A MUDANÇA DOS TEMPOS E A
MORTE
DOS HERÓIS
Por Flávio Rezende*
É inexorável
a marcha do tempo. Se o big bang é “vero” como costumávamos nominar a verdade
nos anos 80, estamos todos em processo de expansão e, neste ir, neste seguir,
neste avançar, tudo muda, como afirmou Heráclito em tempos pretéritos.
Portugal
e Espanha já mandaram e desmandaram com suas frotas buscando novas rotas e
descobrindo novas terras. Roma já teve seu apogeu, Gêngis Khan ditou as regras colocando
sua Mongólia no pódio, enquanto hoje presenciamos os Estados Unidos da América
no centro das decisões políticas no planeta azul.
Além
de países e de personagens, os problemas também vão mudando, vão passando, vão
se metamorfoseando. Como uma pessoa otimista em quase todas as situações
vividas, acredito que hoje estamos bem melhor na fita que tempos atrás.
Coloco
na exemplificação da minha exposição, a questão da escravatura. Assistindo ao
filme Lincoln, percebemos o quanto era difícil para as pessoas daquele tempo
dar liberdade a seres absolutamente iguais. Apesar de ainda existirem alguns
preconceituosos e carcereiros humanos, isso é inadmissível nos tempos atuais
para a grande maioria da população. Evoluímos e os antigos heróis
abolicionistas já não existem mais, para nossa alegria, é claro.
E
assim, com o passar dos tempos, vamos enterrando com honras e glórias vários
tipos de heróis que doaram suas vidas para que determinados problemas pudessem
chegar a um fim, mesmo que ainda resistam resquícios, restos, que tendem a
sumir na expansão inevitável da nossa viagem cósmica pelo universo.
E
assim, nossos filhos, netos ou alguns mais adiante, poderão reverenciar heróis
ambientalistas, pois vão habitar um planeta que conseguiu finalmente respeitar
seus limites, que encontrou a solução para as poluições, para a questão do
esgoto, limparam os oceanos e deixaram os animais viverem suas próprias
existências sem matanças e extermínios.
Vamos
no futuro ouvir falar de todos àqueles que lutaram pelas liberdades
democráticas, que doaram suas vidas para que pudéssemos ter um sistema político
limpo, correto, que distribui renda levando em conta a força produtiva de cada
um e, ao mesmo tempo, sendo humanista em sua essência, não incentivando a
preguiça, mas não dando as costas para os menos privilegiados na corrida por
empregos, bens públicos e produtos de consumo geral. Esses heróis serão
lembrados com carinho.
Estamos
aos poucos enterrando nossos heróis que desaparecem junto a causas que só
queremos ver nos livros de história. A preservação da memória de todos que
estão deixando como legado um planeta limpo de escravatura, de crimes de
guerra, genocídios, preconceitos, de caça as bruxas, inquisições, torturas,
cárceres privados, doenças, poluições, é um dever de todos nós.
O
currículo escolar muda com o decorrer do tempo. Sugiro que incluam uma
disciplina chamada: heróis. Precisamos sentir aquela alegria, aquela emoção,
ter referência, exemplificação e aprender, com seres como Jesus Cristo, Gandhi,
Mandela, Sai Baba, Luther King, Lincoln, São Francisco, Leonardo da Vinci e
tantos outros que, ao saírem da zona de conforto onde está a grande maioria, em
todos os tempos, puderam legar para todos nós, um lar mais tranquilo, menos
problemático, lembrando que ainda continuamos precisando de heróis, para os
novos desafios, os novos obstáculos, até que um dia, quem sabe, as profecias de
um “Novo Aeon”, uma “Nova Era”, possam realmente ocorrer e, a nossa raça passe
a existir honrando o nome que tanto amamos o de sermos seres: humanos.
· * É escritor, jornalista e ativista social em
Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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