Cinzas
do Primeiro Dia
Ciro José Tavares
Ninguém nas
ruas sob o gris estirado no espaço,
cedo só o
vento trouxe a chuva, calou o que
restava
restava
de ruídos de
fogos de artifício, volatizou encantos,
deprimiu o dia
na sua forma humana,
brancos de
repente encardidos de sol que não surgia.
A água
vergastava telhas com fúria de chicotes,
fluía pelas
velhas cicatrizes temporais do teto,
caindo na mesa sobre restos das
comemorações
e de bêbedos parecendo ratos
anestesiados.
Os antigos, ao contrário,e
seus rotos guarda-chuvas,
têm roupas encharcadas,
sapatos molhados,
ofegantes pela pressa na
fuga do mau tempo,
ao contornar poças e
buscar proteção sob marquises.
Esse hercúleo esforço para
estar diante do altar
suplicantes por uma nova aurora radiosa.
Não ouço ninguém nas ruas,
só o látego da chuva
e nos templos vozes antigas repetindo: Kyrie
Eleison,
ruega por nosotros Senhora
Del Mar.
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