Ciro José Tavares
Aqui,
Pedro, as horas avançam lentamente.
Enquanto
eclipsados aguardamos teu sinal vindo do espaço,
a bruma
do rio eleva-se à copa das árvores,
penetra
fria nas paredes e adormece nos telhados.
Aqui,
Pedro, os sons continuam arrebatadores.
Enquanto
crianças despertam sob sonatas de Bach,
Maria
ensaia uma suave canção,
cujas
palavras serão ouvidas apenas por ti e mais ninguém.
Aqui, Pedro,
as cores seguem nublando nosso olhar.
Enquanto
abaixo do Cristo Sobre o Oceano, de Dalí,
a esposa
bem amada, desfeita em sonhos,
Andrômaca vendo o copo inerte de Heitor na
poeira troiana.
Aqui, Pedro, o doloroso
silêncio acontece de repente.
Enquanto tempestade de
estrelas cadentes esperamos,
a frágil e doce irmã está
debruçada na saudade,
misturando lágrimas de
sangue ao orvalho claro das manhãs.
Aqui, Pedro, somos tão
somente suplicantes dos mistérios,
enquanto refletimos na
certeza do nosso no reencontro,
um dia, do outro lado das
estrelas.
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