terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

POESIA DE CIRO JOSÉ TAVARES PARA PEDRO SIMÕES (in memorian)



    
                  BALADA, ADÁGIO,  UMA PALAVRA: ADEUS
                                         Ciro José Tavares

            Aqui, Pedro, as horas avançam lentamente.
            Enquanto eclipsados aguardamos teu sinal vindo do espaço,
            a bruma do rio  eleva-se à copa das árvores,
            penetra fria nas paredes e adormece nos telhados.
            Aqui, Pedro, os sons continuam arrebatadores.
            Enquanto crianças despertam sob sonatas de Bach,
            Maria ensaia uma suave canção,
            cujas palavras serão ouvidas apenas por ti e mais ninguém.
            Aqui, Pedro, as cores seguem nublando nosso olhar.
            Enquanto abaixo do Cristo Sobre o Oceano, de Dalí,
            a esposa bem amada, desfeita em sonhos,
 Andrômaca vendo o copo inerte de Heitor na poeira troiana.
Aqui, Pedro, o doloroso silêncio acontece de repente.
Enquanto tempestade de estrelas cadentes esperamos,
a frágil e doce irmã está debruçada na saudade,
misturando lágrimas de sangue  ao orvalho claro das manhãs.
Aqui, Pedro, somos tão somente suplicantes dos mistérios,
enquanto refletimos na certeza do nosso no reencontro,
um dia, do outro lado das estrelas.


           
           

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