"Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão..."
Chico
Buarque
Excelentíssima
Senhora FÁTIMA BEZERRA
Senadora do Rio Grande do Norte
Proclama-se aos ventos que "o sonho acabou". São
os apressados: aqueles que comem cru porque não sabem administrar o tempo. Já
dizia um dos fundadores do PT no Estado, o poeta e escritor JOÃO RÉGIS CORTEZ
DE LIMA: “No tempo não havia horas, porquanto é uma porta aberta para
eternidade”.
E Vossa Excelência sabe muito bem, agora que foi eleita pelo
povo potiguar a sua representante no Senado, quanto é difícil o caminho. Muitos
desistiram, outros ficaram na estrada e poucos chegaram ao topo da
montanha. Relembro alguns fatos para evitar o esquecimento:
1979 – abril. Começo do fim da Ditadura Militar. Explode a
primeira greve do Magistério Potiguar. À frente da Associação dos Professores
estava a professora IRACEMA BRANDÃO, que pertencia a velha guarda e não
conhecia os novos métodos de luta sindical: GREVE. O Estatuto do Funcionalismo
Público não permitia essa modalidade de luta. A greve continuou e se não teve
ganhos materiais, teve imensos ganhos políticos: possibilitou a organização dos
funcionários públicos, especialmente dos trabalhadores da Educação, que
resultou no atual SINTE. Acompanhei tudo de perto porque fazia parte do Comando
de Greve. Também estiveram nessa luta os Professores Vicente Barbosa, Egídio,
Iara, Miudinho, Joaquim Gaspar (região do Serídó), José Antenor de Azevedo,
Sara Lordão (in memoriam), Nalba Dantas, Erineide Lopes, seu Rodrigues, entre
outros.
Foram mediadores entre o Governo e o Magistério os advogados
Varela Barca e Hélio Galvão. Depois a Comissão Justiça e Paz ligada à Igreja
Católica.
Veio o processo eleitoral e apresentamos uma chapa que foi
derrotada pelo professor Manoel Lucena candidato oficial do Governo. Contudo,
ganhamos experiência e na eleição seguinte o professor JOSÉ ANTENOR DE AZEVEDO
foi eleito e passou a sofrer uma oposição ferrenha dos professores. Na eleição seguinte vocês ganharam. As lutas
travadas desde então foram muitas até chegarmos ao atual piso para o
magistério, que representa um avanço para a categoria, mas precisa ser
complementado por outras medidas: Escola de tempo Integral, bem equipadas, e
pessoal motivado. Se o Brasil tivesse adotado esse modelo idealizado pelo
professor DARCI RIBEIRO, a situação seria outra e nós teríamos ultrapassado a
Coreia do Sul em todos os índices.
1989 - Desde então partimos para outras lutas: fui assessor
do Instituto de Terras – ITERN (1989) onde participei da Comissão Central
dirigida por Angel Gabriel Vivalle cidadão chileno que foi Ministro da Reforma
Agrária do governo de Salvador Allende. Essa equipe elaborava os projetos de Reforma Agrária
(fazenda Hipólito, em Mossoró foi o primeiro a ser posto em prática na Nova
República).
1990 – Estive na Secretaria de Governo e na Fundação da
Gestão Pública Integrada assessorando a professora Marlusia Saldanha que tentou
por em prática o sonho de uma Gestão Pública Integrada.
1991-1993 – Estive na Fundação Hélio Galvão oportunidade em
que idealizei e coordenei o curso LITERATURA POTIGUAR: UMA VISÃO
SINCRÔNICA, destinado aos professores da
rede pública.
1993 – Fui convocado pelo Poder Judiciário para organizar a
sua memória. Dediquei 10 anos da minha vida a esse projeto, que resultou no
Memorial Desembargador Vicente de Lemos: estão organizados os Acervos
(fotográficos, bibliográficos, documental, utencilial, idumentarial,etc).
Escrevi dois livros sobre esse assunto: História do Poder Judiciário do RN e
Ministros Potiguares.
2006 – Junto com outros intelectuais (Anna Maria Cascudo,
Manoel Onofre, Livio Oliveira, Racine Santos, Pedro Vicente, Carlos Gomes, Nelson Patriota) ajudei a
organizar a União Brasileira de
Escritores – UBE/RN, sendo eleito por três mandatos (2008-2009, 2010-2011 e
2012-2013) a presidência.
2015 –Retornei à Secretaria de Estado da Educação no dia 09
de Setembro estando lotado na Coordenadoria do Livro – CODESE. Na volta fui bem
recebido, porém uma surpresa desagradável: não recebi o meu salário do mês de Setembro e o de outubro fui
informado que também não receberei porque tem um trâmite burocrático a ser
seguido (isso é UM ABSURDO.SALÁRIO É ALIMENTO e só o Poder Judiciário pode
sustar). Não sou iniciante no serviço público e sim fim de carreira.
Pesa sobre os meus
ombros a guarda de três netas, sendo duas do meu filho FAUSTO GOSSON que morreu
por overdose de cocaína aos 28 anos de idade, deixando-me em profunda solidão.
Também sou portador do Mal de Parkinson
há dez anos, tomando remédios caríssimos. Como o Estado não garante nada neste
país, estou gastando em torno de R$ 1.500,00 com remédios. São medicamentos de
uso contínuo. Sem eles não consigo andar.
Por fim, rogo a Vossa Excelência que interfira politicamente
junto ao Governador para resolver essa questão uma vez que estou exaurido
fisicamente pela doença. Continuo acreditando que o sonho não acabou e que os
nossos inimigos não estão no poder.
Cordialmente,
EDUARDO GOSSON
E-MAIL:
eduardogosson115@gmail.com
Tel:
9-8782-3660
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