domingo, 9 de dezembro de 2012

Santiago de Cuba, um mês depois de Sandy



Por Eduardo Palomares Calderón
O terrível pesadelo vivido entre a meia-noite e as 4 horas da madrugada, da quinta-feira 25 de outubro, transformou a província toda de Santiago de Cuba, pois foram afetadas ou destruídas 171 mil moradias, mais de 90% das árvores tiveram prejuízos e com isso, sobreveio o colapso do serviço elétrico, a telefonia e a rede de comércios.
Enquanto a fúria dos ventos desgarrava a Cidade Heróica e dolorosamente cobrava vidas humanas, no mesmo horário nasciam cinco crianças, incluindo uma delas à que sua mãe, Idalmis Hechavarría, deu o nome de Sandy.
Os graves danos causados pelo furacão tiveram como resposta a imediata mobilização do apoio oferecido por Cuba toda para a recuperação.
Naquilo que um oficial das Forças Armadas chamou de "a solidária invasão do Ocidente para o Oriente", imediatamente chegaram a Santiago milhares de eletricitários e pessoal do setor da telefonia, trabalhadores da construção, da agricultura, enquanto que os soldados do Exército Oriental abriram passagem pelas diferentes entradas da capital dessa província.
Numa cidade que, anualmente, gera 1,5 milhão de metros cúbicos de residuos sólidos, em pouco mais de quatro semanas foram recolhidos cerca de cinco milhões de escombros e resíduos florestais, mediante caminhões, carregadores, gruas, alçadoras, motoserras e outros meios chegados de nove províncias.
Os incansáveis homens e mulheres dos serviços comunais agora percorrem os bairros, procurando qualquer resíduo, no fomento de viveiros, na reabilitação dos jardins das praças e avenidas, e na poda sanitária das árvores que merecem esmerada atenção.
Tudo isso reflete o retorno paulatino à cotidianidade numa cidade de quase meio milhão de habitantes, com suas ruas onde marcam presença os uniformes escolares, a instalação de novas sinaleiras, os cartazes e sinais informativos, o transitar pelas avenidas dos ônibus Yutong atrelados e, particularmente, o reatamento da vida noturna.
Exemplo disso era a presença em massa de crianças e adultos nas sorveterias La Arboleda e El Jardín de las Enramadas, ademais dos milhares de jovens que reuniu o dueto Buena Fe, num concerto no antigo quartel Moncada e a presença dos moradores, nos lugares mais afetados, que vieram desfrutar da atuação das brigadas artísticas locais que oferecem espetáculos.
Nos últimos dias, enquanto o time de beisbol começa os jogos do campeonato nacional, enfrentando o da Isla de la Juventud, no recuperado estádio Guillermón Moncada; se anuncia a atuação pública de Manolito Simonet y su trabuco, e depois virão
Adalberto Álvarez y su son, a orquestra Van Van de Juan Formell e a maravilhosa Colmenita de Alberto Cremata.
Neste retorno à vida, Santiago de Cuba despediu-se, no polígono do quartel Moncada e na sua passagem pelas ruas, de boa parte dos quase três mil trabalhadores da União Elétrica que, desde o próprio dia 25, compartilharam os riscos, para devolver a luz a mais de 322.870 lares e milhares de centros econômicos e de serviços.
Assim, praticamente conclui a recuperação das primeiras urgências, que em jornadas seguintes se complementará com a solução das avarias nos serviços telefônicos, ainda pendentes, a atenção com a maior organização, sensibilidade e amor das pessoas cujas moradias foram afetadas, a recuperação das instalações deterioradas e o impulso à produção de alimentos.
SANTIAGO CONTINUARÁ SENDO SANTIAGO
"A meus irmãos de Santiago peço para se protegerem. O furacão vem diretamente para Santiago, o golpe vai ser tremendo, protejam-se nas casas e instalações mais resistentes, nesta hora a vida de todos é o mais importante... ".
Dessa forma falou aos moradores da cidade, através da rádio e a televisão, na noite de 24 de outubro, o presidente do Conselho de Defesa Provincial, Lázaro Expósito Canto. Passados 30 dias, Canto aceita conversar com o jornal Granma.
"Com a mesma fúria com que nos afetou o furacão, chegou imediatamente depois um furacão de eletricitários, um furacão de construtores, um furacão de povo, um furacão de Revolução.
"Sob a direção de Raúl e da Revolução se implementaram ações com muita força, trabalhou-se intensamente para resolver as primeiras prioridades que o presidente definiu, como foram a eletricidade, a limpeza da cidade, restituir o serviço de água e isso, basicamente, está feito.
"Restam coisas por resolver nos próximos dias mas, na essência, as prioridades estão solucionadas, e tudo isso se fez com rapidez, com fé e com muita solidariedade, daí o agradecimento eterno às Forças Armadas, que tanto carinho mereceram deste povo. Também aos companheiros do Ministério da Construção, aos eletricitários e telefônicos, a todas as províncias que solidariamente estiveram aqui e à Direção da Revolução, liderando todas as ações.
"Agora, retomamos uma etapa nova, é preciso recuperar a vida cotidiana dos moradores de Santiago e continuar avançando, consolidar o trabalho para chegar ao fim do ano com resultados concretos, como nos comprometemos, para comemorar o 60º aniversário do ataque aos quartéis Moncada e Carlos Manuel de Céspedes, e como nos pediu Raúl.//--
"Faremos uma cidade mais bela, mais consolidada e solidária, pois isto não apenas serviu para testar nossa força material, mas também para fortalecer a unidade em torno do Partido e a liderança da Revolução. Como expressou sabiamente o general-de-exército Raúl Castro, Santiago continuará sendo Santiago".
 Publicado no jornal Granma em 6/12/2012

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