segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

MORRE O FOLCLORISTA DEÍFILO GURGEL



ESTA NOITE MEUS OLHOS

                Deolindo Tavares

    Poesia de um grande poeta
    Para homenagear Deífilo Gurgel.


Esta noite meus olhos são

como um reduzido lago
ou planície de espelho onde tudo se reflete
num repouso mortal;
Esta noite adoremos a morte,
brevíssimo repouso para uma ressurreição
que nos tornará conhecidos de nosso espírito;
Esta noite adoremos a insônia
que é mais uma ave nos transportando às antigas memórias;
Esta noite é a noite da condenação
se nenhum anjo não vier nos iluminar:
Esta noite meus olhos são como profundos poços
onde mergulho sem voltar à tona.
Estão enxutos e as lágrimas
transmutaram-se em chuva refrescante
ou orvalho da manhã que ainda não nasceu.


Deífilo respondendo a ele próprio sobre a morte de Deífilo....."Garanto que o meu trabalho jamais desconhecerão, veja o caso de Kiko Santos meu irmão, os artistas lutaram para que o novo teatro de Mossoró tivesse o seu nome ai veja hoje o nome que tem..(ningúem sabe né???), morreu acabou, só fica a obra, os escritos, as pesquisas, o  meu trabalho nem o tempo apagará".
Poeta na adolescência, somente aos quarenta anos, Deífilo "descobriu" o Folclore e a ele passou a dedicar-se integralmente. Como poeta, escreveu três livros que pretende reunir numa Antologia, com alguns poemas inéditos.

Na área do Folclore, publicou outros quatro livros, sobre danças, João Redondo, Boi Calemba e romanceiro, frutos de suas pesquisas de campo pelos caminhos do
Rio Grande do Norte. Tem alguns trabalhos inéditos sobre romanceiro, conto popular e teatro de mamulengos. Nascido em Areia Branca/RN, no dia 22 de outubro de 1926, Deífilo reside em Natal desde 1944.

Considera-se um "provinciano incurável", como Luís da
Câmara Cascudo. Em suas pesquisas, tem-se aprofundado nas nossas raízes históricas, o que resultou em descobertas inéditas, como as de 1985, quando coletou exemplos do romanceiro popular ainda não registrados por qualquer outro pesquisador brasileiro, merecendo menção o "Cavalo Moleque Fogoso", de Fabião das Queimadas.

Sobre Deífilo Gurgel, Iaperi Araújo poeta, membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, escreveu:

"Eis o mérito do Prof. Deífilo Gurgel: buscou as fontes primárias. Palmilhou os caminhos do Rio Grande do Norte de máquina fotográfica e gravador a tiracolo, ouvindo gente, batendo em portas e sentando-se nos terreiros das casas humildes para ouvir contarem os fragmentos desbotados da tradição popular."
 
Qual a maior alegria na vida?
Sei nem lhe dizer. Sou muito frio, sem muitas expansões pra essas coisas: nem para alegria nem para tristeza. Quando meu pai faleceu, fui ao sepultamento em Mossoró. Os outros filhos choravam, mas eu não sentia vontade. Com minha mãe,também. Mas quando descobri Zoraide pela primeira vez, fiquei emocionado, admirando a beleza dela. As amigas diziam que era a mulher mais bonita da cidade. E eu, um provinciano que veio do oco do mundo, iria conquistar? Mas depois de muito assédio, conquistei a rainha.
E a maior decepção?
 VIVI E SEU QUERIDO MESTRE DA UFRN
PROFESSOR DEÍFILO GURGEL

Sou um cara que me acomodo muito com os percalços da vida. Mas o meu primeiro emprego veio quando passei em primeiro lugar entre 120 candidatos no concurso público para cargo de datilógrafo no Ipase. O gerente, Jurandir Cerri, viu meu interesse no serviço e fui promovido. Quando Getúlio Vargas foi deposto, o gerente eleito foi Eurico Dutra. Ele esculhambou o Ipase, quando eu já era delegado lá, e me substituiu por um contínuo do partido político dele. Eu nunca tive partido na vida. Aí fiz uma representação direta para o presidente Alcides Carneiro, da Paraíba. A resposta foi dez dias de suspensão. Não contei conversa e pedi demissão depois de oito anos no Ipase. Depois fui ser caixa no Banespa, onde passei 17 anos (nesse período, Deífilo se forma em Direito, em 67). Mas lá também pedi pra sair. (Texto Autor Desconhecido) .....Eu era meio doido nessa época. E me vi cinco meses desempregado, casado e com cinco filhos. (Texto Autor Desconhecido)............"Quando eu trabalhava na FJA, fui encarregado pela diretora da época, a negociar com Deífilo a venda do seu rico acervo sobre folclore, sua biblioteca; conversei inúmeras vezes com Deífilo e ele nunca aceitava realizar essa venda. Semanas depois eu fui procurado pelo mesmo que finalmente se decidiu a vender o seu mais importante bem: "O maior acervo sobre folclore do Brasil" pedia apenas uma importância de R$ 31.500.00, depois de muita conversa a FJA ofereceu como preço baseados em livros de sebo, a mísera importância de R$ 7.000.00 (sete mil reais) e a resposta dele foi curta e sábia: NÃO VENDO MAIS". rOgério Dias

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