terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A VIDA NÃO PODE ESPERAR

(*) Rinaldo Barros Temos hoje cerca de sete bilhões de almas no planeta Terra. A previsão é que em 2050 existam 9,4 bilhões de pessoas nesse nosso lindo Globo azul. No patropi, já somos cerca de 190 milhões e a previsão é que em 2050 esse número possa chegar a 260 milhões. A maior parte dessas pessoas viverá nas grandes cidades e metrópoles. Isso significa lidar com situações complexas como mobilidade urbana, sistemas sanitários deficientes, aglomerações em áreas de risco, entre muitas outras problemáticas. Historicamente, diferentes modelos têm norteado a ocupação dos espaços urbanos. Diversos autores descreveram a cidade como uma aglomeração densa, insalubre, produtora de grandes problemas constituindo-se no que se compreende como “monstro urbano”. A ciência contribuiu para modificar esta caracterização, figurando como fundamento do desenvolvimento das urbes. Nesse sentido, ciência e técnica apresentam-se como instrumentos para buscar soluções para os problemas nas cidades. A organização do espaço urbano para solucionar questões relacionadas ao tráfego, ocupação, eficiência e conforto, tem sido o principal alvo dos estudos. Desses trabalhos, surgiu o conceito de “cidades sustentáveis” ou “cidades inteligentes”, aquelas que adotam práticas eficientes voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população, desenvolvimento econômico e preservação do meio ambiente. Esses ambientes ofertam equipamentos urbanos e comunitários, transporte e serviços públicos adequados, utilizam recursos de forma eficiente, entre outros, de forma a não comprometer o meio ambiente. Por sua vez, a adequada gestão e a preservação dos recursos hídricos estão na pauta de todas as discussões atuais sobre o futuro do planeta. A água é um recurso necessário à vida em todas as suas manifestações, mas o seu mau uso, desperdício ou aproveitamento inadequado compromete o futuro da vida no planeta. A boa notícia é que a ciência já pode ajudar na construção de um modelo de gestão que permita conciliar a preservação dos recursos hídricos com as pressões advindas do aumento populacional, da concentração urbana e do desenvolvimento econômico. Um dos caminhos possíveis é o desenvolvimento de novas tecnologias de manejo (a serem adotados nos planejamentos urbanísticos), que contribuam para a redução do impacto da urbanização por meio do tratamento dos esgotos, redução de perdas e reuso da água nos sistemas de abastecimento. Além disso, é preciso investir em tecnologias alternativas e sustentáveis que ajudem no combate à escassez da água, como o aproveitamento de águas da chuva (todo telhado deve ser um coletor d’água), por exemplo. Essa concepção “técnica” das questões urbanas, todavia, não se tornará real sem um avanço semelhante na esfera política, na democratização dos espaços e das relações sociais, a par do enfrentamento – na prática – da crise de valores em que estamos atolados. Para legitimar essa afirmação, valho-me do ensaio “A sociedade dos iguais” (Edições Manantial) do francês Pierre Rosanvallon (catedrático de história de política moderna e contemporânea no Collége de France e diretor da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais), o qual está sendo considerado pela crítica como o mais profundo sobre o tema. O professor Pierre traça a história das políticas em favor da igualdade que marcaram os séculos XIX e XX, respondendo à crise contemporânea marcada por uma perigosa dualidade: o avanço da democracia política, por um lado, e de outro, a lenta desaparição do laço social que, segundo Rosanvallon, alimentaria as sociedades democráticas. O autor esmiúça as teorias da Justiça promovidas por autores como John Rawls e seu ideal: a igualdade de possibilidades e sua aliada principal, a meritocracia. Rosanvallon destaca ainda que, entre a revolução conservadora de Margaret Thatcher e Ronald Reagan e a posterior queda da União Soviética, surgiu um “novo capitalismo” que mudou a face da História. Esse “novo capitalismo” destroçou a capacidade dos seres humanos viverem e construírem juntos, como iguais, um futuro sustentável; atualmente somos apenas consumidores contemporâneos. Por fim, o autor moderniza o termo Igualdade, entendida não mais como uma questão de distribuição das riquezas, mas, isso sim, como uma Filosofia da relação social. É, sem dúvida, um grito avisando que a vida não pode esperar! (*) Rinaldo Barros é professor – rb@opiniaopolitica.com.br -- O SITE AGORA OFERECE CURSOS 24 HORAS, COM CERTIFICADO. ATUALIZE SEUS CONHECIMENTOS http://opiniaopolitica.com/

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