sábado, 8 de dezembro de 2012

CUBA - 34º FESTIVAL INTERNACIONAL DO NOVO CINEMA LATINO-AMERICANO.‏


34º FESTIVAL INTERNACIONAL DO 
NOVO CINEMA LATINO-AMERICANO.
Longas-metragens privilegiados 
na busca do Coral
MIREYA CASTAÑEDA
Neste ano de 2012 são 21 os longas-metragens incluídos na Seção Oficial, para concorrer pelos prêmios Coral do 34º Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana (4 a 14 de dezembro).
Vaticinar quais serão os filmes vencedores envolve várias dificuldades. A primeira e não menor é a tradicional disputa entre júris, crítica e, especialmente, espectadores.
Partindo de não ter visto os filmes, é preciso então certos guias para tomar a decisão de quais filmes privilegiar na hora da escolha. Estes itens podem ser conhecer sobre o diretor, qual é sua estética, seus temas principais; depois interessam os atores que defendem os personagens, e também se esse título chega precedido por prêmios noutros festivais.
Desta vez, são nove os filmes (sem contar os cubanos, aos quais dedicamos a edição anterior) com essas vantagens prévias, de excelentes e conhecidos diretores, magníficos atores, ou prêmios já alcançados.
Post tenebras lux, do mexicano Carlos Reygadas, chega precedida pelo Prêmio ao Melhor Diretor, no Festival de Cannes 2012. Conta a história de Juan, um pai de família, jovem, abastado, obcecado pelo sexo e acostumado a mandar, que é assassinado por um de seus empregados.
O cinema de Reygadas é exigente com o espectador desde Japão, sua obra-prima (2002) e seguindo com Luz silenciosa (2007) ambas vencedoras em Cannes e Havana.
Outro filme a ser levado em conta é NÃO, do chileno Pablo Larraín, protagonizada pelo ator mexicano Gael García Bernal, onde retrata a campanha do plebiscito de 1988, que marcou o início do fim do governo militar de Augusto Pinochet, que tinha chegado ao poder mediante um golpe de Estado, em 1973.
O filme, baseado na obra de teatro do escritor chileno Antonio Skármeta, recebeu o prêmio Art Cinema, na Quinzena de Realizadores de Cannes.
Larraín realizou seu primeiro longa-metragem em 2005, Fuga, com o qual ganhou vários prêmios em festivais, e seus seguintes filmes, Tony Manero e Post Mortem, consolidaram sua ascensão.
O Elefante Branco enfrenta o júri e os espectadores com dois nomes relevantes da cinematografia argentina: o diretor Pablo Trapero e o ator Ricardo Darín. O filme toma o nome de um prédio situado num bairro de Buenos Aires. Vem precedido por inúmeros comentários, que o qualificam de "filme potente, forte, profundo, imponente e impressionante" e nele se apresenta a amizade entre dois padres: um argentino, Julián (Ricardo Darín ("fantástico e maravilhoso como sempre") e outro belga, Nicolás (Jérémie Rénier).
O Elefante Branco é o Opus 7 de Trapero, que com uma curta mas contundente carreira, implantou um marcadíssimo estilo pessoal, em filmes como Mundo grúa; El bonaerense; Leonera e Carancho.
O sexto, longa-metragem, "mais arriscado e mais autoral", dirigido pelo chileno Andrés Wood (El desquite, Machuca, La buena vida), é Violeta foi para o céu, pois coloca na tela a vida de um mito, de uma mulher portentosa, Violeta Parra.
Adaptada duma biografia homônima, escrita por Ángel Parra, um de seus filhos, Violeta foi para o céu ganhou o Grande Prêmio Internacional do Júri, no Festival de Cinema Independente Sundance e representará o Chile nos prêmios Oscar e Goya.
Retorna ao concurso, desta vez em solitário, o uruguaio Pablo Stoll com 3, uma comédia familiar que em primeiro lugar se encarrega do egoísmo. Segundo explica seu diretor: "no sentido de que são três os personagens que pensam muito neles mesmos e, de repente, colocam seus desejos por diante dos desejos e conveniências dos outros".
Stoll estreou, em codireção com Juan Pablo Rebella, 25 Watts (2001) premiada com o Tiger Award, em Roterdão e o Coral, à obra-prima, no Festival de Cinema de Havana, e seu segundo filme, Whisky, foi escolhido para Un Certain Regard, na edição de 2004, do Festival de Cannes, onde obteve o prêmio Fipresci, também vencedor em Havana, e levou o Goya ao melhor filme latino-americano.
Depois de Lucía, do mexicano Michel Franco, obteve, neste ano, o prêmio ao Melhor Longa-metragem, em Un Certain Regard, em Cannes, seção que premia cineastas novos e emergentes; menção especial no ciclo "Horizontes Latinos", no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, e foi selecionado pela Academia Mexicana das Artes e Ciências Cinematográficas para conseguir uma indicação para os Prêmios Óscar e os Prêmios Goya, nas categorias Melhor Filme em Língua Estrangeira e Melhor Filme Ibero-Americano.
Este filme adentra num dos problemas que mais parece ter-se acentuado nesta última década: o acosso ou "bullying". Conta a história de Alejandra, uma adolescente que se muda à capital do México com seu pai, que se encontra sumido numa depressão, após enviuvar. Em sua nova residência, a jovem lida em silêncio com o acosso.
Retorna Carlos Sorin, com suas Historias mínimas e como em La película del rey, vencedor do Leão de Prata, na Veneza, em 1986 e em Havana, retornou à paisagem desértica e desolada da Patagônia.
Trata-se de Días de pesca, com o qual já ostenta o prêmio Signis, do último Festival de San Sebastián, e onde aborda "a viagem interior dum ex-viciado ao álcool, que luta por recuperar sua vida e suas querências".
O brasileiro Cláudio Assis foi conhecido com Amarelo Manga, em 2002. Agora, concorre com um filme a preto e branco, Febre do rato. "O título refere-se a uma expressão popular típica da cidade de Recife que se usa quando alguém está fora de controle, enlouquecido. E é esse o nome que Zizo, um poeta inconformado e de atitude anarquista, dá a um pequeno tablóide, que publica de maneira independente".
Febre do rato triunfou no festival brasileiro de Paulina: Melhor Filme de Ficção, Melhor Ator, Melhor Atriz, Melhor Fotografia, Melhor Montagem, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora.
Na competição argentina do 14° Festival Internacional de Cinema Independente (BAFICI) de Buenos Aires, Luis Ortega foi o melhor diretor por seu experimental Dromómanos, com o qual, de acordo aos críticos de seu país, "retorna ao espírito mais livre, despejado e poético de seu bem-sucedida estreia", Caja negra (2002).
Que premiará o júri? Difícil predição. Pelo menos saber que entre estes nove títulos há um tremendo filme concorrendo pelo prêmio Coral. 
 
Publicado no jornal Granma em 7/12/2012

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