,  após uma dolorosa enfermidade: câncer no fígado. Eu fui o último dos Gosson a vê-la porque, naquele dia, naquele turno, era a minha  vez  de ficar com ela (os familiares fazíamos um rodízio). As  imagens que agora ralato me acompanham para sempre: presenciei o câncer estourar e a perda total de sangue pelo ânus. O corre-corre dos enfermeiros, a UTI e a indesejada das gentes chegar. Cenas muito fortes.
 Aqui na Terra só fez o bem: era generosa,  porém muito controlada.Todos que a procurava, imediatamente ela convidava para almoçar ou jantar. Dava comida e afeto. Fez um Testamento Público, deixando para os sobrinhos os seus bens. A mim deixou a tarefa de ser seu testamenteiro, o que farei com todo amor brevemente com a abertura de inventário. Anjo a nos proteger, imagino  sua chegada no Céu. Aqui peço os versos de Manuel Bandeira (a poesia é para quem dela precisa):
“Dá licença, São Pedro?
E São Pedro  Bonachão:
- entra, Hulimase!
Você não precisa pedir licença!”
Agora só comeremos seus quibes e charutos no Céu:  “-Eu não sabia que doía tanto”.
(*) Escritor e poeta. Preside a União Brasileira  de Escritores – UBE/RN








IV  - EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO
          Por Eduardo Gosson (*)
              Jamyles Gosson. Nasceu em Maranguape/CE em 17.03.1931 e faleceu em Natal/RN , no dia 29.07.2011, filha de Antônio José Gosson e Sofia  Hamaney Gosson. Figura central em minha vida criou-me;  minha mãe biológica - Maria Dantas de Araújo – tinha  problemas mentais (mais adiante falarei sobre ela) e não pôde cumprir a sua tarefa.
               Aos dois anos comecei a freqüentar semanalmente à casa dos meus avôs  e fui ficando e ficando... e  fiquei. Esta senhora praticou o madamento cristão de amar os outros conforme está nos Evangelhos. Amou-nos em três  dimensões: 1. Foi tia-mãe; 2. Criou os meus dois filhos; e 3. Atualmente criava a minha neta Rebeca (mais na frente falarei desse amor por minha neta). Ninguém amou uma criança mais do que ela.
              Lembro-me dela na loja-casa do meu avô, da Avenida Rio Branco, conhecido como Armarinho São Francisco.  ( Tempos bons: colocavam-se  cadeiras  na calçada e, muitas vezes, lá pela madrugada é quando íamos dormir). Lá tinha um quadro-negro onde aprendi as primeiras lições por um método  não convencional: quando  errava tinha palmatória. Quando a matéria era Matemática eu estava ferrado: apanhava muito. Deu-me a régua e o compasso existencial.
            Quando meus filhos Fausto e Thiago (gêmeos univitelinos) nasceram ela começou a transferir o seu amor para os dois. E amou-os incondicionalmente até que surgiu Rebeca – minha primeira neta. Logo os carinhos e mimos foram transferidos. A presença de Rebeca deu-lhe uma sobrevida. Após o falecimento de sua irmã Hulimase, viveu mais dez anos. Certa vez a feira estava no fim e só tinha uma laranja em casa;  precisava se alimentar nas horas certas em face da diabetes. Recusou-se alegando que aquela laranja era para quando Rebeca chegasse da escola. Outra imagem: no domingo à noite quando meu filho Thiago voltava do Culto com sua esposa e filha (aderiram ao Protestantismo), ela ficava na frente da casa da Rua Seridó com a sua bengala: “— Cadê a minha Rebeca que não chega?”  Não tinha simpatia pelo modo de ser protestante. Preferiu ficar no Catolicismo. Sua perda foi imensa e, até hoje, Rebeca não absorveu. Sempre chama pela tia-bisavó. Recentemente, quando íamos ao supermercado ela começou a dizer que estava com saudade da titia e seus olhos lacrimejavam. Imediatamente parei o carro no estacionamento e, juntos, começamos a chorar. Para reverenciar a sua memória, escrevi este poema:
JAMYLES
Tu foste
O nosso sol
Neste mundo
Sem amor,
Sem poesia,
Sem esperança.
De velas cegas
E de vazio esquecimento.

Os pássaros, agora,
executam uma Sinfonia:
“Jamyles 
mimosa”

“Jamyles
 mimosa”
Anunciando-te
Ao Reino de Deus.

                    Jamyles em árabe, meu querido leitor, significa mimosa: eu não sabia que doía tanto!

   (*) Escritor e poeta .Preside a União Brasileira de Escritores – UBE/RN







V - EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO
Por Eduardo Gosson (*)
                 “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e a graça é melhor do que a riqueza e o ouro”. (Provérbios, 22- 01)
José Gosson, o quinto passageiro  da Nau da Eternidade,  nasceu em 23 de Dezembro de 1929 em Maranguape/CE, filho de Antonio José Gosson e Sofia Hamaney Gosson . Antes de ingressar na Magistratura   foi cabo do Exército,jogador de Volei (segundo Jurandyr Navarro o melhor levantador do  Nordeste , apesar da sua baixa estatura), professor de História do Atheneu, Adjunto de Promotor.
Amigo do Governador Sylvio Pizza Pedrosa, este mandava o seu motorista particular ir buscá-lo para jogarem esse saudável esporte.
Ao ingressar, mediante Concurso Publico, na Magistratura do Rio Grande do Norte no longínquo ano de 1961, foi designado para a Comarca de São Miguel, no Alto Oeste Potiguar. Depois, foi removido para a Comarca de São Gonçalo/RN , sendo o 1º  Juiz desta Comarca. Removido para Natal, foi para a Vara Criminal e, logo em seguida, para a segunda vara Cível, permanecendo por dezoito anos até ser promovido ao cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do RN. Sobre a sua remoção para Natal/RN, deve-se ao amigo e escritor Jurandyr Navarro, que à época era o Secretário – Chefe da Casa Cível, no governo do Monsenhor Walfredo Gurgel (pelas regras, o Tribunal enviava uma lista tríplice e o Governador escolhia. Ao despachar com seu auxiliar, perguntara:
Governador:  “-Jurandyr, quem eu  nomeio nesta lista?”
Secretário: “—José Gosson, que é meu amigo”.
José Gosson humildemente conseguiu ultrapassar nomes fortes da magistratura. Portador de uma serenidade e tranqüilidade, o poeta e advogado trabalhista Gilberto Avelino dedicou-lhe um poema A Garça. Era adepto de que uma Conciliação era melhor que uma briga judicial (hoje, quando se fala tanto em Mutirão da Conciliação), é bom lembrá-lo como um Precursor.
Quando foi promovido ao cargo de desembargador, levou como assessor o Dr. Agamenon Fernandes, um magistrado aposentado conhecido pela sua eficiência.  Certa vez viajando para fazer correição nas comarcas, o Dr. Agamenon Fernandes perguntou-lhe: “- José Gosson, o amigo gostaria de morar naquela fazenda?”
Resposta na ponta da língua: “— prefiro um cantinho lá na penitenciária  João Chaves”. Era um cidadão totalmente urbano. Detestava a vida rural. Foi Corregedor, Vice-Presidente do TJ e membro do Conselho da Magistratura. Foi Corregedor, Vice-Presidente e Presidente do Tribunal Regional Eleitoral – TRE. Aposentou-se do cargo de desembargador  em Dezembro de 1999. Casou-se duas vezes, teve três filhas e cinco netos. Faleceu em 22 de Outubro de 2011, aos 82 anos de idade, vítima da diabetes.
(*) Preside a União Brasileira de Escritores – UBE/RN










EU NÃO SABIA QUE DOÍA TANTO – VI

Por Eduardo  Gosson(*)
Jorge Antônio Gosson esse é o seu nome. O último filho do casal Antonio José/Sofia Hamaney. Era o mais metódico dos seis irmãos. Formado em Contabilidade e em Economia, trabalhou durante muitos anos no BANCALDO até este   ser incorporado pelo Banco de Desenvolvimento do Rio Grande do Norte -BANDERN. Prestes  a se aposentar (trabalhara 34 anos e seis meses)  essa instituição bancária foi fechada pelo Banco Central. Com a falência do BANDERN também faliu Previdência dos funcionários e a aposentadoria caiu em torno de 70%. Essa previdência complementava a aposentadoria dos funcionários. Entrou na Justiça para garantir seus direitos: o seu processo foi até o Supremo Tribunal Federal – STF onde o Ministro Relator Maurício Correia sepultou seus sonhos, alegando que não poderia conceder o pedido formulado uma vez que o artigo X (não me recordo qual ) não havia sido regulamentado. Para tio Jorge que havia se programado para usufruir uma boa aposentadoria, foi uma enorme decepção. Afinal, quando o banco quebrou, ele ocupava um cargo de destaque: Contador Adjunto. Passou um tempo sem rumo até que apareceu um convite para ir trabalhar no Conselho Regional de Contabilidade onde ficou até adoecer de Mal de Parkinson.
Contador,  fazia o Imposto de Renda de todos da família. Às vezes, era questionado porque fulano ou beltrano tinha recebido mais de devolução. Honesto ao extremo, respondia: -“procure outro contador porque eu não faço  gambiarras”. Passou dez anos se preparando para casar: 1. Providenciou  a noiva, a professora Estela Cabral, do Vale do Açu/RN; 2.comprou e reformou uma casa perto do Colégio Marista; 3. Adquiriu os móveis; e 04. O casamento.
Sempre foi um bom irmão, esposo, pai e cidadão. Enquanto viveu deu assistência as  irmãs Hulimase (brilhante) e Jamyle (mimosa). Era quem administrava as contas delas. Sempre passava na hora do almoço para vê-las. Todos os imóveis adquiridos pela minha tia Hulimase, ele participou  seja construindo ou reformando. Ainda dava assistência a sua sogra e cunhadas.
Ao adoecer não soube resistir à doença. Os medicamentos  são caros, vive  faltando na UNICAT  e tem efeitos colaterais fortes: impotência ou  hipersexualidade; depressão; alucinações. Passou um ano entre os hospitais e a sua casa,  confortado pelo carinho da esposa. Já tinha feito traquestiomia: toda a sua alimentação era por sonda. Deus o chamou em 27 de dezembro de 2011 para sua Casa.  A sua partida fechou/abriu um ciclo: da 1ª geração não resta mais ninguém. Deixou duas filhas e dois netos.
Eu não sabia que doía tanto!
(*) Escritor e poeta. Preside a união brasileira de Escritores – UBE/RN

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