Exposição no Museu da Língua Portuguesa leva o público a
embarcar na viagem pelo universo de Luís da
Câmara Cascudo, da infância entre livros à construção de sua “Babilônia”
Exposição inédita e interativa sobre o universo do etnógrafo
e escritor, maior estudioso da cultura popular brasileira, será aberta dia 20
de outubro de 2015 e segue até 14 de fevereiro de 2016, sendo uma das mais
extensas já realizadas no Centro Cultural localizado na Estação da Luz
Imagine se a “Babilônia” de Câmara Cascudo, a vasta
biblioteca pessoal do maior estudioso da cultura popular brasileira, se
transformasse em um labirinto mágico e colorido, de mais de 15 mil livros de
verdade, milimetricamente encaixados um a um. Ao entrar nele, de repente,
escutamos aquela voz peculiar dizer: “Ninguém está sozinho quando pensa”...Surpresa!
você tem companhia... Logo viajamos no tempo para conhecer um menino especial,
que viveu entre livros e se alimentou das coisas do mundo através da leitura —
sua grande paixão. E o casarão da velha avenida Junqueira Aires, lá de Natal,
onde o Mestre Cascudo passou toda sua vida, surge diante de nós, numa viagem
onírica através das paredes rabiscadas pelos ilustres amigos, da máquina de
escrever que tecla sozinha, das histórias rascunhadas, fotografias e até a rede
de dormir...então somos tentados a abrir as gavetas e reconhecer cada objeto,
cada imagem e textura, nos dando conta de que fazemos parte deste universo
chamado Cascudo.
Entre sons, imagens, cheiros e memórias, tecnologia e muita
interatividade, as novas gerações vão ser apresentadas ao homem que traduziu a
memória coletiva do povo brasileiro, o etnógrafo, pesquisador, folclorista e
escritor norte-rio-grandense Luís da Câmara Cascudo, o autor de mais de 150
livros dentre eles “Dicionário do Folclore
Brasileiro” e “História da Alimentação no Brasil”.
Batizada de “O Tempo e Eu e Vc”, a exposição inédita no
Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, cidade de São Paulo, terá
abertura próxima segunda-feira (19 de outubro), para convidados, com visitação
para o público a partir do dia 20, seguindo até 14 de fevereiro de 2016. Serão
quatro meses de exibição, com previsão de receber 100 mil visitantes.
O MENINO E O HOMEM, DA BIBLIOTECA E DA VARANDA
Se a infância foi sentida como em um labirinto de livros a
alimentar a imaginação e o saber do menino, a juventude e a fase adulta são uma
viagem real pela cultura brasileira. O cenário parte das referências
autobiográficas vividas pelo próprio Cascudo e presentes em suas obras, da
lembrança dos familiares e sobretudo do trabalho biográfico de muitos
pesquisadores de Cascudo.
“Buscamos levar essa imagem real de Cascudo. São livros
verdadeiros resgatados de sebos e indústrias de reciclagem que ganharam novo
uso na exposição e em sua itinerância pelo Brasil”, disse o curador da mostra
Gustavo Wanderley, diretor da Casa da Ribeira São Paulo. “A sensação desejada é
que os públicos tenham a de uma biblioteca labirinto”.
A vida de Cascudo será contada quadro a quadro, como a da
velha estante. Mas não uma prateleira comum. E sim uma estrutura gigante com
10,60m de largura, 4m de altura, onde estão expostos objetos que representam a
linha do tempo de Câmara Cascudo: a passagem dos anos em que viveu e a obra
literária que construiu, com objetos que refletem também as coleções do autor:
etnografia indígena, etnografia africana, cultura popular brasileira, cultura
popular estrangeira, alfaias, arte sacra e ainda objetos pessoais.
“Tiramos como
referência a própria biblioteca de Cascudo, que a chamava de sua “Babilônia”. A
proposta foi construir essa estante com objetos e livros, que somados,
identificam o autor e sua vida: o Cascudo Boêmio, o Cascudo Devoto, e o Cascudo
Homem Dicionário estão representados”, detalhou o curador. A estrutura da
estante deve contribuir com a leitura de períodos cronológicos distintos dentro
das décadas que o Cascudo viveu (1898 a 1986), de forma que um olho mais
aguçado possa identificar elementos de designer que marcaram épocas.
DANÇA: BASTA UM TOQUE PARA BAMBOLEAR
Sim, o Brasil é uma festa. Aliás, muitas: tem o carnaval, o
São João, o ciclo natalino, com todas as duas danças e canções que viajaram no
tempo através da oralidade do povo. Na dança, basta entrar para dançar. “A
estrutura foi construída para fazer os corpos dos visitantes bambolearem. As
paredes projetam imagens muito coloridas que nos colocam no meio de uma festa
carnavalesca, por exemplo. O piso acolchoado provocará a sensação de
instabilidade do corpo e a música vai se encarregar do resto”, detalha o
curador.
E vamos cada vez mais conhecendo o Brasil estudado por
Cascudo, com suas citações e pensamentos geniais. “A partir dos pontos de luz –
backlights – vamos apresentar as frases marcantes do autor, como “O melhor do
Brasil ainda é o brasileiro”; “Ninguém está sozinho quando”; O Brasil não tem
problemas, só soluções adiadas”; entre muitas outras.
O GESTO, O SONHO E A VOZ
Existem muitas maneiras de se contar uma história, narrar
fatos e descrever tempos guardados na memória. A comunicação imemorial
fortalecida pela cultura popular, foco de estudos do Cascudo etnógrafo, será
traduzida aqui. Os fantoches, mamulengos, bonecos e joão-redondos serão os
mestres protagonistas das narrativas orais da mostra. “Será um teatro de
bonecos gigantes e mecânicos com som e movimento; imagem e iluminação em
rotação”, explica Wanderley. Também serão apresentadas as lendas e mitos como o
Lobisomem com 1.80 m, a Mula sem cabeça com 2,40 m de largura, O Saci, o boto e
ainda tvs que registram a história da origem de gestos, como o estirar língua,
o aperto de mãos, o abraçar…, tudo também disponível na linguagem brasileira de
libras.
FÉ e SUPERTIÇÃO
Aqui é onde teremos a
apresentação da fé do povo brasileiro. Um povo que ao mesmo tempo é religioso e
supersticioso. Nessa parte serão apresentadas 1100 imagens variadas que
representam a devoção de algumas das principais religiões brasileiras,
reunidas. Em um piso de espelhos, vamos passear por 1,5 tonelada de sal grosso,
54 relógios que representam as “Horas Abertas”, mais de 300 ex-votos e 80 kg de
alfazema. Se você tem medo de passar por debaixo de uma escada, então aqui é
lugar para entender por que isso ocorre. Cascudo também explica o respeito pelo
gato preto, a ferradura, entre outros objetos do nosso imaginário místico.
ALIMENTAÇÃO: TODO TRABALHO DO HOMEM É PARA SUA BOCA
Aqui chegamos a cozinha de Cascudo. Tem colheres de pau,
panelas de barro, sacas de cereais, descanso de pratos, todos os elementos da
cozinha tradicional brasileira. Será possível entender os conceitos da
substituição e da incorporação de novos alimentos ao longo da história do
Brasil, sem antes conhecer a ementa portuguesa, a dieta africana e o cardápio
indígena, aquilo que Cascudo chamava de “infância” alimentar do Brasil. Os
mercados serão transportados para dentro da mostra simbolizando as feiras, com seus
barulhos e cheiros.
“Essa é a primeira exposição além paredes. No módulo da
alimentação, especialmente, a gastronomia vai ganhar as ruas em debates e
festivais gastronômicos pela cidade. Contaremos com a participação do C5 –
Centro de cultura culinária Câmara Cascudo”, comentou o curador.
REALIZADORES E PARCEIROS
“O Tempo e eu (e vc)”
é uma realização da Casa da Ribeira São Paulo e Ludovicus - Instituto Câmara
Cascudo. Apresentam a mostra, o Ministério da Cultura, o Governo do Estado de
São Paulo e o Grupo Marquise. O patrocínio master é da Petrobras. Ainda
patrocinam a exposição o Grupo 3 Corações. O módulo que retrata a Dança terá
investimento do grupo O Boticário. A mostra recebe apoio da Global Editora e C5
– Centro de Cultura Culinária Câmara Cascudo.
O projeto é beneficiado pela Lei Rouanet de incentivo à Cultura.
Mostra "O Tempo e Eu e Vc – Câmara Cascudo no Museu da
Língua Portuguesa"
De 20 de outubro de 2015 a 14 de fevereiro de 2016
Abertura para convidados: Dia 19 de outubro
Museu da Língua Portuguesa- Estação da Luz
Praça da Luz, S/N - Centro, São Paulo - SP
Contato com a Curadoria
Gustavo Wanderley - gustavowanderley@uol.com.br | 11 97193
7190
Produção e coordenação expográfica
Edson Silva zedy@uol.com.br | 11 96615-4498
Assessoria de imprensa no RN
FatoNovo Assessoria de Comunicação -
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99974-3839 | 2010-0517 (Dionisio Outeda)
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