quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


Cinzas do Primeiro Dia
                             Ciro José Tavares


      Ninguém nas ruas sob o gris estirado no espaço,
      cedo só o vento trouxe a chuva, calou o que
restava
      de ruídos de fogos de artifício, volatizou encantos,
      deprimiu o dia na sua forma humana,
      brancos de repente encardidos de sol que não surgia.
      A água vergastava telhas com fúria de chicotes,
      fluía pelas velhas cicatrizes  temporais do teto,
caindo na mesa sobre restos das comemorações
e de bêbedos parecendo ratos anestesiados.
Os antigos, ao contrário,e seus rotos guarda-chuvas,
têm roupas encharcadas, sapatos molhados,
ofegantes pela pressa na fuga do mau tempo,
ao contornar poças e buscar  proteção sob marquises.
Esse hercúleo esforço para estar diante do altar
suplicantes  por uma nova aurora radiosa.
Não ouço ninguém nas ruas, só o látego da chuva
e  nos templos vozes antigas repetindo: Kyrie Eleison,
ruega por nosotros Senhora Del Mar.

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